Divergências
têm que ser discutidas
O diretor Sérgio Rosa afirma que o atual conflito da PREVI
com o Opportunity é fruto de posturas e medidas tomadas por
esse banco que prejudicam nossos interesses. De todas as partes
envolvidas nestes negócios, o Opportunity não tem
hoje nenhum aliado. Será que só ele está certo?.
O caso é complexo, envolve investimentos importantes e a
PREVI tem conduzido o assunto em conjunto com a Petros e a Telos.
Qual é
o papel do Opportunity? Ele é sócio da PREVI?
O sócio clássico é aquele que
coloca dinheiro na empresa e, portanto, é proprietário
de parte do capital. No caso do Opportunity, a sua verdadeira condição
é de gestor de um fundo de investimento, chamado CVC, do
qual a PREVI e outros fundos de pensão são cotistas.
Toda a história começa aí: desde a constituição
desse fundo (que faria investimentos em conjunto com um fundo similar
destinado a investidores estrangeiros) que determinadas premissas
não foram atendidas e comportamentos impróprios foram
adotados, gerando, no nosso entendimento, prejuízo para nós.
Por que a
estrutura montada pelo Opportunity prejudica a PREVI?
O fundo possui regras que são por demais vantajosas para
o administrador, em detrimento dos investidores. As deliberações
mais importantes, por exemplo, dependem de um quórum de 90%
de aprovação, inclusive a alteração
do próprio gestor do fundo. Não há acordo de
investimento e desinvestimento conjunto entre o fundo nacional e
o estrangeiro, podendo este último ser favorecido em eventual
negociação. O Opportunity vem cobrando taxas que consideramos
indevidas, a prestação de contas é deficiente,
as decisões do comitê de investimento têm o voto
de Minerva do próprio Opportunity. Em 2000, a prestação
de contas foi rejeitada e a questão foi parar na CVM (Comissão
de Valores Mobiliários), que até o momento acolheu
nossa reclamação. Com base nessa primeira estrutura
dos fundos, o Opportunity exerce o poder de mando nas empresas,
mas não é com o dinheiro dele, é com o nosso,
e muitas vezes contra nós.
Mas a PREVI
e os outros fundos também participam da gestão das
empresas?
Em algumas empresas a PREVI e outros fundos de pensão entraram
não só como cotistas do CVC, mas também como
co-investidores, ou seja, adquirindo diretamente parte do capital
das holdings que foram criadas. É assim na Telpart, que controla
a Telemig e a Telenorte Celulares (Amazônia Celular), na Solpart,
que controla a Brasil Telecom e na Santos Brasil (que controla o
Terminal Portuário de Santos). Nestes casos, a PREVI elege
conselheiros proporcionalmente a estas participações
diretas. Mas o Opportunity montou uma estrutura onde ele, como gestor
do CVC, sempre manda e se impõe sobre os demais sócios,
sejam os fundos de pensão ou os sócios estrangeiros.
Por
que a PREVI decidiu recorrer à Justiça? Quais são
as principais demandas?
Foram realizadas várias tentativas de corrigir os problemas
por meio de conversas e negociações. Mas foram todas
infrutíferas. As divergências começaram a se
acirrar e passamos a avaliar que os riscos para nosso investimento
eram crescentes. Ou nos acomodávamos e ficávamos assistindo,
ou tomávamos providências para nos defender. Na Brasil
Telecom Participações, por exemplo, o Opportunity
forçou a destituição do conselheiro da PREVI,
que era o Pizzolato, tentou caçar nosso direito de indicar
novos conselheiros e tirou os fundos de pensão do conselho
das empresas operadoras. Muitas ações, portanto, visam
à defesa de nossos direitos.
Uma das principais ações da PREVI é o pedido
de dissolução de uma empresa, chamada Newtel, que
faz parte da estrutura das celulares. Essa empresa foi criada em
um momento posterior ao nosso investimento e acabou subordinando
o nosso investimento direto ao poder de controle do Opportunity.
