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Plano 1: Bom resultado em ano turbulento
Rentabilidade de 15,03% reduz déficit acumulado e evita cobrança de contribuições extraordinárias em 2017
Em 2016, o Plano 1 teve o primeiro resultado positivo no exercício nos últimos quatro anos. O superávit no ano foi de R$ 2,19 bilhões. Embora siga com um déficit acumulado de R$ 13,94 bilhões, o balanço final demonstrou que eram corretas as expectativas da PREVI de que o desempenho registrado em 2015 era fruto de um momento passageiro da economia brasileira.
O principal movimento de recuperação aconteceu no segmento de renda variável, com alta de 17,16% no período e responsável por um ganho de R$ 1,25 bilhão em dividendos. “O início de uma leve recuperação econômica, aliada às medidas fiscais do governo, animaram o mercado e ajudaram a impulsionar a Bolsa em 2016”, explica Marcus Moreira de Almeida, diretor de Investimentos.
Empresas como Petrobras, Banco do Brasil, Bradesco e Itaú tiveram forte alta. Por outro lado, companhias mais suscetíveis ao câmbio, como Embraer, Fibria e Suzano sofreram com a queda do dólar no período. Por se tratar de uma carteira com grande volume de participação em blocos de controle, não foi possível capturar todo o movimento de valorização da Bolsa.
Ainda assim, o resultado teve grande impacto nas contas do Plano 1, uma vez que os ativos de Renda Variável representam quase a metade dos ativos totais. Também é importante destacar que algumas participações em blocos de controle não são negociadas em Bolsa e são avaliadas separadamente ao final de cada ano. É o caso de Vale, Neoenergia e Invepar, que juntas tiveram uma queda de 2,97%.
Mais liquidez
Uma das diretrizes que norteiam os investimentos do Plano 1 é aumentar a liquidez dos ativos. Ou seja, a facilidade de venda para que sejam convertidos em caixa. Isso acontece porque, dentro de poucos anos, todos os participantes serão inativos e o Plano vai atingir o ápice dos desembolsos com pagamentos de benefícios.
Com maior liquidez nos ativos, a PREVI poderá administrar com mais facilidade a venda de ações e participações em empresas, esperando sempre as condições mais vantajosas para o Plano. “É extremamente importante que a PREVI esteja preparada para, no futuro, estar em posição minoritária nas empresas em que participa”, observa o diretor de Participações, Renato Proença.
A venda de ativos é sempre feita cuidadosamente, para aproveitar as melhores oportunidades e criar liquidez com geração de valor para o patrimônio do Plano. Uma dessas oportunidades aconteceu em 2016, com a venda da participação da PREVI na CPFL, por R$ 7,5 bilhões, que serão pagos até o fim de 2017. Essa venda possibilitou atingir praticamente a meta de desfazimento de ativos com um ano de antecedência.
Queda de juros
Outro motor que impulsionou os resultados do Plano 1 foi o segmento de renda fixa, com uma rentabilidade de 15,51%. Com o movimento de queda dos juros iniciado no fim do ano passado, a PREVI aproveitou as oportunidades de mercado para investir na aquisição de títulos públicos federais e títulos privados (debêntures e letras financeiras) com baixo risco de crédito.A preferência foi por títulos indexados ao IPCA, cujas taxas estavam superiores à meta atuarial dos planos de benefícios. O estoque desses ativos teve forte valorização em seus preços, o que proporcionou à carteira de renda fixa retornos bem superiores à meta de rentabilidade do segmento.
Vale observar que, por se tratar de um plano maduro, a maior parte da carteira de renda fixa é formada por títulos que serão carregados até o vencimento. Ou seja, não serão vendidos antes do vencimento, e por isso sua contabilização não acompanha as flutuações diárias do mercado. Na prática, isso reduz a volatilidade, ou seja, os picos de alta e baixa dos papéis, o que reduz o risco dos ativos, outra diretriz importante da Política de Investimentos para o Plano 1.
A carteira de imóveis, por sua vez, fechou o ano com alta de 7,98%, pouco mais da metade da meta de rentabilidade para o segmento. Pelo segundo ano consecutivo, a carteira imobiliária fechou abaixo do índice atuarial, principalmente por causa da estabilização do valor dos imóveis, que tiveram um forte ciclo de alta entre 2000 e 2014. Ainda assim, os ganhos financeiros da carteira imobiliária continuam consistentes e com crescimento nominal. A rentabilidade acumulada no segmento entre 2010 e 2016 foi de 241,20%, superior à meta atuarial de 173,37% no período. E isso é muito importante para obter liquidez para o pagamento de benefícios.
Os esforços em 2016 se concentraram na manutenção da taxa de vacância que, nos imóveis comerciais da PREVI, está em torno de 10,45%, bem mais baixa do que a média do mercado, que é de aproximadamente 25%. Com um trabalho intensivo em seleção e aprimoramento dos síndicos, na qualificação dos ativos, na otimização dos custos e na retenção de locatários, foi possível minimizar os efeitos do momento econômico desfavorável.
