O que você quer para o futuro?
A jornalista especializada em economia mara Luquet fala da importância do planejamento no longo prazo e dos cuidados com investimentos e aposentadoria
Mara Luquet participa de programas de rádio
e é sócia em uma editora com publicações
voltadas para desvendar os “segredos” da
economia. Nesta entrevista exclusiva para
a Revista PREVI, fala da importância do
planejamento de longo prazo e de definir um objetivo e
programar a própria aposentadoria o quanto antes. Sobre
a escolha de um perfil de investimento, diz que é “fundamental
definir e respeitar seu perfil... seu limite para riscos,
mas também os compromissos presentes e futuros”.
Revista PREVI – Como acreditar num sonho para daqui
a 30 anos, num ambiente econômico instável?
Mara Luquet – Hoje é mais fácil. Apesar da crise, vive-se
num país em que há uma moeda estável, permitindo pensar
no longo prazo. Recebi um e-mail de uma ouvinte que
gosta de investimentos, mas prefere que eu fale de outros
temas, não de aposentadoria, porque é muito nova. Mas
esse é o grande desafio, pensar na aposentadoria quando
se é novo exige menos esforço, a maior parte do trabalho
o tempo faz. Isso é uma coisa cultural, como o brasileiro
não teve educação financeira, não foi acostumado a pensar
nisso. Se o jovem começar a pensar agora terá um esforço
muito menor e vai se aposentar com muito mais grana.
No Brasil há outro problema sério que é cultuar a juventude, parece que o cara vai viver só até os 28 anos,
e não é. O aumento da expectativa de vida faz com que
se tenha de pensar na aposentadoria. Mas estou também
convencida de que o nome não é esse: aposentadoria.
Teremos de inventar outro. Aposentadoria acabou...
A gente não vai poder parar de trabalhar, e isso é uma
revolução. No Brasil, essa discussão não chegou. É uma
revolução porque muda toda a forma de pensar. Quem
quer se aposentar para parar de trabalhar e ficar com
os netos vai se cansar, porque os netos vão crescer, vão
envelhecer e ele ainda estará lá com os bisnetos.
Revista – A PREVI vai lançar num de seus planos a possibilidade
de o associado escolher um perfil de aplicação.
Essa opção é interessante?
Mara – É muito interessante. É fundamental você respeitar
seu perfil de investidor para não fazer bobagem no
meio do caminho. Para não ter um prejuízo desnecessário. É preciso definir e respeitar sua tolerância a risco. O que
acontece? Quando o mercado está em alta, todo mundo é
agressivo. Quando está em baixa, todo mundo é conservador.
Não se para para pensar no perfil. As pessoas perdem
dinheiro principalmente por ganância ou por medo. Perfil é definir o seu limite para riscos, mas também os seus
compromissos presentes e futuros, o quanto pode dispor.
Por que às vezes você é uma pessoa arrojada, mas tem três
filhos, não possui casa própria, ajuda o pai, tem um monte
de coisas para pagar. Daí não pode arriscar muito.
Revista – Hoje, qual seria a escolha de Mara Luquet?
Mara – Tendo a ser uma pessoa com perfil mais arrojado,
mas como tenho algumas obrigações acho que meu perfil é
moderado. Sou muito otimista, e os otimistas dificilmente
pensam que alguma coisa vai dar errado. Mas gosto mais
do equilíbrio, que é a solução para a maioria das coisas.
Revista – Que tipo de informação o participante deve
procurar antes de escolher o seu perfil?
Mara – Deve ver quanto tempo falta para se aposentar.
Por mais que a pessoa seja arrojada, é necessário ser mais conservadora se estiver à véspera da aposentadoria,
porque vai logo usar o dinheiro. Se está no início da
contribuição, mesmo sendo conservadora, é de bom
tom que tenha um pouquinho de ações, porque, num
período de trinta anos, é de se imaginar que terão uma
performance melhor. |