Fundos discutem Responsabilidade Social Empresarial
O fórum de discussão sobre políticas de RSE buscou estabelecer mecanismos contínuos de intercâmbio entre os fundos de pensão, em suas diversas dimensões
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Com o objetivo comum de chegar às melhores
práticas de gestão socialmente
responsáveis, quatro importantes Entidades
Fechadas de Previdência Complementar – PREVI, Petros (Petrobras),
Valia (Vale) e Real Grandeza (Furnas) – realizaram
a primeira Oficina de Responsabilidade
Socioambiental dos Fundos de Pensão.
Cerca de 60 profissionais de diferentes áreas de
atuação se reuniram para identificar as práticas de Responsabilidade Social Empresarial (RSE)
já existentes nestas Fundações e definir novas
ações alinhadas ao segmento. Os participantes se
dividiram em seis mesas temáticas conforme área
de atuação: Investimentos Socialmente Responsáveis;
Governança e Responsabilidade Social nas
empresas participadas; Canais de comunicação;
Relação com fornecedores; Gestão de Pessoas e
Governança e Gestão.
Na abertura do Encontro, o presidente da PREVI, Sérgio Rosa, lembrou da emergência do tema enquanto
pauta mundial e da importância do esforço
coletivo e institucional para tentar diminuir os
impactos ambientais. “Não somos concorrentes,
nem competimos. Isso estimula a cooperação e o
compartilhamento de idéias”, disse Sérgio Rosa,
afirmando que a troca de experiência pode e deve ser
ampliada para outros temas. Wagner Pinheiro, presidente
da Petros, destacou a participação dos fundos
de pensão no Programa da ONU que aponta os
Princípios para o Investimento Responsável (PRI). “Somos investidores de longo prazo e a longevidade
do nosso negócio exige que nos preocupemos de
fato com as boas práticas que permitam a sustentabilidade”,
afirmou Pinheiro. Também estiveram
presentes os dirigentes Maurício Wanderley, diretor
de investimentos e finanças da Valia e Sérgio Fontes,
diretor-presidente da Fundação Real Grandeza.
A iniciativa conjunta dos fundos de pensão
segue o conceito de economia civil sugerida pelos
autores do livro Os Novos Capitalistas, cuja versão
em português foi viabilizada em 2008 pela PREVI,
em parceria com a editora Elsevier. Segundo
Stephen Davis, Jon Lukomik e David Pitt-Watson,
a economia civil é um fenômeno global no qual
os trabalhadores, por meio de suas poupanças,
tornaram-se acionistas majoritários das empresas
mais poderosas do mundo. Para os autores, essa
nova economia se consolida com a conscientização
desses cidadãos investidores que passam, no contexto atual, a cobrar investimentos responsáveis e
lucratividade sustentável dos grandes fundos de investimento
e de pensão a quem confiam seu capital.
Para o professor Fábio Rocha, mestre em Responsabilidade
Social e Sustentabilidade, pela
Universidade Federal Fluminense (UFF), “a Responsabilidade
Social Empresarial ainda está caminhando
no âmbito filantrópico, mas esse perfil já é
um começo. Para obtenção de melhores resultados,
faz-se necessária a internalização da RSE. As ações,
nesse sentido, devem estar alinhadas ao negócio
da empresa e, para que sejam reconhecidas como
socialmente responsáveis, é preciso definir a atual
posição e aonde se quer chegar”. Em consonância
com o conceito de economia civil dos Novos Capitalistas,
Rocha destacou a capacidade de influência
exercida pelos fundos de pensão na economia
do País e relacionou a Responsabilidade Social
Empresarial ao dever fiduciário dos fundos, ou
seja, ao compromisso de administrar os recursos
do participante com responsabilidade,
confiança e segurança.
Assim como os dirigentes, Rocha
relacionou a longevidade do setor
com a necessidade de uma gestão
socialmente responsável.
Organizado pela PREVI, o
Fórum foi realizado em 31/8, no
Centro Cultural Banco do Brasil
(CCBB), no Rio de Janeiro. A
ideia é que os eventos tenham
organização rotativa e que mais
fundos participem das próximas
edições. |