Carim
Porque o saldo
devedor cresce
Têm sido muito freqüentes
reclamações de mutuários questionando o fato
de, mesmo após o pagamento de numerosas prestações,
o saldo devedor ser maior que o valor de referência do financiamento
contraído. Esta é uma ocorrência bastante comum
na maioria dos empréstimos a longo prazo, em que também
são comuns mecanismos de correção monetária.
Financiamentos imobiliários em geral são liquidados
de acordo com metodologia correspondente ao Sistema Francês
de Amortização, popularmente conhecido como Tabela
Price. Esse sistema caracteriza-se por ser constante, exceto pelos
efeitos da correção monetária, a prestação
que, no prazo contratado, liquida o valor financiado.
De forma geral, os sistemas de amortização
são construídos de acordo com os seguintes princípios:
a prestação compõe-se de duas parcelas:
juros e amortização do principal, ou seja, no valor
total da prestação parte paga os juros e parte abate
o saldo devedor.
os juros são calculados pela incidência da taxa
correspondente sobre o saldo devedor remanescente da operação.
Com a tabela Price
Em um sistema como a Tabela Price no qual, lembre-se,
a prestação é constante , isso implica
dizer que o peso relativo dos juros nas prestações
iniciais é maior que nas prestações finais.
Ou seja, as amortizações de principal são menores
no início do prazo do financiamento que em seu final.
Tomemos o exemplo da seguinte operação de empréstimo,
a ser liquidada pela Tabela Price:
Valor do principal: R$ 50.000,00
Juros: 3% ao mês
Prazo: 60 meses
Prestação calculada: R$ 1.806,65
Mês |
Prestação |
Saldo
devedor |
Juros + |
Amortização |
1 |
1.500,00 |
306,65 |
49.693,35 |
2 |
1.490,80 |
315,85 |
49.377,50 |
3 |
1.481,33 |
325,32 |
49.052,18 |
(...) |
(...) |
(...) |
(...) |
12 |
1.382,18 |
424,47 |
45.648,03 |
(...) |
(...) |
(...) |
(...) |
24 |
1.201,45 |
605,20 |
39.443,14 |
(...) |
(...) |
(...) |
(...) |
36 |
943,78 |
862,87 |
30.596,44 |
(...) |
(...) |
(...) |
(...) |
38 |
891,23 |
915,42 |
28.792,26 |
(...) |
(...) |
(...) |
(...) |
48 |
576,40 |
1.230,25 |
17.983,18 |
60 |
52,61 |
1.754,04 |
0,00 |
Totais |
58.398,88 |
50.000,00 |
|
Total
geral |
|
108.398,88 |
|
Obs: Valores sujeitos
a arredondamentos. |
Algumas importantes conclusões podem ser tiradas do exemplo
acima:
o somatório das prestações R$ 108.398,88
é 2,17 vezes o valor do principal. |
o total de juros pagos R$ 58.398,88 é superior
ao valor do principal; |
é natural que o quociente entre
o somatório das prestações e o valor do principal
seja superior a 1. Isso se deve ao fato de que uma das contrapartidas
do empréstimo é a cobrança de juros, os quais,
como mencionado anteriormente, são parte componente de cada
prestação;
dessa forma, o quociente entre o somatório das prestações
e o valor do principal não constitui, necessariamente, referência
para se aferir a justiça econômica de um
contrato de empréstimo;
apenas na 38ª prestação,
ou seja, decorridos quase 2/3 do prazo, os juros passam a
ser menores que as amortizações;
|
quanto maior for a taxa de juros de um
empréstimo, maior será o quociente entre o somatório
das prestações e o valor do principal. A título
de ilustração, mantidos os demais parâmetros do
exemplo e variando-se a taxa de juros, o quociente seria de:
2,65, para uma taxa de juros de 4%
a.m.;
1,73, para uma taxa de juros
de 2% a.m..
o mesmo se pode dizer em relação
ao prazo de pagamento. A propósito, prazos mais extensos
normalmente favorecem a sensação de que se está
pagando demais pelos recursos tomados. Na verdade, o elastecimento
do prazo em geral está associada ao objetivo de reduzir o
valor da prestação. Para que isso ocorra é
necessário que a amortização se dê mais
devagar e, de forma correspondente, que o volume de juros a pagar
seja superior ao observado no caso de prazos mais curtos. Assim,
tomando-se por base os demais parâmetros de nosso exemplo,
o quociente entre somatório das prestações
e valor do principal seria de:
1,84, caso o prazo fosse de 45 meses;
2,53, caso o prazo fosse de 75 meses.
Com Correção Monetária
Até aqui trabalhamos com um contrato sem atualização
monetária. Introduzimos, agora, essa variável, comum
em operações de longa duração, como
acontece na Carim. Nesses casos, o fornecedor dos recursos, além
da remuneração pelo capital emprestado, tem como objetivo
também proteger o valor real de seu ativo:
os contratos trazem cláusulas estabelecendo reajustes
periódicos de prestações e saldos devedores;
o uso de indexadores e periodicidades uniformes para reajustes
de saldos devedores e prestações de uma carteira de
financiamentos garante o equilíbrio financeiro dos contratos
e sua liquidação no prazo originalmente pactuado.
Admitindo-se correção monetária, à taxa
de 9% a.a., aplicada ao saldo devedor e à prestação
com periodicidade anual, teremos o que se segue:
Mês |
Prestação |
Saldo
devedor |
Juros + |
Amortização |
1 |
1.500,00 |
306,65 |
49.693,35 |
2 |
1.490,80 |
315,85 |
49.377,50 |
3 |
1.481,33 |
325,32 |
49.052,18 |
(...) |
(...) |
(...) |
(...) |
12 |
1.382,18 |
424,47 |
49.756,35 |
(...) |
(...) |
(...) |
(...) |
24 |
1.309,58 |
659,67 |
46.862,37 |
(...) |
(...) |
(...) |
(...) |
36 |
1.121,31 |
1.025,16 |
39.623,44 |
(...) |
(...) |
(...) |
(...) |
48 |
746,47 |
1.593,19 |
25.385,04 |
60 |
74,28 |
2.475,95 |
0,00 |
Total
geral |
|
129.747,12 |
|
Obs: Valores sujeitos
a arredondamentos. |
Que outras conclusões podemos tirar a partir da análise
do quadro acima?
o quociente entre o somatório das prestações
(R$ 129.747,12) e o principal é 2,59, superior portanto
ao do caso do financiamento sem a correção monetária
(2,17). |
Como as doze prestações
iniciais contêm pouca amortização, ao se reajustar
o saldo devedor, no final do 12º mês, este praticamente
retornou ao valor do principal. Devido à correção
monetária, em contratos mais longos é comum se observarem
crescimentos do saldo devedor para níveis acima do principal,
e a persistência dessa situação mesmo após
o pagamento de numerosas prestações.
Em suma, a correção monetária alavanca a formação
de convicções muitas vezes equivocadas quanto a pagamentos
excessivos, mesmo no caso de contratos equilibrados como o do exemplo.
Carim a um clique
No site PREVI você
também encontra informações sobre a Carim:
seção Auto-atendimento
Saldo de Financiamento Imobiliário
seção Atendimento
Financiamento Imobiliário (condições
do contrato, baixa de hipoteca e operações)
seção Atendimento
Normativos (regulamento da Carteira Imobiliária). |
Continua
»
-
Como são corrigidas as prestações e saldos devedores
-
Entrevista - Pizzolato esclarece dúvidas
-
CARIM: passado, presente e futuro
-
Porque o saldo devedor cresce
-
O desequilíbrio da Carim
Topo
da página
|