Desempenho dos investimentos do Plano 1

Desempenho dos investimentos – Plano 1

O resultado obtido pelos investimentos do Plano 1 em 2018 permitiu que o plano recuperasse seu equilíbrio técnico e eliminasse o déficit conjuntural registrado em 2015 (leia mais em Planos de benefícios). Isso comprova a resiliência da carteira de ativos do plano e que a gestão focada no longo prazo e na preservação do valor não tardaria a se mostrar acertada, assim que a economia do país começasse a se recuperar.

De acordo com o objetivo estratégico traçado para o plano (“Balanceamento da gestão de ativos e passivos visando ao equilíbrio do Plano 1”), foi mantida a orientação de redução da carteira de renda variável. O Plano 1 se encaminha para uma situação com menos investimentos em blocos de controle de empresas participadas – o que favorece a obtenção da liquidez necessária para pagamento de benefícios – e mais participações menores, mais diversificadas. De acordo com essa visão, foram efetuadas compras, em pequenos volumes, de ações de empresas em segmentos que não constavam da carteira de participadas. As participações em empresas como Petrobras, Vale, Banco do Brasil e Itaú Unibanco renderam expressivos retornos em dividendos.

Dois desafios se apresentaram em 2018 e devem ter repercussão relevante nos próximos anos. Em um cenário de juros em baixa, as aplicações em renda fixa tendem a sofrer queda na rentabilidade, o que já vem ocorrendo. Uma maior estabilidade econômica, somada ao avanço das reformas no Congresso (visando a reduzir o risco fiscal do Governo), podem ensejar uma redução ainda maior nos juros. Entre as medidas em estudo pela Previ está a redução proporcional da meta atuarial, que foi fixada em INPC + 5% a.a. em 2018.

O segundo desafio foi consequência da Resolução nº 4.661 do Conselho Monetário Nacional, que vetou o investimento direto das entidades de previdência complementar em imóveis. A Previ tem um prazo de 12 anos para se desfazer de sua carteira de empreendimentos imobiliários ou migrá-la para fundos de investimento imobiliário (FII).

Evolução histórica da alocação de ativos – Plano 1 (%)

Renda variável

Os investimentos no segmento, que concentra cerca de metade dos ativos totais do Plano 1, obtiveram rentabilidade muito superior à meta atuarial de 2018. O volume de desinvestimentos chegou a cerca de R$ 7 bilhões, em linha com as metas previstas, aproveitando o momento de maior valorização dos ativos, no terceiro trimestre.

Renda variável (%)

*Índice de referência do segmento definido na Política de Investimentos do Plano 1.

Destaques da carteira em 2018

Vale: as ações da Litel (holding por meio da qual a Previ participa da Vale S.A.), que representam cerca de 25% do patrimônio total do Plano 1, tiveram sua metodologia de precificação revisada em 2018. O novo cálculo, com precificação ao final de cada mês, determina uma média ponderada das cotações das ações da Vale dos três meses anteriores ao último dia útil do mês corrente. A valorização do ativo Vale na bolsa de valores refletida na nova precificação contribuiu decisivamente para o resultado positivo do plano. A Vale, que teve um desempenho financeiro bastante robusto em 2018, também pagou um total de R$ 7,7 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio a seus acionistas, incluindo a Previ. A partir da celebração do novo acordo de acionistas da Vale firmado em 2017, mais da metade das ações detidas pela Litel ficaram desvinculadas e foram liberadas para serem transacionadas a partir do primeiro semestre de 2018. A Entidade recebeu, ao fim do ano, um volume de ações avaliado em R$ 1,3 bilhão, que já começaram a ser vendidas em mercado. Isso não apenas aumenta o potencial de liquidez da carteira e contribui para a obtenção de recursos para pagamento de benefícios, mas também adequa a posição da Previ na Vale, na transição para participações menores e menos concentradas.

