Com seu cronograma vinculado aos processos de Planejamento Estratégico, Tático e Orçamentário da Previ, as Políticas de Investimento norteiam a gestão dos ativos dos planos de benefícios e apontam a forma como a Entidade trabalhará para atingir seus objetivos de investimentos nos próximos sete anos. Sempre considerando a tríade retorno/risco/liquidez, as Políticas são desenhadas de acordo com análises do panorama macroeconômico, a observação de oportunidades de ganhos por meio de investimentos em setores específicos e as necessidades estratégicas de cada um dos planos de benefícios. Paralelamente ao planejamento para o período entre 2019 e 2025, foi realizado um acompanhamento da execução das diretrizes e parâmetros definidos para 2018, de modo a garantir a eficácia das Políticas e sua aderência aos objetivos estratégicos da Entidade. Como um dos elementos definidores das práticas de governança da Previ, permaneceu a segregação de funções: a área que planeja as Políticas (Diretoria de Planejamento) não participa de sua execução (a cargo da Diretoria de Investimentos).
O cenário econômico e as decisões da Previ em 2018
As previsões de uma retomada mais expressiva do crescimento econômico em 2018 não se concretizaram por completo. Enquanto o Ministério do Planejamento projetava, ao fim de 2017, um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de até 3,0%, o resultado final ficou em 1,3% – cifra que confirmou a tendência de recuperação após uma longa recessão, embora em ritmo ainda lento. No cenário externo, a partir do segundo semestre a instabilidade também se intensificou com as disputas comerciais entre Estados Unidos e China e o aprofundamento das crises econômicas na Turquia e na Argentina.
A persistência da instabilidade no cenário político, a paralisação da agenda de reformas e ajustes (incluindo a reforma da Previdência) e a greve nacional dos caminhoneiros, deflagrada em maio, impactaram negativamente a atividade em quase todos os segmentos da economia nacional. A inflação ficou abaixo do centro da meta estipulada pelo governo. A taxa básica de juros (Selic) atingiu seu mais baixo nível histórico, 6,5%, em março, percentual que foi mantido até o fim do ano.
O clima mais otimista do começo do ano proporcionou um bom nível de rentabilidade dos títulos públicos de renda fixa e reduziu o ritmo de novas aquisições. No período pós-greve dos caminhoneiros, uma elevação nas taxas dos títulos tornou as aplicações mais atrativas e a Previ aproveitou a oportunidade, chegando a adquirir cerca de R$ 5 bilhões em papéis de prazo mais longo, notadamente as NTN-B (indexadas ao IPCA), em estratégia coerente com a avaliação do equilíbrio entre ativo e passivo (ALM - Asset Liability Management) no Plano 1 e no Previ Futuro. Com as taxas em tendência de queda nos últimos meses de 2018, foi possível capturar uma boa rentabilidade.
Marcado por forte volatilidade durante todo o período, o segmento de renda variável também iniciou o ano sob perspectiva positiva, mas passou por quedas expressivas de valorização até setembro. O impacto negativo da paralisação dos caminhoneiros foi forte, o que inspirou cautela no cumprimento da estratégia de desinvestimento planejada para o Plano 1. A partir do terceiro trimestre, com a definição do panorama eleitoral, houve boa recuperação nos índices da Bolsa de Valores, o que permitiu acelerar o ritmo de vendas. Ainda foram feitas compras, em volume pequeno, para aumentar a diversificação da carteira em geral e ampliar a exposição do Previ Futuro no segmento.
Nos demais segmentos, nos quais a Previ tem posições proporcionalmente menores do que em renda fixa e renda variável, o ano foi positivo, de modo geral. Ainda sob os efeitos da forte crise que vem marcando o setor nos últimos anos, a carteira de ativos imobiliários obteve rentabilidade favorável, mas não atingiu o benchmark proposto pelas Políticas de Investimentos (INPC + 8%). Já os investimentos estruturados repetiram o bom desempenho de 2017 e obtiveram a maior rentabilidade de toda a carteira da Entidade. O resultado se deve ao amadurecimento natural dos ativos investidos, que recuperaram com folga as perdas anotadas em 2015. A valorização de mais de 16% acumulada pelo dólar frente ao real impulsionou os ganhos das aplicações no exterior, também um pouco abaixo da meta proposta (MSCI World Index + variação cambial).
Rentabilidade total dos investimentos em 2018
Políticas de Investimentos 2019-2025
Como em todos os anos, as Políticas de Investimentos foram revistas e atualizadas para o próximo período de sete anos. Em 2018, foram definidas as Políticas para o período entre 2019 e 2025. Cada um dos planos da Previ (Plano 1, Previ Futuro, Capec e o Plano de Gestão Administrativa) conta com a própria Política, que é elaborada tendo em vista, acima de tudo, a Missão da Entidade – “Garantir o pagamento de benefícios a todos nós associados, de forma eficiente, segura e sustentável” – e as diretrizes específicas determinadas pela situação de cada plano.
