|nº 135| Ago 08

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Bom momento para aprender o abc do futuro

Informações disponibilizadas para associados dos fundos de pensão adquirem cada vez mais importância para que possam participar da gestão e fiscalizar suas entidades


A sociedade está com os olhos voltados para a previdência fechada. Os números ajudam a explicar: os ativos dos fundos de pensão ultrapassam R$ 400 bilhões e correspondem a mais de 17% do Produto Interno Bruto (PIB), bem acima do 1,1% do PIB registrado em 1977. É nesse contexto de fortalecimento da poupança previdenciária que o governo volta-se para a educação do participante de fundo de pensão.
“Um profissional que entra hoje numa empresa analisa também a cesta de benefícios, cuja coroa é o plano de previdência. Por isso, é preciso que o participante de um fundo de pensão tenha clareza a respeito do que é oferecido em termos de benefício”, explica Carlos de Paula, secretário-adjunto de Previdência Complementar. Para ele, a estrela do fundo de pensão é, cada vez mais, a participação ativa do associado, aquele que vai analisar criticamente as informações que lhe são prestadas. Um conjunto de fatores confirma esse novo momento. “As pessoas estão vivendo mais e melhor. O país conquistou grau de investimento. É um outro Brasil, com outro tipo de consumidor, de profissional. São pessoas que demandam mais informação. E, com a atual legislação, o associado está participando ainda mais da gestão do fundo de pensão”, diz o secretário.

Educação é a palavra-chave
O governo está estimulando os fundos de pensão a investirem no conhecimento dos participantes. Neste ano, o Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC), órgão vinculado ao Ministério da Previdência Social, recomendou que os fundos de pensão elaborem programas voltados para a educação previdenciária de seus participantes, de modo a assegurar o pleno acesso às informações inerentes aos planos de benefícios. O objetivo é que os participantes tenham acesso a todas as informações possíveis sobre suas reservas, sejam instruídos (desenvolvam habilidades que facilitem a compreensão de termos e conceitos) e orientados para o melhor uso dessas informações e instruções prestadas pelo fundo de pensão. Com essa iniciativa – formalizada pela Recomendação CGPC nº 1, de 28/4/2008 – a educação previdenciária firma-se como objeto das políticas públicas, o que demonstra intenção do governo de tornar o brasileiro mais consciente em relação às suas próprias finanças.
Carlos de Paula adianta idéias ainda em discussão como a criação da universidade dos fundos de pensão e a introdução da educação previdenciária na grade curricular de universidades. São iniciativas do Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização (Coremec), mas que ainda estão em fase preliminar de entendimentos com o Ministério da Educação. “Estamos procurando pelo menos assegurar a realização de palestras e a distribuição de material educativo sobre a cultura financeira e previdenciária”, enfatiza.

Site reúne idéias sobre educação financeira
O governo lançou em agosto o site Vida&Dinheiro – Educação Financeira. Iniciativa do grupo de trabalho do Coremec que está voltado para a elaboração da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), o site está cadastrando projetos dessa área que existem no país. Há espaço para que entidades e pessoas físicas relatem suas experiências. Também divulga notícias sobre as atividades do grupo de trabalho e de iniciativas mundiais sobre o tema. Estratégias semelhantes já estão presentes nos EUA, na Austrália, na Nova Zelândia e no Reino Unido, onde há planos nacionais voltados para a educação financeira.
Segundo o próprio site Vida&Dinheiro, a educação pode atuar diretamente nas variáveis pessoais e sociais, para formar ou amadurecer uma cultura de planejamento de vida. Essa cultura permite que a pessoa, conscientemente, possa resistir aos apelos imediatistas e planejar no longo prazo as suas decisões de consumo, poupança e investimento.
Todas essas iniciativas, recentes, apontam para a mesma direção. A necessidade de informar e treinar os associados das entidades ou mesmo o consumidor comum para um mundo financeiro que se sofistica e lança novos produtos a cada dia. A outra ponta é a possibilidade de utilizar novas tecnologias, principalmente a internet, para dar essas informações.

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