Prioridade para o controle de riscos
O 10º Encontro de Conselheiros novamente colocou a governança corporativa em foco na PREVI . Os debates mostraram que os conselheiros deverão compartilhar, agora mais que em qualquer outro contexto, as responsabilidades pelas decisões de risco das empresas. Também levarão para as organizações uma pauta diversificada de compromissos
O Encontro de Conselheiros realizado todos
os anos pela PREVI já se tornou uma das
mais importantes agendas da governança
corporativa no País. No mês de agosto,
em sua décima edição, reuniu mais de 200
conselheiros, na Costa do Sauípe, para debater os
desafios da gestão de riscos diante da crise mundial.
Os conselheiros são os representantes da PREVI nas
empresas investidas em que é possível, com base na
participação acionária, indicar membros dos órgãos
de representação dos acionistas, como os conselhos
de administração e os conselhos fiscais.
Em torno do tema do Encontro deste ano, a
programação trouxe reflexões importantes sobre
diversos aspectos: fragilidades que a crise fez aflorar
na governança das empresas, mudanças necessárias
na supervisão e monitoramento de riscos do
mercado, responsabilização de conselheiros pelo
que acontece nas organizações, relevância das
economias emergentes no cenário global, além de
análises sobre características do contexto brasileiro
que ajudaram o País a mostrar força diante da crise.
Para falar aos conselheiros, estiveram no Encontro,
entre outros palestrantes convidados pela
PREVI, o Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo,
o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e a
presidente da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), Maria Helena Santana.
Na abertura do Encontro, ao fazer referência à
crise econômica, o diretor de participações, Joilson
Ferreira, lembrou que, de preocupação antes relativamente
secundária, o controle de riscos – seja no âmbito das empresas, da supervisão geral do mercado,
ou como exigência do trabalho específico de
cada conselheiro – passou à condição de prioridade
e veio para ficar. “É a única forma de evitarmos,
no futuro, situações como as que o mundo viveu
recentemente“, disse Joilson.
A importância de ser sustentável
Aliada à necessidade de controlar riscos, a ideia
de sustentabilidade também permeou todos os
debates, na opinião de Aloisio Macário, gerente
executivo da Gerência de Governança Corporativa,
que todos os anos organiza o Encontro de Conselheiros. “A crise demonstrou, na prática, como é clara a relação entre sustentabilidade e controle
de riscos”, disse. “Essa relação sempre esteve em
pauta, mas os acontecimentos trataram de nos
dar exemplos bem concretos. As empresas que se
preocuparam com limites responsáveis de riscos
nas decisões conseguiram se preservar”, comentou.
No lado oposto, empresas como Sadia e Aracruz
mostraram os efeitos de medidas que, tendo a
contrapartida de carregar muitos riscos, buscaram
gerar receitas dissociadas do seu foco produtivo. “É
bom lembrar aos participantes que nenhuma das
empresas nas quais a PREVI está no bloco de controle
registrou problemas tão graves”, disse Aloisio.
Para ele, a sustentabilidade refere-se a processos
de geração de valor que se tornam permanentes,
colaboram com a sobrevivência das instituições
e podem ser replicados em diferentes contextos.
No aspecto mais amplo, o presidente do BNDES,
Luciano Coutinho, destacou pilares que deram
sustentabilidade à economia do Brasil, quando a
crise estava no seu pior momento. Coutinho mencionou
o controle da inflação, o volume de reservas
internacionais do País, hoje próximo a 213 bilhões
de dólares, a estabilidade política e institucional,
bancos públicos com atuação bem demarcada,
mercado interno forte, além da boa fase de significativos investimentos públicos, a exemplo das obras
do PAC e das descobertas de petróleo nas camadas
do pré-sal. Luciano Coutinho também destacou
que os desafios para o País são grandes, a exemplo
da necessidade de inovação das indústrias e de sua
competitividade internacional.
Para o Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo,
que tem opinião alinhada à do presidente
do BNDES, o Brasil é hoje “um país previsível, no
sentido de ter uma economia sólida e estável”, e
que sai mais forte da crise do que quando entrou,
inclusive se comparado aos países mais ricos. |