Investimentos
PREVI sai da banda B de telefonia celular
A pós quase um ano de negociações,
a Diretoria de Investimentos finalizoua venda da participação
acionária da PREVI nas operadoras Telet (RS) e Americel (Centro-oeste)
para a Bell Canada Internacional (BCI). A decisão foi tomada
em função de diversos fatores, destacando-se:
do ponto de vista estratégico,
a saída da banda B resulta na eliminação de
conflitos de interesse, uma vez que a PREVI possui investimentos
em diversas empresas que atuam no mesmo setor e que, portanto, tendem
a competir entre si à medida que a desregulamentação
avance;
do ponto de vista econômico,
o fato de que, ainda por um longo período, as empresas irão
necessitar de altos investimentos, para que possam enfrentar a concorrência,
que tende a se acentuar a partir do próximo ano;
do ponto de vista financeiro, a proposta
apresentada pelo BCI proporcionava um bom retorno para o investimento
realizado.
Com a venda da Americel e Telet, a PREVI permanece
no segmento de telefone celular apenas na banda A (veja mapa), cujas
empresas são oriundas do sistema Telebrás, sendo portanto
mais competitivas no setor, em decorrência de seu maior grau
de maturidade. Acrescente-se a isso o momento em que a PREVI necessita
diminuir seus investimentos em renda variável, atendendo
à legislação vigente.
A decisão
estratégica de vender
Em 1997 e 1998, o Governo licitou concessões para operação
na chamada banda B da telefonia celular, a fim de estabelecer as
bases iniciais da competição com as empresas da banda
A, que surgiram no âmbito da antiga Telebrás e foram
privatizadas em julho de 1998.
Um grupo formado por fundos
de pensão entre eles PREVI, Petros e Funcef
e o BB Banco de Investimentos integrava, juntamente com empresas
estrangeiras, o consórcio que venceu as licitações
para operar na região Centro-Oeste e no Rio Grande do Sul.
Aos investidores nacionais coube participação de 51%
do capital das empresas Americel (Centro-Oeste) e Telet (RS), que
foram constituídas para explorar o serviço. A PREVI
detinha 10,45% da Americel e 10,63% da Telet.
Diferentemente das empresas
da banda A, que detinham carteira de clientes e infra-estrutura
operacional estabelecidas há longo tempo, as operadoras da
banda B tiveram que começar do zero. Ou seja,
Americel e Telet tiveram que conquistar clientes e montar toda a
estrutura necessária à implantação e
extensão de suas áreas de cobertura.
Além dos desafios
dessa empreitada, alguns eventos inesperados exigiram aportes extraordinários
de capital. Foi o caso, por exemplo, do lançamento no mercado
do telefone pré-pago, produto cujo surgimento não
foi previsto pelos acionistas quando da análise e da decisão
de investir. Em pouco tempo o pré-pago passou a corresponder
a 90% das novas assinaturas, o que provocou redução
do faturamento por assinante das empresas, uma vez que a receita
média com um cliente do serviço pós-pago equivale
a 2,5 vezes a receita proporcionada pelo usuário do pré-pago.
Para os próximos
anos, persistirá a necessidade de investimentos para ampliação
da área de cobertura e para diversificação
das atividades (transmissão de dados, internet) das operadoras
da banda B. Além disso, o iminente crescimento da concorrência,
com a licitação nas bandas C, D e E, reforçou
a necessidade de novos aportes de capital e a perspectiva de que
as empresas tão cedo não poderão pagar dividendos
aos acionistas.
Diante desse quadro, a PREVI foi ao mercado verificar se havia investidores
interessados em comprar suas ações da Telet e Americel.
Após avaliar algumas propostas, o grupo de investidores nacionais
considerou vantajosa a oferta apresentada pelo grupo canadense BCI
e decidiu fechar o negócio. Na avaliação da
Diretoria de Investimentos da PREVI, foi a melhor maneira de garantir
o reposicionamento estratégico dos ativos de telecomunicações
e de trazer um bom retorno para o capital
investido.
Os números
do negócio
Por terem sido negociadas em bloco, as ações foram
vendidas mediante pagamento de prêmio de controle. O valor
de alienação, referente à parcela da PREVI,
correspondeu a R$ 264 milhões, com ingresso imediato de R$
238 milhões. Com o negócio, o capital investido foi
recuperado, a meta atuarial (IGP-DI + 6% a.a.) superada e garantiu-se
retorno superior ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário)
em, aproximadamente, 19%. Em outras palavras, caso tivesse mantido
os recursos que investiu em Americel e Telet aplicados em renda
fixa, a PREVI teria deixado de realizar ganho equivalente a R$ 41
milhões.
A variação
do dólar contribuiu de forma decisiva para esse resultado.
Em dezembro do ano passado, quando foi aprovada pela Diretoria,
a operação já garantia retorno equivalente
ao CDI. Como o preço foi fixado em dólar e nove meses
decorreram até a liquidação financeira, a PREVI
recebeu o pagamento em setembro por uma cotação muito
superior àquela praticada por ocasião da decisão
de venda.
Para atender exigência
da Anatel (Agência Nacional da Telecomunicações),
os sócios nacionais que participaram do leilão não
venderam integralmente suas ações, permanecendo, em
conjunto, com 5% do capital total da Americel e da Telet. Assim,
ainda faltam ingressar na PREVI recursos da ordem de R$ 26 milhões,
que também serão corrigidos pela variação
cambial.
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