|nº 106| Setembro 05

Nesta Edição » Investimentos - Opportunity - Entenda o caso
Vitória da PREVI
Cena 6 - Sem saída


Uma das principais fragilidades do negócio era a ausência de regras claras de saída do fundo CVC nacional. Um dos segredos dos investimentos que é “saber como sair” não estava previsto.
Não foram formalizados acordos iniciais entre os fundos nacional e estrangeiro que previam questões como: direito de venda conjunta; tag along (que, em caso de venda da empresa, garante os mesmos preços e condições para os acionistas) e direito de preferência para a compra (caso algum sócio decidisse vender).
Esses direitos foram garantidos ao CVC estrangeiro. Se o fundo nacional fosse vender suas participações, o CVC estrangeiro tinha a garantia de que também teria a sua participação comprada.

A ausência desses acordos era uma fragilidade da posição dos fundos de pensão que, em caso de venda das empresas, poderiam ver seus recursos virarem pó. Afinal quem iria querer comprar ações de empresas sem liquidez (como era o caso da Zain e Invitel), que não pagam dividendos, e ainda ficar na condição de minoritário?
Cena 7 - Cotistas rejeitam a conta

Além desses problemas na estrutura societária original, os fundos de pensão foram colhendo uma série de indícios de problemas de gestão. Ainda em 1999, foi contratada uma auditoria para examinar as contas do fundo CVC nacional. Constataram-se problemas na gestão das companhias que afetavam de forma real a capacidade de gerir os investimentos. Entre os problemas verificados à época estão:

  • cobranças de taxas indevidas pelo Opportunity;
  • patrimônio líquido do fundo inflado em R$ 240 milhões (como a taxa de administração é calculada sobre o patrimônio líquido, o Opportunity receberia uma remuneração maior);
  • contratações irregulares de executivos pelas empresas para prestar serviços ao Opportunity.

Em função desses e de outros problemas, os cotistas do CVC nacional decidiram reprovar as contas em 2000. A CVM, em decisão inédita, obrigou o Opportunity a refazer as contas, particularmente em relação aos valores das taxas de administração.

Cena 8 - Consórcio voa

Este episódio ilustra as situações verificadas no fundo CVC nacional. O Opportunity constituiu um consórcio para adquirir três aeronaves que, em tese, serviriam às empresas Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazônia Celular. Foram investidos 35 milhões de dólares na compra, fora o custo de R$ 15 milhões com despesas anuais. A maior parte foi paga pelas companhias: Brasil Telecom, 70%; Telemig, 26%; Opportunity, 3,3%.
No entanto, pelo modelo montado, o Opportunity tornou-se o líder do consórcio e, portanto, administrava o uso das aeronaves. Em determinado momento, os cotistas pediram a prestação de contas de como eram utilizadas essas aeronaves, quem viajava e para onde? Essa prestação de contas não foi apresentada. Nunca os cotistas tiveram acesso a um relatório de como essa frota era utilizada.