Em 2018, um movimento importante envolvendo a participação da Previ na Vale foi o acordo celebrado entre a Litel, Bradespar e a Elétron S/A. Conclusão de um litígio judicial iniciado há mais de dez anos, o acordo foi celebrado em setembro de 2018. A Justiça determinou, em sentença proferida em julho de 2018, o pagamento pela Litel e Bradespar de R$ 4,01 bilhões à Eletron S.A., que atualizados e acrescidos de multas pelo não pagamento poderiam atingir cerca de R$ 6 bilhões. A referida sentença determinou a solidariedade da obrigação a ser cumprida pela Litel e Bradespar na proporção de 50% cada uma. Com o acordo, Litel e Bradespar pagaram à Eletron, conjuntamente, R$ 2,8 bilhões, cabendo a cada uma o pagamento de R$ 1,4 bilhão, o que reduziu significativamente as perdas com a disputa. O desfecho foi avaliado como positivo para a Previ, pois evitou uma perda financeira maior, além de prever a extinção de duas outras arbitragens iniciadas pela Elétron, que poderiam gerar novas perdas futuras. A medida também impede que novas demandas judiciais ou arbitrais sejam propostas e elimina incertezas no cálculo do valor econômico da Litel.

Posicionamento sobre o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho

A Previ tem acompanhado os desdobramentos do rompimento da barragem de Brumadinho, ocorrido em janeiro de 2019. Assim como toda a sociedade brasileira, a Entidade ficou profundamente sensibilizada e é solidária às vítimas e familiares. Como acionista da Vale, a Previ está se certificando de que a companhia está dando todo o suporte possível para os atingidos, assim como adotará providências para apurar os motivos do acidente.

Sobre o impacto negativo da desvalorização das ações da Vale no balanço da Previ em 2019, é importante ressaltar que a carteira de ativos da Previ é diversificada, capaz de absorver efeitos de curto prazo. A Entidade conta com recursos suficientes para fazer frente ao seu compromisso de pagamento de benefícios, sem a necessidade de venda de ações da Vale.

Neoenergia: a empresa voltou a distribuir dividendos entre seus acionistas. A oferta pública de ações, projetada inicialmente para 2018, foi postergada em função das condições do mercado; pode ser efetuada em 2019, se o momento for propício. A Neoenergia, que incorporou em 2017 a Elektro Holdings S.A., passou por um processo de saneamento de suas contas, com o objetivo de reduzir seu percentual de alavancagem. A Previ vem observando o novo momento com atenção e se prepara para reduzir sua participação na companhia, após a realização da oferta pública.

Embraer: a construtora brasileira de aviões anunciou em 2018 a criação de uma joint-venturecom a companhia americana Boeing. O novo negócio (aprovado pelas empresas, mas ainda a ser avaliado por acionistas, reguladores e pelo Governo Federal) contempla as atividades de aviação comercial da Embraer, em uma empresa que terá 20% de participação brasileira e 80% da Boeing. Após a aprovação dos termos do negócio, as ações da Embraer tiveram uma alta expressiva em sua cotação na B3 (bolsa de valores oficial do Brasil).

Invepar: a Previ continuou a acompanhar o trabalho de reestruturação das dívidas da empresa e o processo de saída da OAS da sociedade, passo previsto no acordo de recuperação judicial. A expectativa de capitalização, com a entrada de um novo sócio, não se concretizou.

Paranapanema :após a conclusão da reestruturação interna, promovida sob a supervisão da Previ e dos demais acionistas, a companhia voltou a dar lucro em 2018. A melhoria da situação fiscal e a retomada da estabilidade operacional já permitem à Entidade planejar a geração de liquidez a partir de sua participação na empresa.

BRF: A troca no comando do Conselho de Administração da empresa, com a escolha de Pedro Parente como presidente, foi proposta pela Previ e pela Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras). A mudança foi bem recebida pelo mercado. A participação da Previ na BRF corresponde a 1,02% da carteira de renda variável da Entidade.

Renda fixa

A rentabilidade do segmento ficou acima tanto do benchmark proposto quanto da meta atuarial. Em 2018, os investimentos em renda fixa representaram cerca de 41% do total de ativos do Plano 1, concentrados principalmente em títulos públicos mantidos até seu vencimento. O grande destaque no segmento foram os títulos marcados a mercado, que somam 18,47% das aplicações do plano no segmento e obtiveram uma rentabilidade muito significativa (12,62%), fruto da estratégia de aquisição de grandes volumes nos vencimentos de prazo mais longo, no momento em que as taxas desses títulos alcançaram patamar próximo a 6% a.a. por conta da volatilidade observada pela instabilidade política do ano (eleições presidenciais).