As Políticas são construídas a partir da análise de quatro cenários econômicos distintos (base, otimista, pessimista e de estresse), cada qual com desafios a serem superados e oportunidades de investimento que podem ser aproveitadas. Sua formulação é vinculada ao Planejamento Estratégico e Tático da Previ, o que fortalece a governança e a busca pela perenidade da Entidade.
Em junho, a Previ realizou, em conjunto com Petros, Funcef e Valia, o Seminário de Políticas de Investimentos. O evento debateu as estratégias e desafios que as entidades fechadas de previdência complementar têm na formulação das políticas de investimentos e de estratégias de alocação de ativos. Depois do seminário, workshops reuniram diretores, conselheiros, gerentes executivos e analistas de diversas gerências.
Entre as referências consideradas no processo, constaram a Matriz de Atratividade Setorial (que analisa a diversificação setorial dos investimentos e contribui para a mitigação do risco de concentração), estudos sobre o equilíbrio entre passivos e ativos de cada plano (ALM) e documentos como o Guia de Melhores Práticas de ASGI em Investimentos e o Código Previ de Melhores Práticas de Governança Corporativa.
Mudanças aplicadas às Políticas em 2018
Em 2018, algumas mudanças relevantes alteraram o processo de construção das Políticas de Investimentos.
- Exigências da Resolução 4.661 do CMN: publicada em maio, a Resolução nº 4.661, que substitui e revoga e Resolução CMN 3.792/09, dispõe sobre as diretrizes de aplicação dos recursos garantidores dos planos administrados pelas entidades fechadas de previdência complementar e impactou diversas atividades ligadas ao planejamento dos investimentos. Novas exigências de maior detalhamento nos processos de investimentos e na segmentação dos ativos investidos levaram a Previ a formalizar uma Política de Governança de Investimentos, que documenta cada etapa da elaboração das Políticas de Investimentos e a responsabilidade de cada área interveniente no planejamento e na execução das Políticas. O documento foi aprovado pelo Conselho Deliberativo e deverá ser observado por todas as gerências envolvidas com os investimentos da Previ. A Resolução 4.661 também aumentou o nível de detalhamento em torno da análise e do controle de riscos, vetou a aplicação direta de entidades de previdência complementar em empreendimentos imobiliários e alterou as regras para investimentos em private equity. Todas essas alterações foram consideradas durante a formulação das Políticas de Investimentos 2019-2025.
- Introdução de “gatilhos”: os “gatilhos” são circunstâncias específicas que podem acontecer no cenário econômico e que vão “disparar” ações predeterminadas para evitar a exposição da Previ a riscos de mercado ou capturar oportunidades de investimento/desinvestimento. Esses “gatilhos”, que respeitam os parâmetros da Resolução 4.661, vão trazer mais agilidade na resposta a mudanças na conjuntura econômica, reduzir potenciais perdas e mitigar eventuais efeitos de volatilidades no cenário.
Em termos gerais, as Políticas do ciclo 2019-2025 não alteraram muito as alocações definidas para o período 2018-2024. Foram mantidas as diretrizes de desinvestimento líquido em renda variável para o Plano 1, complementado por compras em volumes menores de ações com expectativa de gerar dividendos e boa valorização. O Previ Futuro manteve os mesmos limites de aplicação em renda variável, e os gestores dos investimentos do plano estarão atentos às ofertas públicas de ações (IPOs) que devem ocorrer em 2019. Em renda fixa, a tendência de aumento dos percentuais mínimos e máximos a serem investidos persistiu, em coerência com a estratégia de reduzir a exposição do Plano 1 a riscos e garantir um patamar mínimo de rentabilidade para os recursos do Previ Futuro, ainda em acumulação.
Plano 1 - Macroalocação (%)
2017 | 2018 | 2019 | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
Segmentos | Alocação mínima | Alocação máxima | Alocação mínima | Alocação máxima | Alocação mínima | Alocação máxima |
Renda variável | 41,75 | 49,75 | 43,90 | 51,90 | 41,27 | 49,27 |
Renda fixa | 39,85 | 47,85 | 38,20 | 46,20 | 40,83 | 48,83 |
Imóveis | 5,00 | 7,50 | 3,90 | 7,90 | 4,07 | 8,07 |
Operações com participantes | 1,50 | 5,50 | 1,40 | 5,40 | 1,13 | 5,13 |
Investimentos estruturados | 0 | 1 | 0 | 1 | 0 | 1 |
Investimentos no exterior | 0 | 0,50 | 0 | 0,50 | 0 | 0,50 |
Previ Futuro - Macroalocação (%)
2017 | 2018 | 2019 | ||||
---|---|---|---|---|---|---|
Segmentos | Alocação mínima | Alocação máxima | Alocação mínima | Alocação máxima | Alocação mínima | Alocação máxima |
Renda variável | 0 | 60 | 0 | 60 | 0 | 60 |
Renda fixa | 21 | 95 | 21 | 95 | 17 | 95 |
Imóveis | 0 | 8 | 0 | 8 | 0 | 8 |
Operações com participantes | 5 | 15 | 5 | 15 | 5 | 15 |
Investimentos estruturados | 0 | 5 | 0 | 5 | 0 | 5 |
Investimentos no exterior | 0 | 1 | 0 | 1 | 0 | 1 |