Renovação imobiliária
No momento, os investimentos imobiliários da PREVI passam por um período de renovação. A ideia é aumentar a rentabilidade dos imóveis, vendendo ativos mais antigos e buscando novas oportunidades em empreendimentos com melhor potencial de locação e valorização futura.
Já na categoria de investimentos estruturados, formada por fundos de private equity e venture capital, a rentabilidade no Plano 1 foi de 9,72%, também abaixo da meta do segmento. Isso acontece porque esses fundos financiam empresas com alto potencial de crescimento e rentabilidade, e suas cotas só podem ser resgatadas no médio e longo prazo, em geral não menos de oito anos.
Faz parte da natureza dos investimentos estruturados que haja rentabilidade negativa nos primeiros anos, compensada por um potencial expressivo de retorno nos anos seguintes. Apesar do retorno positivo obtido em 2016, a tendência é de que não haja aportes em novos fundos no curto prazo, tendo em vista o maior nível de risco e o grau de incerteza ainda elevado na economia.
O único segmento com rentabilidade negativa foi o de Investimentos no Exterior, com queda de 15,52% no período. Não houve movimentação relevante nesses investimentos, e a queda reflete a queda do dólar em relação ao real em 2016. No entanto, o MSCI World Index (que mede a performance de fundos de investimento em 23 economias desenvolvidas, que correspondem a cerca de 85% dos valores investidos no mercado de capitais desses países) subiu, mesmo com a instabilidade política e econômica global. O impacto foi minimizado pelo fato do segmento representar um percentual muito pequeno dos ativos da PREVI. Além disso, a rentabilidade acumulada do segmento desde a realização do primeiro aporte até o final de 2016 é de 52,24%, superior à meta atuarial do período, de 45,84%. A estratégia atual é de aguardar um momento mais favorável para realizar novos aportes, que já foram autorizados pelo Conselho Deliberativo.
Participações em destaque
Vale
A mineradora é um dos três ativos da carteira (junto à Neoenergia e à Invepar) que são avaliados por valor econômico. Isso significa que são consideradas, além de premissas econômico-financeiras, estimativas sobre cotações de minério de ferro, cobre e níquel, perspectivas de produção e venda, investimentos, margem operacional, custos e outras variáveis. Em 2016, a empresa teve uma recuperação forte em relação a 2015, graças a uma estratégia austera de redução de custos, aumento da eficiência, disciplina de capital, foco nas atividades do core business e à elevação dos preços internacionais do minério de ferro, que atingiram uma baixa histórica no ano anterior. A alta no preço das ações da companhia proporcionou o pagamento de dividendos extraordinários, o que contribuiu com o fluxo de caixa da PREVI.
CPFL Energia
A participação da PREVI na CPFL Energia foi vendida à estatal chinesa State Grid em uma negociação concluída em setembro. O bloco foi vendido por R$ 7,5 bilhões. A variação entre o preço registrado no balanço em 2015 e o preço de venda, produzirá ganho da ordem de R$ 2,9 bilhões.
Petrobras
A Petrobras deu sinais de recuperação em 2016, após anos seguidos de turbulências causadas por denúncias de corrupção. A renovação da alta gestão aumentou a confiança do mercado e medidas anunciadas no decorrer do ano foram vistas de forma positiva. Com isso, as ações da companhia tiveram uma das maiores altas do ano na BM&FBovespa. A PREVI detém 2,85% do capital total da Petrobras, investimento de aproximadamente R$ 5,53 bilhões distribuídos entre o Plano 1, com cerca de R$ 5,26 bilhões, e o PREVI Futuro, em torno de R$ 273,85 milhões. A Entidade aprovou as demonstrações financeiras de 2014 e 2015, com a ressalva quanto à possibilidade dos valores ora indicados como perdas, poderem ser revistos em razão da evolução das investigações da Operação Lava-Jato. A PREVI também solicitou que todos os documentos relativos aos processos administrativos em curso na Petrobras sejam divulgados junto a relatórios periódicos sobre as medidas de conformidade e governança tomadas.
Invepar
Antiga controladora e operadora da Invepar, a empreiteira OAS entrou em processo de recuperação judicial e abriu mão de sua participação na empresa. A PREVI tinha direito de preferência na compra das ações, mas preferiu não aumentar sua participação. A empresa comanda concessões importantes na área de infraestrutura e transportes, como o Aeroporto Internacional de São Paulo – GRU Airport (SP), o Metrô Rio (RJ) e a Linha Amarela (RJ).
Sete Brasil (FIP Sondas)
Fortemente impactada pelas repercussões da Operação Lava-Jato da Polícia Federal e pelo contexto desfavorável do mercado de óleo e gás, a Sete Brasil apresentou, em agosto, seu plano de recuperação judicial. De modo a recuperar o quanto antes seu investimento na empresa via FIP Sondas, a PREVI vem acompanhando esses movimentos de perto. O investimento total foi de R$ 180 milhões, que corresponde a 2,3% das quotas emitidas pelo fundo, valor pequeno diante do total da carteira de participações da PREVI. Importante ressaltar que o relatório da CPI dos Fundos de Pensão reafirmou que o investimento no FIP Sondas foi baseado em critérios técnicos e que, chamada a fazer novos aportes em 2011, a PREVI preferiu não investir mais no fundo.