Renda fixa (%)

*Índice de referência do segmento definido na Política de Investimentos do Plano 1.

Imóveis

Os investimentos imobiliários não atingiram o benchmark (INPC + 8% a.a.) mas voltaram a superar a meta atuarial (INPC + 5% a.a.), confirmando a excelência dos empreendimentos da carteira em um momento de mercado ainda em baixa. O trabalho de renegociação dos contratos e retenção dos locatários resultou em índices de vacância e de inadimplência inferiores às médias do setor, o que contribuiu para a obtenção de liquidez no segmento e gerou cerca de R$ 633 milhões em aluguéis em 2018.

A Previ realizou uma avaliação de toda a carteira para verificar a necessidade de investimentos em reformas e modernizações, de modo a manter a atratividade dos imóveis para os locatários comerciais e de shopping centers. Também começaram a ser estudadas alternativas em face das mudanças impostas pela Resolução nº 4.661 do Conselho Monetário Nacional, que determina a venda ou a migração da carteira imobiliária para fundos de investimento imobiliário no prazo de 12 anos. A mudança representa um desafio, visto que os fundos atuais não oferecem liquidez compatível com os compromissos do Plano 1, implicam significativas despesas tributárias e comparativamente apresentam custo de administração mais elevados.

Imóveis (%)

*Meta de rentabilidade do segmento definido na Política de Investimentos do Plano 1.

Destaques da carteira em 2018

  • Shopping Parque da Cidade e Torre Jequitibá: integram um complexo imobiliário no conceito de parque linear urbano, localizado no principal vetor de crescimento de São Paulo (SP). Os imóveis obtiveram “habite-se” em agosto e o shopping, posicionado como o 1º Life Center do Brasil, tem inauguração prevista para abril de 2019, enquanto na torre o foco é a prospecção de locatários, já com algumas propostas em análise.
  • Birmann 21: o edifício comercial em São Paulo (SP) foi relançado, passando a oferecer espaços a diversas empresas (a locatária anterior ocupava todo o prédio), e também passou por um programa de modernização arquitetônica.
  • Shopping ABC: a região na qual o shopping se localiza (Santo André, SP) é uma das mais concorridas do país. A Previ buscou manter a competitividade do ativo ao trocar a empresa administradora do empreendimento.

Investimentos estruturados

Essa carteira, praticamente toda (99,58%) concentrada em private equity, obteve a melhor rentabilidade do ano de 2018, após a consolidação da marcação dos ativos a mercado.De acordo com o cenário traçado para o segmento, a valorização desde 2015 já estava prevista, superando a marca de R$ 1,1 bilhão. Entre os destaques do setor, a Previ recebeu, em amortização, ações de sua participação no FIP Caixa Barcelona, que acumulou quase 900% de rentabilidade total desde 2013, e a venda de participações em FIPs com investimentos na Tempo Participações e na Uniasselvi, que renderam retornos expressivos.

Investimentos estruturados (%)

*Meta de rentabilidade do segmento definido na Política de Investimentos do Plano 1.

Um marco na gestão dos investimentos estruturados foi a realização em conjunto pela Previ, Petros e Funcef do seminário “Desafios e Perspectivas para os FIPs no Brasil” em fevereiro. O evento promoveu um amplo debate sobre a necessidade de aprimoramento e ajustes na estruturação, governança e legislação dos Fundos de Investimento em Participações (FIPs), a importância dos ativos de private equity como impulsionadores do crescimento da economia brasileira e os instrumentos de governança necessários a uma boa gestão desses investimentos.

Investimentos no exterior

A rentabilidade dos investimentos do Plano 1 no exterior ficou um pouco abaixo da meta proposta para 2018, apesar da valorização do dólar frente ao real. Nos próximos anos, será possível aproveitar a diversificação nas formas de aplicação propostas pelas novas regras da Resolução nº 4.661 do CMN, incluindo o investimento em fundos exclusivos.

Investimentos no exterior (%)

*MSCI World Index + variação cambial.