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Edição » Capa » Crise: maior, mais longa e mais complexa do que se imaginou |
Os bancos, por sua vez, transformavam os créditos imobiliários em produtos financeiros complexos, como cotas de fundos, que eram negociados em Bolsa. Para fins de colocação em mercado, dividiam essas cotas e as agências especializadas as classifi cavam em três grupos, conforme o grau de risco desses créditos.
De modo simplificado, esse processo de agrupar as dívidas e transformá-las em papéis que são comprados e vendidos no mercado financeiro chama-se securitização. Por um lado, a securitização permite que os bancos emprestem mais dinheiro para financiamentos imobiliários e dilui o risco de cada hipoteca individualmente. Por outro, ela se tornou um canal, nesse caso, para espalhar os prejuízos por todo o setor e levar a bolha imobiliária a instituições financeiras, seguradoras e fundos de investimento mundo afora.
De acordo com o Boletim Visão do Desenvolvimento nº 44, elaborado pelo BNDES, depois de chegar a 8,2 milhões de residências comercializadas em 2005, as vendas caíram gradualmente. Os preços das casas começaram a ceder ao fi nal de 2006 e os juros, que vinham subindo desde 2004 para conter a infl ação, encareceram o crédito. Com isso, fi cou mais difícil renegociar uma hipoteca subprime. O imóvel já não era sufi ciente para garantir o empréstimo. E começou a onda de inadimplência, que adquiriu proporções cada vez maiores.
Em fevereiro de 2007, o HSBC nos EUA foi o primeiro banco a anunciar perdas. Em abril, uma das principais instituições de hipotecas subprime dos EUA, a New Century Financial, pediu concordata. Em junho, dois fundos de investimento do Banco Bear Stearns quebraram. Em julho do ano passado, outra gigante do setor, a Countrywide Financial, anunciou péssimos resultados. Em setembro, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começou a reduzir a taxa básica de juros para estimular a economia e tentar afastar os temores de uma recessão.
Em 2008, as notícias ruins continuaram. Em fevereiro, o Banco da Inglaterra nacionalizou o banco Northern Rock, em graves dificuldades. Em março, o segundo maior banco americano, JP Morgan, comprou o Bear Stearns, com apoio do Fed, para evitar o efeito dominó na quebradeira. Em julho, o Banco IndyMac, com forte atuação em hipotecas subprime, sofreu intervenção. Em setembro, duas grandes agências hipotecárias norte-americanas, Fannie Mae e Freddie Mac, foram nacionalizadas. E, finalmente, os episódios recentes do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimento dos EUA, da aquisição do Merril Lynch pelo Bank of America e da estatização da AIG. |
Final de 2006 |
Preços dos
imóveis nos
EUA caem |
Fev 2007 |
HSBC anuncia
perdas |
Abr 2007 |
New Century
Financial pede
concordata |
Jun 2007 |
Fundos de
investimento
do Bear
Stearns
quebram |
Jul 2007 |
Countrywide
Financial
anuncia
péssimos
resultados |
Set 2007 |
Fed reduz taxa
básica de juros
nos EUA |
Fev 2008 |
Inglaterra
nacionaliza
o banco
Northern Rock
|
Mar 2008 |
Banco JP
Morgan
compra o Bear
Stearns |
Jul 2008 |
Banco
IndyMac sofre
intervenção |
Set 2008 |
Agências
hipotecárias
Fannie Mae
e Freddie
Mac são
nacionalizadas |
Set 2008 |
Banco Lehman
Brothers
quebra |
Set 2008 |
Bank of
America
compra o
Merril Lynch |
Set 2008 |
Seguradora
AIG é
estatizada |
Set 2008 |
Governo
americano
tenta aprovar
pacote de
socorro aos
bancos |
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