Só
não sabe quem não procurou saber
A condução do descruzamento das participações
acionárias da PREVI na Cia. Vale do Rio Doce e na Cia. Siderúrgica
Nacional bem como a gestão atual da Vale foram questionadas.
Luiz Tarquínio, que esteve à frente da operação,
contesta e diz que a Diretoria e o Conselho Deliberativo da PREVI
tiveram amplo acesso às informações.
O
que foi o descruzamento entre as participações da
PREVI na Vale do Rio Doce e na CSN?
O que se convencionou chamar de descruzamento foi
a eliminação das participações acionárias
recíprocas entre a Cia. Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN).
No âmbito do descruzamento, PREVI, Bradesco e a própria
Vale deixaram de ser acionistas da CSN, por meio da venda de suas
ações ao Grupo Vicunha. A CSN, atualmente controlada
pelo Grupo Vicunha, vendeu sua participação no capital
da mineradora para PREVI e Bradesco.
O
que esta operação representou para a PREVI?
Em primeiro lugar, o descruzamento gerou ganho financeiro
bruto de
R$ 530 milhões para a PREVI. Foi um negócio excelente,
tendo em vista o fato de que vendemos, com prêmio de controle,
ações adquiridas diretamente na bolsa de valores.
Além disso, a operação trouxe outros benefícios
para as duas empresas, seus acionistas e para a mineração
e a siderurgia no Brasil.
Que outros
benefícios são estes?
Os benefícios a que me refiro são ligados
ao início de uma nova era na administração
da Vale. Concluído o descruzamento, os acionistas remanescentes
empreenderam, com auxílio da McKinsey, uma das principais
consultorias internacionais, significativo esforço para definição
da estratégia corporativa, redesenho do modelo de governança
da empresa e de sua forma de gestão.
A Vale progrediu muito desde a conclusão do descruzamento,
em 15/3/2001, progresso que começa a ter reconhecimento do
mercado. Há pouco tempo o JP Morgan, um dos maiores bancos
de investimento do mundo, recomendou a Vale como a empresa com maior
potencial de crescimento em 2002 no Brasil. A empresa tem enorme
capacidade de geração de resultado e deve fechar 2001
com lucro excelente nos nove primeiros meses o lucro atingiu
R$ 2,4 bilhões, contra R$ 2,1 bilhões observados ao
longo de 2000.
A PREVI chegou
a emprestar algum dinheiro ao Bradesco para fazer essa operação?
A PREVI não pode, por lei, atuar como instituição
financeira. Portanto, não poderia ter emprestado dinheiro
ao Bradesco para a execução da operação.
A PREVI foi
acusada de ter entregue a gestão da Vale ao Bradesco.
Quem comanda a Vale hoje?
Isto é um absurdo completo. A Vale é
uma empresa controlada por PREVI, Bradesco, Investvale e Sweet River,
que integram o bloco de controle, sendo que PREVI e Bradesco formaram
aliança para viabilizar o descruzamento e hoje detêm,
em conjunto, o comando da empresa. Nenhum dos sócios tem
o poder isolado de aprovar o que quer que seja na Vale. Essa acusação
provavelmente se baseia no fato de que, antes de ser presidente
da Diretoria Executiva da Vale, o Roger Agnelli era um executivo
do Bradesco. Os nomes do presidente e dos demais diretores, provenientes
de grandes grupos do Brasil e do exterior, foram aprovados pelo
Conselho de Administração porque os controladores
entenderam que ele tem competência para exercer o cargo. É
absurda a idéia de que o Bradesco é quem comanda a
Vale. Como toda empresa, a Vale é comandada em duas esferas:
pelo Conselho de Administração e pela Diretoria Executiva.
Como
foi a condução do processo? A Diretoria da PREVI discutiu
a operação e levou ao conhecimento do Conselho Deliberativo?
Todas as decisões a respeito do descruzamento
foram aprovadas por unanimidade pelos membros da Diretoria. Quanto
ao Conselho Deliberativo, todas as nossas decisões passam,
de uma forma ou de outra, por ele. Eu pedi, inclusive, num certo
momento, reunião extraordinária do Conselho ao presidente
Paulo Trapp para tratar do assunto. O Conselho Deliberativo sabia
do andamento da negociação, sabia das questões
que vinham sendo tratadas. Só não sabe, só
não soube quem não procurou saber. Depois de concluída
a operação, o Conselho solicitou uma apresentação
por conta de questões que foram levantadas pela Auditoria
da PREVI. Feita a apresentação, o Conselho se declarou
satisfeito. O Conselho está suficientemente informado sobre
o andamento das coisas na Vale, tanto quanto no caso da telefonia,
onde temos disputa judicial com o Opportunity. Eu posso apresentar
como prova a ata do Conselho onde está consignada a realização
da apresentação. Quem não sabe de nada é
porque nunca procurou saber.
Os
negócios da PREVI com o Opportunity são outro alvo.
Foram lançadas suspeitas à parceria que a PREVI tem
com a TIW nas empresas de telefonia celular, a Telemig e a Telenorte
(Amazônia Celular).
A PREVI mantém ligação com a TIW porque tem
o mesmo problema da empresa canadense: pagou prêmio pelo controle
da Telemig Celular e da Tele Norte Celular (Amazônia Celular)
e não tem os direitos que deveriam decorrer desse pagamento
registrados em contrato. Em outras palavras, pagou para ser controlador
e não é. Também é bom que se esclareça
de uma vez por todas que, na origem, quem trouxe a TIW para o consórcio
que venceu o leilão de privatização das operadoras
de que se trata foi o Banco Opportunity. Se intensificamos nosso
relacionamento com a TIW, foi com o objetivo de formar um bloco
com maior capacidade para resolver os problemas existentes e, assim,
melhor defender o interesse da PREVI e de seus participantes. Disso,
tanto quanto sobre o caso da Vale, tem consciência o Conselho
Deliberativo ou, pelo menos, a maioria de seus integrantes.
Existe algum
pedido de informação do Conselho Deliberativo pendente
de atendimento pela Diretoria?
Não.
Você
é ou foi filiado ao PT?
Não.
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