Em 2017, a PREVI manteve o foco nos direcionamentos estabelecidos em sua Política de Responsabilidade Socioambiental (RSA). De acordo com a atualização no escopo do Programa de Integridade, houve um reforço no monitoramento das questões ligadas ao compliance e às boas práticas de governança nos investimentos da Entidade. Com recomendações baseadas no Código PREVI de Governança Corporativa, a observação dessas boas práticas foi uma das prioridades, incluindo indicadores específicos sobre integridade na avaliação do grau de sustentabilidade das empresas participadas.
Como ativista das questões relacionadas aos investimentos responsáveis, a PREVI é o único fundo de pensão da América Latina representado no grupo executivo do PRI, além de também indicar um membro para compor o Conselho do Carbon Disclosure Project (CDP), buscando cada vez mais a consolidação dos investimentos responsáveis.
Política de Responsabilidade Socioambiental (RSA) [GRI FS1, FS2, FS4, FS15]
A Política de RSA da PREVI define as diretrizes de atuação da Entidade em relação às questões sociais e ambientais envolvidas em seu negócio, tendo influência nas áreas de investimentos, governança, gestão de pessoal, relação com fornecedores e relação com associados. O risco socioambiental é um dos fatores de análise qualitativa dos investimentos e operações, e também das análises setoriais e cenários. Os principais riscos que a Política de RSA aborda são os socioambientais e de imagem institucional.
Nas gerências da PREVI existe a figura dos multiplicadores de RSA, que são funcionários que disseminam os conceitos de responsabilidade socioambiental nas gerências. Em 2017, a PREVI realizou dois encontros gerais com os multiplicadores de RSA. No primeiro semestre, o palestrante foi o professor de Geografia da PUC-RJ e CEO da consultoria Ecobrand, Marcelo Motta, que apresentou uma visão mais aprofundada sobre a temática RSA. No segundo semestre, o palestrante foi o diretor de Sustentabilidade da Vale, Alberto Nínio, que exibiu os principais programas de RSA implantados na Vale.
A fim de aprimorar o conhecimento dos analistas da área de investimento quanto à utilização de ferramentas de análise em investimento sustentável, em dezembro de 2017 a PREVI trouxe a diretora do Carbon Disclosure Project (CDP), Juliana Lopes, e o professor da Coppead/UFRJ, Celso Lemme, para o workshop "Análise sustentável – estabilidade financeira e mudanças climáticas".
Os princípios gerais da Política de RSA são:
- Aplicação e promoção dos princípios da boa governança corporativa
- Combate a práticas discriminatórias, de assédio, corrupção, extorsão e propina
- Conduta ética
- Erradicação do trabalho forçado e infantil
- Geração e disposição de resíduos de forma responsável
- Melhoria das condições de trabalho
- Participação seletiva em programas e projetos de RSA
- Promoção da equidade
- Proteção dos direitos humanos
- Respeito à diversidade
- Respeito à representação dos trabalhadores
- Utilização sustentável de recursos naturais
De acordo com as definições formalizadas em sua Política de RSA, a PREVI assume a necessidade de que todos os agentes econômicos – respeitadas as suas legítimas finalidades – devem preocupar-se com a busca de melhores resultados sociais e menores impactos ambientais decorrentes de suas atividades, visto que, além de possível, também é necessária a busca de retornos financeiros que observem os princípios de RSA. Isso inclui a avaliação de aspectos socioambientais na análise e seleção de investimentos, o estímulo à inserção de aspectos de sustentabilidade ao negócio das empresas e o respeito à ética e à transparência no relacionamento com todos os seus públicos (participantes, funcionários, patrocinadora, fornecedores e demais entidades do segmento de previdência complementar, entre outros).
As Políticas de Investimentos privilegiam ativos que se destaquem pela adoção das melhores práticas de governança corporativa e por ações de responsabilidade socioambiental e ética, em consonância com os Princípios para o Investimento Responsável (PRI) e com o Código de Governança Corporativa. No segmento de renda variável, há a priorização de investimentos em empresas que tenham como prática, ou que estejam de fato empenhadas em incorporar os princípios básicos de responsabilidade econômica, social, ambiental e ética, em consonância com o PRI, como a filiação a pactos e movimentos, como o Pacto Global e o Carbon Disclosure Project (CDP), e a declaração de não utilização de mão de obra infantil ou trabalho compulsório. [GRI 203-2, FS1]
Desde o segundo semestre de 2017, as aplicações em títulos privados passaram a contar com uma nova metodologia que inclui elementos relacionados ao tema “Integridade”, além de atribuir rating para cada companhia, denominado “rating ESGI”. O segmento de renda fixa já incorporava em suas análises de investimentos aspectos relacionados a questões ambientais, sociais e de governança (ESG) da empresa emissora. Sem inibir a participação na operação em análise, o objetivo é verificar o grau de aderência às práticas de investimentos responsáveis mediante atribuição de ágio ou deságio sobre a curva de crédito Anbima*.
