Redução de juros traz novos desafios
Além de estudar todos os cenários econômicos, a PREVI age para garantir rentabilidade necessária em seus ativos
Diversos segmentos da economia têm
celebrado a trajetória de queda da taxa
básica de juros (Selic) para a casa de
um dígito. Para quem acostumou-se
a ver o Brasil alinhado entre os países
com as taxas mais elevadas do mundo, de fato, há
motivos para alegrar-se com a redução dos juros.
Mas tudo tem dois lados, e se, com a queda, pagase
menos juros, por outro lado, quem investe em
Renda Fixa, ganha menos. Os fundos de pensão,
incluindo a PREVI, são investidores. Manter a
rentabilidade de suas aplicações alta o suficiente
para arcar com seus compromissos de longo prazo é o desafi o que o novo cenário impõe a todas as
entidades de previdência complementar.
Somado à diminuição dos juros, outro fator
contribui para que os fundos de pensão tenham
que ser mais ousados e criativos na busca da
rentabilidade: o aumento da longevidade dos
brasileiros. O crescimento da expectativa de vida é, sem dúvida, uma boa notícia. Mas também
implica a necessidade de mais recursos para pagar
benefícios e pensões por um período maior
de tempo.
Diferença entre os planos
Os efeitos provocados pela redução dos juros
são diferentes em cada plano. Cada um possui
volume próprio de recursos e uma política de
investimentos. O Plano 1 e o Plano PREVI Futuro
têm características e situações bastante distintas,
até mesmo em função do tempo. Um é de 1967;
outro completou no ano passado sua primeira década.
O PREVI Futuro, mais jovem, é praticamente
um plano em fase de acumulação de recursos e crescimento, enquanto o Plano 1 tem cada vez
mais pessoas recebendo seus complementos de
aposentadoria. O Plano 1 é um plano de benefício
defi nido, que não admite adesões desde 1998,
enquanto o PREVI Futuro é um plano de contribuição
definida em sua parte geral e de benefício
definido para os benefícios de risco.
No Plano 1, a taxa de juros atuarial é uma premissa
revista ano a ano. De maneira resumida,
podemos dizer que essa taxa estima o rendimento
real que as aplicações dos recursos garantidores
devem ter para assegurar o pagamento dos benefícios
previstos nos planos e corresponde à taxa
real de juros utilizada pelo modelo atuarial para
avaliar, na data presente, o montante do passivo
previdencial. Quanto menor a taxa de juros atuarial,
maior será o valor da reserva matemática,
sendo necessária maior disponibilidade de ativos
de investimentos para honrar os compromissos
de médio e longo prazos dos planos de benefícios.
Ou seja, é preciso que os investimentos rendam,
no mínimo, a taxa de juros atuarial acrescido
do INPC para fazer frente ao pagamento dos
compromissos previdenciários.
No PREVI Futuro, a conta é feita de forma diferente.
A partir dos valores de contribuição definida
que formarão as reservas dos participantes ao
longo dos anos, e estimando-se uma rentabilidade
para esses valores aplicados e a expectativa de
vida dos participantes, é que se projeta o valor do
complemento de aposentadoria ou pensão. Os
valores que serão efetivamente recebidos pelos
participantes dependerão da rentabilidade auferida ao longo do tempo.
A evolução dos investimentos
A queda dos juros não chega a ser exatamente
uma surpresa. O Brasil está na rota do crescimento
sustentável e, reivindicada por muito setores, a
redução das taxas estava prevista nos cenários das
Políticas de Investimentos do Plano 1 e do PREVI
Futuro, elaboradas para o período 2005-2012. Já
em 2004, a Política de Investimentos fazia exercícios
de simulação considerando a queda das taxas.
Para construir as políticas de investimentos, a
PREVI utiliza ferramentas de planejamento para
visualizar panoramas macroeconômicos e fazer
análises de ALM (Gestão de Ativos e Passivos),
considerando cenários que vão do otimista ao
de estresse. A redução da taxa básica de juros e o
fluxo de pagamentos de dividendos por parte das
empresas participadas são alguns dos elementos
que entram nessas análises.
Anualmente, a definição da taxa atuarial envolve
estudos das diretorias de Planejamento, de Investimentos
e de Participações. Posteriormente, as Políticas
de Investimentos de cada plano são aprovadas
pela Diretoria Executiva, a partir de proposta
formulada pela diretoria de Planejamento.
A PREVI sempre se destacou, entre os fundos
de pensão, por iniciativas pioneiras e por não se
acomodar em uma zona de conforto proporcionada
pelos juros elevados outrora pagos pelos
investimentos em títulos públicos de Renda Fixa.
Foi assim na década de 1980 quando começou a
investir fortemente em Renda Variável (ações).
Na década de 1990, com visão de longo prazo
subsidiada por profundas análises setoriais e de
empresas com potencial de crescimento, teve participação
ativa nas privatizações de estatais. Ainda
que, à época, o assunto despertasse acalorados
debates ideológicos, do ponto de vista de gestão
de investimentos, as privatizações revelaram-se
bom negócio para os fundos de pensão.
Por exemplo, em 2002, os investimentos da
PREVI no setor de mineração por meio da Vale
(ex Cia. Vale do Rio Doce) eram de 0,6% dos
recursos garantidores do Plano 1. Em 2007, esse
percentual já havia saltado para 17,4%. Esse
crescimento ocorreu exclusivamente em função
da própria valorização da Vale. Nesse período,
não houve novas aquisições, que só ocorreram
na oferta pública de 2008.
Já nesta década, outro movimento importante
da PREVI foi o alongamento do prazo dos títulos
públicos de Renda Fixa indexados à inflação.
Foram comprados títulos (NTN-B) com prazo
extenso e taxas atrativas, em uma oportunidade
negocial para proteger a carteira, uma vez que
ofereciam uma rentabilidade acima do que era
esperada no futuro. Atualmente, esses títulos, no
caso de novas aquisições, têm remuneração menor
em virtude da queda de juros.
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