|nº 106| Setembro 05

Nesta Edição » Investimentos - Opportunity - Entenda o caso
Vitória da PREVI
Cena 9 - Fundos de pensão destituem o Opportunity


Os cotistas continuaram colhendo provas de má gestão do fundo CVC nacional, o que resultou em diversas queixas encaminhadas à CVM e dezenas de ações judiciais.

Só restaram, então, duas opções. Uma era manter a coisa do jeito que estava, com o Opportunity à frente do fundo. A outra opção seria substituir o Opportunity por outro gestor alinhado com os investidores, com uma estratégia clara para a venda dos ativos e uma solução para os conflitos. O Opportunity se manteria na gestão do fundo CVC estrangeiro e continuaria com a maioria do capital nas empresas. Mas, pelo menos, os fundos de pensão teriam à frente do CVC nacional um gestor que defendesse seus interesses. Foi decidida a substituição do gestor.

Havia, entretanto, um problema para isso, que era de quorum , já que o regulamento do fundo exigia o voto de 90% dos cotistas para a destituição. Ocorre que a Fundação Sistel - Plano Brasil Telecom detinha 19% das cotas do CVC nacional, o que significava que sem o seu voto esse quorum não seria atingido. E qual o problema? A Fundação Sistel - Plano Brasil Telecom tinha como gestor um fundo indicado pelo Opportunity.

Com vários pareceres jurídicos, os demais cotistas do CVC nacional levantaram o impedimento de voto da Fundação Sistel. O argumento foi que havia um conflito de interesses, uma vez que a fundação era representada por um administrador do próprio Opportunity.

Com base nisso, todos os demais cotistas (99% dos votos válidos) decidiram pela destituição do Opportunity, em outubro de 2003. Com a destituição do gestor, o fundo passou a chamar-se Investidores Institucionais-FIA.

Cena 10 - Mais uma do Opportunity

Logo após a sua destituição do CVC nacional, o Opportunity divulgou um Acordo de Acionistas que teria sido firmado entre o CVC nacional, o CVC estrangeiro e o Opportunity Fund. A publicação desse Acordo foi uma surpresa, pois sua existência era totalmente desconhecida das empresas, da CVM e dos investidores. Além disso, o Acordo foi assinado exclusivamente pelo Opportunity, que se aproveitou da condição de gestor. Foi um acordo dele com ele mesmo. O Acordo (chamado " umbrella ") estipula o controle por 15 anos das empresas nas mãos do Opportunity.

A regra básica é que se o Opportunity fosse destituído do CVC nacional ou do CVC estrangeiro, o poder de voto desses fundos de investimento passava para o Opportunity Fund, que é acionista minoritário. Imediatamente os investidores brasileiros ingressaram com ações na Justiça. Uma das razões da aproximação com o Citibank foi a união de esforços para anular este Acordo. Em abril de 2005, a CVM emitiu parecer considerando que o Opportunity agiu de má-fé.

Cena 11 - Espionagem

No final de 2004, estourou mais um escândalo envolvendo o Opportunity. A Polícia Federal descobriu que a Brasil Telecom havia contratado a empresa de investigação Kroll e que, juntos, haviam realizado atividades ilegais de espionagem. A Polícia Federal apresentou denúncia ao Ministério Público, que decidiu solicitar o indiciamento de dirigentes do Opportunity e da Brasil Telecom por formação de quadrilha, processo que foi acolhido pela Justiça.

Cena 12 - A contratação do novo gestor para o fundo CVC

Onze dos catorze cotistas do Fundo Investidores Institucionais-FIA (antigo CVC nacional), representando 81% das cotas emitidas, formaram uma comissão para selecionar e entrevistar candidatos a Gestor/Administrador do fundo.

O trabalho foi posteriormente apresentado aos demais cotistas, a fim de que o nome escolhido fosse indicado na Assembléia de Cotistas. Onze empresas (entre grandes bancos e gestores de fundos) foram consideradas. Na etapa final, quatro candidatos foram entrevistados. O grupo acabou optando pelo Mellon como administrador e pela Angra Partners como gestora. Ambos possuem experiência internacional. A Angra é associada ao Monitor Merchant Banking, presente em 23 países.