Educação Previdenciária
Em busca de perspectivas melhores
Cenários econômicos e expectativa de vida são temas discutidos no Seminário O Futuro da Previdência Complementar Fechada, um dos eventos comemorativos dos 110 anos da PREVI
No painel ‘Macroeconomia e Tendências’, o economista e ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa observou que as mudanças nos cenários econômicos nacional e internacional influenciaram as expectativas do mercado, que andam um tanto pessimistas. Ainda assim, afirmou ele, o poder de compra dos brasileiros está bastante elevado se comparado a outros períodos.
Nelson Barbosa concluiu que os desafios econômicos enfrentados pelo Brasil atualmente tendem a diminuir com a recuperação da economia de mercados como os Estados Unidos e Europa, e que, mais do que depender do mercado externo, as decisões internas serão fundamentais para a evolução do mercado brasileiro. “Temos muitas questões desafiadoras no Brasil, mas isso não é nenhuma novidade, já que nos últimos anos tivemos mudanças nos cenários interno e externo que criaram depreciação cambial, inflação e desaceleração do crescimento. A saída seria reduzir as incertezas aumentando a previsibilidade da situação econômica”, explicou Nelson.
O economista e demógrafo Ricardo Pena Neto, presidente da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), e o conselheiro sênior para o Secretário-Geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Juan Yermo, foram os palestrantes do painel ‘Demografia e Longevidade’. Pena Neto alertou para o fenômeno da transição demográfica no Brasil, devido à diminuição dos índices de fecundidade e de mortalidade e ao aumento da expectativa de vida. “Desde os anos 80 constatamos avanços demográficos significativos no Brasil, e por isso é necessária uma adaptação social e a preparação para conviver com uma população envelhecida. O futuro do Brasil é agora”, afirmou.
Pena Neto acrescentou que o ganho de longevidade nas faixas etárias mais avançadas é um grande desafio para a previdência social e reforça a importância dos fundos de pensão nesse cenário. “A demografia brasileira estará favorável até 2030, com sua população enriquecendo para envelhecer. No entanto, com esse ganho na longevidade, os aumentos de gastos nos fundos de pensão são inevitáveis”.
Juan Yermo confirmou que o Brasil está ficando mais igual, em termos demográficos, a países como o Japão. “As projeções que são feitas para os próximos 30 anos mostram que países como o Brasil estão convergindo para uma população economicamente ativa maior e cada vez mais velha”, concluiu.
Cultura previdenciária
No painel ‘Governança do Sistema Complementar’, Devanir Silva, superintende-geral da Abrapp, fez um panorama sobre o mercado de previdência complementar fechada nos últimos anos e lembrou que a instituição tem um compromisso com a sociedade de motivar o desenvolvimento da cultura previdenciária entre os jovens. “Hoje, o grande desafio é motivá-los a pensar em previdência. Os novos participantes são das gerações Y e Z e, para eles, o foco são os novos produtos. Cabe a nós o desafio de levar educação financeira e previdenciária a uma juventude cada vez mais exigente”, explicou ele, afirmando ainda que “o Brasil tem hoje um sistema consolidado, modernizado e com um padrão de governança que é um exemplo para o mundo”.
Sibylle Reichert, chefe do Escritório da Federação Holandesa de Fundos de Pensão, disse ter ficado impressionada com a longevidade da população brasileira. Ela explicou que o sistema de fundo de pensão holandês é baseado em acordos coletivos e que a estratégia da entidade é buscar sempre se adaptar às mudanças do mercado. “Nosso grande desafio é superar a desconfiança gerada pela crise financeira para gerir nossos fundos de pensão, implementando um novo código de governança que garantirá rentabilidade e tranquilidade dos participantes no futuro”.
No encerramento, o vice-presidente de Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Sustentável do BB e presidente do Conselho Deliberativo da PREVI Robson Rocha contou estar orgulhoso da organização do evento. “A PREVI é uma referência no país e no exterior”, afirmou. “Como líder do setor, provocar um debate com temas extremamente importantes como esse só mostra seu cuidado e preocupação com o presente e o futuro do mercado”, concluiu.