Na classificação de seus empreendimentos imobiliários, a Entidade reviu os critérios de desempenho socioambiental, buscando alinhamento com certificações ambientais que são referência no mercado. Como recomendações de investimento, a PREVI busca empreendimentos que demonstrem, entre outros atributos, o incentivo a um programa de gestão ecoeficiente e a adoção de aspectos de RSA no processo de avaliação de seus locatários. A aplicação das políticas ambientais e sociais se baseia também no Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa em Empreendimentos de Base Imobiliária, que converte princípios básicos em recomendações objetivas. Também há o Guia de Orientação do Síndico, que objetiva proporcionar transparência na gestão e auxiliar síndicos e administradores de imóveis no cumprimento do dever de prestar contas aos proprietários, contribuindo, assim, para a maximização de valor e para a sustentabilidade da propriedade imobiliária. Neste segmento, 100% das empresas tiveram interação com a PREVI sobre o tema. [GRI 203, FS1, FS10, FS15]
A Matriz de Atratividade Setorial é um instrumento desenvolvido internamente que oferece informações acerca da diversificação setorial dos investimentos e contribui para a mitigação do risco de concentração setorial. É integrada ao conjunto de indicadores que acompanham o tripé risco/retorno/liquidez, e que subsidiam as decisões de investimento. A análise é feita em três dimensões:
Dimensão empresarial: mensura características ligadas ao perfil médio das empresas que compõem determinado setor, como a taxa de retorno de cada setor;
Dimensão estrutural: afere características da organização industrial do setor, como o regime de incentivos e a regulação setorial;
Dimensão sistêmica: avalia os impactos dos cenários político e econômico sobre as perspectivas de cada setor. [GRI 203-2]
Na Matriz, a avaliação de fatores socioambientais está contemplada na dimensão sistêmica, por meio da análise de informações de caráter qualitativo a serem levantadas em relação aos setores, avaliando os níveis de risco ambiental, legal e de impacto social mais relevantes em cada setor. O indicador qualitativo de responsabilidade ambiental avalia a exposição do setor ao impacto de decisões políticas e a existência de restrições legais em temas como comércio exterior, acordos internacionais, relação entre capital e trabalho e riscos ao meio ambiente, dentre outros. Quanto maior o nível de exposição do setor em tais aspectos, menor a nota. Esta nota é ponderada pelo peso do indicador na matriz que compõe a média ponderada do setor. Entre os setores que impactam negativamente no indicador de responsabilidade socioambiental, pode-se citar o setor de mineração, petroquímica, siderurgia e agronegócios e biocombustíveis. [GRI 103-2]
O resultado final da Matriz está baseado na ponderação de todos os fatores analisados em cada uma das três dimensões, em comparação ao nível de exposição setorial da PREVI e do mercado. Além disso, são calculadas faixas de tolerância para os investimentos em cada um dos setores, de forma a detectar quais setores se encontram fora dos limites definidos pela ferramenta.
As Políticas de Investimentos incluem o monitoramento dos impactos socioambientais. Todas as companhias da carteira de participações são submetidas a pesquisas sobre gestão de riscos e de sustentabilidade e avaliação de relatórios, balanços e demais documentos públicos sobre suas atividades. Em contatos regulares e diretos com as diretorias e os conselhos de Administração, são abordados não apenas o desempenho econômico, mas também as práticas de governança corporativa, transparência no relacionamento com a sociedade e mitigação de riscos ambientais e sociais. Internamente, as ferramentas para análise socioambiental dos potenciais novos investimentos são revisadas regularmente, e as questões de sustentabilidade e de boa governança são incluídas na capacitação do corpo técnico. [GRI FS2, FS11]
Um destaque entre as decisões de investimento de 2017 referentes ao posicionamento socioambiental da PREVI foi a venda da pequena parcela remanescente da participação nas Forjas Taurus, fabricante de armas. Não investir em empresas que tenham como atividade principal a comercialização de fumo e armas faz parte dos princípios de sustentabilidade da Entidade. A decisão também está alinhada às recomendações do PRI aos investidores institucionais.[GRI FS1]
*Referência para a precificação de ativos de crédito privado no mercado secundário, dividida por níveis de risco e elaborada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).