Governança corporativa também para imóveis
Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa em Empreendimentos de Base Imobiliária, lançado pela PREVI, pode ser a base de uma regulamentação específica para o setor
A PREVI lançou, em outubro, o seu Código
de Melhores Práticas de Governança
Corporativa em Empreendimentos de
Base Imobiliária. O nome é extenso,
mas o código é de leitura simples e traz
para o mundo dos investimentos no setor alguns
dos princípios que regem a boa governança nas
empresas: transparência, clareza e precisão nas
prestações de contas, tratamento equânime de
todos os coproprietários, além da aplicação de
práticas de responsabilidade socioambiental na
gestão dos imóveis.
O código resulta de um amplo diálogo com
pesquisadores, parceiros nos empreendimentos
e com outros grandes investidores do ramo. E,
claro, transpõe para os investimentos de base
imobiliária parte dos conhecimentos e da experiência
que a PREVI acumulou na sua trajetória
já extensa de boa militância pela governança
corporativa nas empresas.
“No desenvolvimento do código observamos
nossa própria história como investidores e levantamos
os problemas que tivemos ao longo do
tempo”, diz Joilson Ferreira, diretor de participações da PREVI. “Também no caso dos imóveis são
boas e más histórias. Conquistas e insucessos. Já
participamos de ações contra coproprietários e
tivemos problemas com administradores que não
repassaram receitas”, complementa.
Regulamentação
O código é uma publicação que pretende discutir
as lacunas importantes na legislação que dá
suporte aos investimentos em imóveis. Conforme
consta no próprio documento, práticas e leis sobre
governança já adotadas no mercado de capitais
ainda não foram adequadamente disseminadas no
setor imobiliário. No caso dos shopping centers,
por exemplo, a regulamentação adota parte das
normas sobre condomínios, sobre o inquilinato
e também aplica, por similaridade, alguns dispositivos
legais que regem as sociedades anônimas.
“Nesse mercado, não dispomos de modelos.
Acreditamos que o investidor terá mais segurança se
contar com o apoio de normas específicas”, diz Joilson.
A intenção é que o código seja referência para
iniciativas de autorregulação do setor, com base nas
contribuições dos agentes mais importantes desse
segmento. “O código leva ao mercado a realidade
que gostaríamos de encontrar em nossos próprios
empreendimentos”, lembra Joilson.
Para Celina Antunes, CEO da Cushman &
Wakefield – uma das principais empresas de
negócios do mercado imobiliário da América do
Sul –, o lançamento do código “deve garantir à
PREVI, com o aumento da sua participação no
mercado imobiliário nos próximos anos, o acesso
a novos parceiros e assim facilitar a aquisição de
bons empreendimentos de forma eficaz, além de
demonstrar a sua preocupação em melhorar os
processos de regulamentação e transparência”.
Carteira em expansão
A maioria das aplicações da PREVI no setor
imobiliário são investimentos diretos. Ou seja,
adquire o ativo (imóvel) ou parte dele (como
coproprietária). Trata-se, por exemplo, de imóveis
comerciais, como prédios de escritórios e
shopping centers. A finalidade é gerar receitas
com aluguéis ou com a própria valorização dos
ativos. Parte significativa dos cerca de R$ 6 bilhões
que a PREVI paga por ano em benefícios vem do
recebimento desses aluguéis.
A carteira imobiliária do Plano 1 alcançou R$
3,4 bilhões em agosto. O total representa cerca de
2,8% do patrimônio do Plano, e é a maior carteira
dentre os grandes investidores institucionais do
País. Existe ainda uma ampla margem de crescimento,
uma vez que a regulamentação do CMN
estipula limite de até 8% dos recursos garantidores
para investimentos imobiliários.
E a PREVI pretende expandir a carteira do Plano
1 “de maneira rápida, porém planejada”, como
lembra o diretor de participações. O objetivo é
um aumento de cerca de 100%, passando de 2,8%
para quase 5% dos recursos garantidores do Plano
em até cinco anos.
Os esforços concentrados nessa expansão
deverão ser bastante compensados. O mercado
imobiliário brasileiro cresceu bastante a partir de
2007, fato que se refletiu na carteira de imóveis
do Plano 1. Em 2008, a rentabilidade acumulada
foi de 21,61%, a maior entre os investimentos da
PREVI, face a um índice atuarial de 12,6% naquele
período. Até setembro deste ano, a rentabilidade
das aplicações no setor já alcançava 19,06%.
Destaca-se a participação da PREVI em catorze
shopping centers, num investimento de cerca de
R$ 1,06 bilhão, ou 33% da carteira de imóveis. O
desempenho dos shoppings, com o crescimento
do poder de consumo das famílias brasileiras, contribuiu
bastante para impulsionar a rentabilidade
do segmento.
Ainda não há imóveis dentre os ativos do
PREVI Futuro, mas a Política de Investimentos
2009 previu aplicações no setor até o limite de
5% dos recursos garantidores do Plano. Além
da diversificação, a ideia é garantir a entrada
previsível de receitas, por meio dos aluguéis e
contribuir para a estabilidade dos retornos dos
investimentos do Plano, face à maior volatilidade
da renda variável, por exemplo. |