Nos últimos meses, a economia mundial entrou em crise, passando rapidamente pelos estados de apreensão, pessimismo e pânico. No início de outubro, quando esta revista estava sendo escrita, sinais desse pânico aparecem aqui e acolá, com quedas recordes na bolsa e crise de confiança se espalhando dos EUA para a Europa e resto do mundo.
As mais sofisticadas instituições da economia moderna – o Sistema Financeiro dos países desenvolvidos e seus poderosos Bancos Centrais – parecem terem sido pegos de surpresa. Desde o primeiro momento, parecem incapazes de entender o que se passa, não conseguem sinalizar a extensão dos problemas, tomam medidas que chegam atrasadas e mal tapam um buraco e a água já começa a vazar em outros lugares.
Esta seqüência de indefinições e incertezas tornou-se um componente da própria crise, talvez maior até do que suas razões originais (o tal do subprime). Todos nós, que somos bancários, sabemos que os bancos funcionam com base na confiança. Se a confiança se quebra, todo o alicerce do sistema financeiro fica abalado, mesmo que estes fundamentos estivessem essencialmente saudáveis. Outra forma de dizer a mesma coisa é que o sistema financeiro é como um comboio de bicicletas. Elas só ficam de pé se estiverem todas andando.
Dada a profunda interligação da economia mundial – fator que tem sido apresentado como uma das características mais marcantes da era da “globalização” – a crise mal gerida em um país do tamanho dos EUA acaba chegando a quase todos os outros países, ainda que em proporções diferentes. No Brasil, comparando a situação atual com os impactos de outras crises, podemos dizer que conseguimos resistir bastante e até bem. Mas não há como impedir totalmente a contaminação.
Num primeiro momento, naquilo que interessa mais diretamente à PREVI, sentimos o efeito na queda contínua do valor das ações negociadas na Bovespa. Inicialmente esta queda esteve muito associada à retirada de investimento estrangeiro. Hoje a queda persiste pela incerteza sobre qual será o grau de recessão nas principais economias e quais serão seus efeitos sobre a receita das empresas.
No interior desta Revista, tentamos passar a nossa visão sobre esta crise e como ela está atingindo a PREVI, tanto no Plano 1 quanto no Plano PREVI Futuro. Acreditamos que as reservas acumuladas nos últimos anos serão fundamentais para suportar um período de vacas magras que ainda não sabemos bem quanto vai durar. Não vislumbramos riscos à nossa segurança mas, sem dúvida nenhuma, houve uma grande mudança de cenário de curto e talvez médio prazo.
Esperamos que leitura da Revista ajude a compreender melhor algumas coisas relativas a este momento e, daqui para a frente, a acompanhar passo a passo este ambiente de grande “volatilidade”, como gostam de dizer os economistas.
Sérgio Rosa
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