Revista – Há diferenças entre um investidor mais jovem e outro com mais experiência?
Mara – Quem é mais novo está no início do ciclo de
acumulação de patrimônio e tem mais pressão para
gasto. Pode estar estudando, casando, tendo fi lhos. O
mais velho já construiu um patrimônio e a tendência é
que tenha menos dívidas, os fi lhos já estejam criados etc.
Agora existem outros componentes, como seguro saúde
mais caro. O importante é ver qual sua renda e quais seus
compromissos, fazer uma continha básica.
Revista – Que dica daria para quem não está acostumado
a investir, quais os cuidados deve tomar?
Mara – Isso é uma questão muito importante. Não
saber se a bolsa vai subir ou descer, não conhecer macroeconomia
não quer dizer que você deva descuidar de suas
aplicações. As pessoas às vezes não sabem se seu dinheiro
está em renda fi xa ou em renda variável, o que é o básico.
Isso não é coisa de entendido. Hoje as informações básicas
estão disponíveis. A pessoa tem de saber onde seu
dinheiro está aplicado, quem está gerindo, qual o risco
que está correndo. Deve ser feita periodicamente a pergunta:
estou confortável com o risco que estou correndo?
Se você não sabe onde e por que está investindo e qual
o risco que está correndo é melhor gastar seu dinheiro,
porque em algum momento vai perder.
Revista – Cerca de 40% do PREVI Futuro são pessoas
que acabaram de entrar no Banco. Como despertar a
curiosidade delas em relação a esses assuntos?
Mara – Acho que é trabalhar com os sonhos de consumo
futuro, entender o valor do dinheiro no tempo,
porque as pessoas são muito fixadas no valor de hoje e
não fazem o exercício do que estão abrindo mão agora
por algo no futuro. Por conta da inflação anterior, ser um
país emergente etc. as pessoas não têm essa capacidade de
planejamento no longo prazo. A melhor coisa é trabalhar
com seus sonhos futuros, o que você quer?
Revista – Se fosse para estabelecer um patamar, o que seria uma boa renda de aposentadoria?
Mara – Não existe um número para todo mundo. Pior,
ainda estou tentando defi nir minha renda necessária.
Mas você precisa ter um objetivo. O grande ponto é que
não sabe quando sua vida vai terminar. Ninguém quer
ficar juntando dinheiro para um enterro de primeira e
não quer sair gastando tudo para, aos 60 anos, ter de ficar
na casa de um ou de outro como um miserável. Sem esse
equilíbrio é difícil. Mas você tem de saber quanto quer na
aposentadoria para não poupar mais nem menos.
O grande problema é que esse assunto não é discutido,
no máximo existe uma palestra de um vendedor de plano
de previdência privada, um PGBL. Mas é muito mais que
isso. Aposentadoria tem a ver com saúde, com segunda
carreira, com dinheiro no futuro, educação dos fi lhos etc.
Tem de pensar que você vai viver muito e bem. Fazer isso
não é simples. Depende de se planejar, conversar com a
família, definir objetivos etc. |