No início de 2008, o mundo viveu uma contradição bem representativa deste cenário de dúvidas e incertezas. Em meio à recessão e crise de crédito, houve um pico de inflação mundial, puxado pelo preço das commodities (petróleo, minério e grãos). Sendo a inflação uma doença típica de um crescimento do consumo maior que o crescimento da oferta, como explicar isso em meio a todos os sinais de recessão nas principais economias?
Este é, de fato, um momento de poucas certezas e muita cautela. Os mercados estão nervosos e movem- se de forma bipolar, com altas e baixas muito intensas. Não é conveniente precipitar-se e seguir a excessiva volatilidade das bolsas neste momento. Esta é a opinião de Cláudio Adilson Gonçalves, da MCM: “no curto prazo ainda teremos muita turbulência, mas, passado o vendaval, há muito espaço para o crescimento das empresas brasileiras na Bolsa. A menos que precise muito fazer caixa, eu recomendo ao investidor que não queime suas ações e espere melhores tempos”.
Surpresa: as economias emergentes contrabalançam a crise americana
A crise americana de alguma forma se alastrou para outras grandes economias do mundo ou, pelo menos, serviu para agravar os problemas próprios que estes países já enfrentavam. A Europa passou a evidenciar problemas semelhantes aos dos EUA, com o estouro de bolhas imobiliárias locais, perdas de bancos, retração do crédito e, por fim, redução do crescimento e até recessão em alguns países.
O Japão, que havia demonstrado um fôlego recente depois de muitos anos de estagnação, regrediu.
Ao mesmo tempo, as economias emergentes deram sinal de muito vigor ainda no primeiro semestre de 2008. Os BRICs continuaram crescendo praticamente ao mesmo ritmo de antes, num processo comandado essencialmente pelos seus mercados internos. A China, o gigante em todos os termos, parou um pouco por conta das Olimpíadas, mas agora já está de volta. Esses países respondem hoje por 20% do PIB mundial, mas foram responsáveis por cerca de 70% da taxa de crescimento da economia global nos últimos anos.
Incertezas ainda são dominantes
Durante o mês de setembro, parece que a crise viveu seus piores momentos. Com a quebra de grandes instituições financeiras (Freddie Mac, Fannie Mae, Lehman Brothers) e ameaças sérias sobre outras, as expectativas tornaram-se sombrias e a incerteza passou a dominar, mais do que em outros tempos, o horizonte dos analistas. Quem realmente pode saber a situação de outros bancos? Quem pode calcular o sucesso ou não das medidas adotadas? Quem pode simular os efeitos em cadeia que a destruição de riqueza e a restrição de crédito vai trazer?
Dizer que não se pode ter certeza do futuro não quer dizer que vamos jogar tudo para cima e ficar simplesmente assistindo e esperando o vendaval passar. Aceitar as dificuldades de fazer previsões razoáveis neste cenário é um bom ponto de partida para adotar posições de cautela e reforçar as medidas de segurança para lidar com o pior.
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