|nº 144| Set 09

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Mudanças na supervisão do mercado

O aperfeiçoamento da supervisão dos riscos de mercado é um aspecto fundamental para manter a confiança dos investidores, os padrões adequados da governança corporativa e a estabilidade no cenário econômico. Essa foi uma das mensagens que a presidente da CVM, Maria Helena Santana, trouxe para os participantes do Encontro.

Maria Helena destacou os esforços de regulação da CVM destinados a acompanhar a qualidade das demonstrações fi nanceiras das companhias. Também lembrou a necessidade de as empresas divulgarem políticas de gerenciamento de riscos e o empenho da CVM no sentido de acompanhar a responsabilização dos administradores, tanto no caso dos dirigentes profissionais – diretores, técnicos executivos – como no dos representantes dos controladores, os conselheiros.

“A mensagem deixada pela presidente da CVM foi muito importante pelo momento no qual nos encontramos, especialmente pelas mudanças na instrução 202, que propõem um novo nível de transparência nas informações fornecidas pelas empresas abertas brasileiras”, avalia Renato Chaves, ex-diretor de participações da PREVI, conselheiro da Contax e coordenador do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, o IBGC.

As mudanças às quais Renato se refere, relativas à Instrução 202, de 1993, estiveram em consulta pública até outubro. A Instrução reformulada deverá ser publicada até o final de dezembro, e entrará em vigor a partir de janeiro de 2010.

Dentre as muitas mudanças propostas e já divulgadas pela CVM, parte se refere à transparência quanto aos salários dos administradores, uma das mais polêmicas do conjunto de medidas, e que também foi tema de uma das palestras do Encontro de Conselheiros. Segundo as novas regras da CVM, as empresas deverão apresentar salários por órgão de administração – conselhos e diretoria – identificando a maior e a menor remuneração em cada órgão, além da média dos salários. Até hoje, as empresas só divulgavam o valor global da remuneração dos administradores, sem o detalhamento agora exigido. Vale lembrar que as discussões sobre bônus, participação nos lucros e níveis de remuneração de administradores estiveram no centro da crise global, uma vez que estariam relacionadas aos riscos tomados por empresas para “turbinar” receitas com alavancagens financeiras desastrosas.

Síntese de ideias discutidas no Encontro

  • A relação é estreita entre sustentabilidade e controle de riscos. Decisões responsáveis, não “alavancadas” por grande exposição a riscos, tendem a ser perenes, a poder ser replicadas e preservar a sobrevivência das organizações.
  • Mudanças nas regras de supervisão do mercado darão ênfase à transparência na divulgação de políticas de controle de riscos. Também definirão responsabilidades pelas decisões.
  • Além da maior responsabilização, a diversidade de agendas é uma forte tendência na atuação dos conselheiros. Em vez do olhar estrito sobre o desempenho econômico e financeiro das empresas, estão em pauta questões ambientais e de responsabilidade social.
  • Comunicação e treinamento dos conselheiros são importantes para que sua atuação possa alinhar expectativas das empresas, do mercado e da sociedade.
  • A situação macroeconômica do País, que se mostrou forte diante da crise, é aliada das empresas, dos investidores e dos órgãos de supervisão quando se trata do gerenciamento de riscos. Contribuem para um ambiente de estabilidade e de previsibilidade que favorece políticas de transparência.
  • De pauta antes relativamente secundária, o controle de riscos veio para ficar. E agora permeia todos os contextos nos quais as empresas atuam.

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