2009, ano de recuperação
Sérgio Rosa relata como a saída da crise está sendo mais rápida para o País e para a PREVI , que teve no último período resultado bem superior a sua meta atuarial
Se o balanço de 2008 deixava um travo amargo na língua, por conta de uma crise mais grave do que os analistas poderiam prever, os resultados dos últimos doze meses são exatamente o contrário. A saída da crise está sendo muito mais rápida que as previsões; e a PREVI, embora não tenha os números oficiais fechados, projeta rentabilidade de 28% para o Plano 1 e de 27% para o PREVI Futuro, bem acima da meta atuarial de 10,28%. Esse fato abre a perspectiva de novas discussões sobre o uso do superávit, mas, mais importante, demonstra a solidez para honrar compromissos com os associados. “Na minha opinião, todos deveríamos ficar muito conscientes dessa importância. Se pudermos ter ganhos adicionais, isso é ótimo, mas a base de tudo tem de ser a segurança”, afirma o presidente da PREVI, Sérgio Rosa. Veja os principais trechos da entrevista concedida à Revista PREVI.
Revista PREVI – Segundo resenhas e analistas, o ano de 2009 foi bem melhor que o esperado, invertendo as expectativas negativas após a crise de 2008. Como foi esse ano para a PREVI?
Sérgio Rosa – O ano de 2009 foi realmente melhor que o esperado. No final de 2008 e começo de 2009 o cenário era muito nebuloso e acho que ninguém apontava para o que realmente aconteceu. A economia mundial tornou-se extremamente complexa e, embora interligada em muitos aspectos, alguns países e regiões apresentam dinâmicas bastante distintas. A capacidade
de fazer previsões tornou-se um tanto limitada,
até porque os mercados não respondem da maneira
como os analistas projetam. Assim como
a crise pegou quase todo mundo de surpresa, a
recuperação pós-crise também está fugindo um
pouco do ritmo previsto pela média dos analistas.
Mas em meio a tudo isso, acho que a melhor
notícia é que o Brasil deu um salto na percepção
do mundo. A resposta brasileira à crise, a sustentação
do consumo, a estabilidade do sistema
bancário, a solidez dos dados macroeconômicos
e a perspectiva de crescimento forte do PIB já
para 2010 colocou o Brasil em um novo lugar na
visão da comunidade financeira internacional.
Revista – Se a economia brasileira sofreu menos
e recuperou-se mais rapidamente, então isso foi
bom para a PREVI?
Sérgio – O que aconteceu na economia brasileira
foi surpreendente. A Bolsa valorizou quase
80% no ano, mostrando retomada de produção
das empresas e crença dos investidores
(especialmente estrangeiros) no futuro dessas
empresas. Os imóveis se valorizaram, fruto da
retomada do crescimento, da redução da taxa
de juros e dos programas de financiamento que
estão facilitando a aquisição. O consumo das
famílias manteve-se em crescimento, aumentando
as receitas de shoppings, por exemplo.
Tudo isso teve um efeito positivo para os investimentos
da PREVI.
Revista – A Bolsa tem importância muito grande
para a PREVI, pois é onde se busca rentabilidade
acima da taxa de juros. O ano de 2008 mostrou
que a Bolsa pode ser muito sensível a crises.
Como entender os prós e contras da Bolsa
para a PREVI? Continua sendo uma estratégia
adequada?
Sérgio – A PREVI tem experiência bem sucedida
de investimentos na Bolsa, ou seja, em
empresas. É claro que existem riscos maiores e
variações intensas em alguns momentos. Mas
pensando no longo prazo, achamos que faz todo
sentido manter investimento em ações, tanto
para o Plano 1 quanto para o PREVI Futuro.
A rentabilidade dos dois Planos mostra que há
prêmios importantes a conquistar. Essa é uma
opção que procuramos explicar o tempo todo e
de alguma maneira sentimos que os participantes
nos apoiam nessa decisão. Há muitos fundos
em que os investimentos estão concentrados na
renda fixa. Assim, a rentabilidade fica sempre
próxima da taxa básica de juros. Os gestores
desses fundos podem comemorar quando conquistam
1 ou 2 pontos percentuais acima das
taxas básicas, e sempre mostram a estabilidade
como um trunfo. Mas nós achamos que isso é
pouco para uma estratégia de investimento de
trinta anos.
Revista – Falando nos resultados de 2009, que
sinais podem ser dados sobre o desempenho
da PREVI? Sabemos que os números finais dependem
de auditorias e aprovações, mas, em
termos gerais, o que pode ser dito sobre 2009?
Sérgio – O ano de 2009 foi bom para o Plano
1 e para o PREVI Futuro, e a rentabilidade dos
dois Planos deve ficar em torno de 28% e 27%,
respectivamente, o que é bem acima da nossa
meta atuarial, que foi de 10,28%. Muitas vezes
nos perguntam se já recuperamos as perdas
sofridas em 2008, e a resposta que podemos
dar é positiva. Vamos fazer uma simulação bem
simples, só para ilustrar. Se no final de 2007 tínhamos
o equivalente a 100 e a rentabilidade do
Plano 1 em 2008 foi 11,49% negativa, significa
que chegamos ao final de 2008 com 88,51. Se
começamos 2009 com 88,51 e tivemos rentabilidade
próxima de 28% significa que estamos
com 113,29. É claro que isso mostra rentabilidade
média baixa na combinação dos dois anos,
mas representa efetivamente uma recuperação. Peço apenas para tomarem cuidado com esses
exercícios numéricos, pois além da variação das
aplicações temos as despesas com benefícios, que
não estão refletidas aqui.
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