Uma outra ação é para recuperar o pagamento
indevido de bônus para o administrador de uma empresa controlada
pelo Opportunity. Contratar bons advogados para defender investimentos
de muitos milhões, quando é necessário, faz
parte do negócio.
Mas
a briga na Justiça entre sócios não é
ruim para as empresas ?
É ruim, mas tornou-se inevitável. Pior seria nos acomodarmos
e não nos defendermos. E não somos apenas nós
que tivemos que ir à Justiça. Um ex-sócio do
Daniel Dantas também está movendo processos contra
ele. Em muitas empresas há brigas entre os sócios,
mas esta notícia não ganha as manchetes de jornal
porque não envolve entidades tão visadas como a PREVI,
e porque os sócios, apesar de brigarem, não fazem
questão de dar propaganda ao fato. Mas neste caso o próprio
Opportunity tem sempre recorrido à imprensa, divulgando as
teses e as versões que lhe interessam, tentando construir
uma imagem negativa dos fundos de pensão. Em muitas situações
ponderamos o custo de brigar na Justiça, mas neste caso não
tinha jeito.
É
verdade que quem cuida dos assuntos ligados ao Opportunity é
somente o Pizzolato ?
Quem disse isso tentou caracterizar a postura da PREVI como se fosse
fruto da vontade de uma só pessoa. É uma grande mentira.
Quem cuida diretamente do assunto são as Diretorias de Participações
e a de Investimentos, com técnicos à frente de todas
as discussões, com os respectivos diretores participando
das reuniões com outros fundos e sócios. Toda a Diretoria
tem posição clara sobre o assunto e o Conselho Deliberativo
da PREVI vem sendo informado e esclarecido, e nunca foi solicitado
que a Diretoria fizesse diferente. Estive pessoalmente coordenando
uma exposição para o Conselho Deliberativo e para
o Conselho Fiscal sobre o assunto.
A PREVI
vem sendo acusada de fazer o jogo de empresas estrangeiras, e que
a associação com a TIW seria lesiva à PREVI.
O que há de verdade nisso?
O Opportunity procura criar versões que convençam
setores da opinião pública de que ele é a vítima
da história. Uma dessas fábulas é que os fundos
de pensão estão fazendo o jogo de investidores estrangeiros,
prejudicando o capital nacional. Vamos deixar claro: o Opportunity
está diretamente vinculado ao Citybank nessa operação.
Tem favorecido o fundo estrangeiro. Foi ele quem trouxe as empresas
estrangeiras (TIW e Itália Telecom) para as sociedades. Portanto,
é completamente falso qualquer pendor nacionalista do Opportunity.
Quanto à TIW, sabemos que eles passaram dificuldades em seus
negócios, que teriam sido resolvidas. De qualquer maneira,
não haveria prejuízo para a PREVI. Não somos
investidores ou acionistas da TIW. Somos sócios comuns na
Telpart, e não há nenhum ônus para a PREVI em
caso de perdas da TIW.
Como vai
acabar essa história? Ainda demora muito?
É difícil saber, mas queremos que acabe logo e bem,
é claro. Estamos fazendo o melhor possível, mas muita
coisa depende da Justiça, de posicionamento de autoridades,
que nem sempre cumprem seu papel, e de iniciativas negociais que
vão sendo testadas.
Que impacto
têm os ataques públicos contra a PREVI?
Se existem divergências, elas têm que ser discutidas.
Isto é democrático. Mas as pessoas têm que ter
noção do que representam, o lugar e a coerência
para fazer um debate assim. O conselheiro Valmir Camilo nunca fez
essas críticas nos fóruns internos da PREVI. Ao fazer
este debate na imprensa, ainda mais nos termos em que ele fez, fragiliza
e expõe a Entidade, reforçando os argumentos que o
Opportunity utiliza na Justiça. Acho que é uma postura
grave, e já assinalei estas preocupações junto
à Diretoria e ao Conselho.
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