Lançado em abril de 2006, o PRI (Princípios
para o Investimento Responsável, na sigla
em inglês) é um acordo voluntário, idealizado
pela ONU e firmado por investidores
institucionais. A iniciativa visa a estimular
práticas de respeito ao meio ambiente e responsabilidade
social, incorporando variáveis ambientais,
sociais e de governança corporativa em decisões de
investimento. O objetivo é aperfeiçoar os retornos de
longo prazo combinados com investimentos seguros
e rentáveis.
Atualmente, o PRI conta com 21 signatários no Brasil
e mais de 300 no mundo. Dentre os participantes
no País estão os mais importantes fundos de pensão
como Centrus, Funcef, Petros e Valia, além da PREVI,
pioneira e integrante do grupo executivo, o board, do
PRI. Os signatários do Programa são responsáveis pela
gestão de mais de US$ 13 trilhões em investimentos,
no mundo.
O diretor executivo do PRI, James Gifford, esteve no
Brasil em maio e participou dos encontros com signatários
do Acordo, realizados pela PREVI, no Rio de Janeiro,
e pelo banco HSBC, em São Paulo. Leia os principais
trechos da entrevista concedida à Revista PREVI.
Revista PREVI – Como surgiu seu interesse por investimentos
responsáveis?
James Gifford – Em 2003, estava fazendo pesquisa
para meu mestrado na Universidade de New South
Wales, na Austrália, sobre novas maneiras de contribuir
para investimentos socioambientalmente responsáveis.
Concluí que fundos de pensão tinham o melhor perfil
porque buscam investimentos sustentáveis e de longo
prazo; terem cidadãos como membros; serem organizações sem fins lucrativos; precisarem agir no melhor
interesse de seus participantes; e estarem muito mais
alinhados com os interesses da sociedade que organizações
com fins lucrativos.
Com o tempo, porém, percebi que os mais interessados
são os administradores de fundos e os investidores
sociais. Hoje, 60% dos signatários do PRI são administradores
de fundos.
Revista – Como o senhor vê o papel das empresas
privadas nas questões socioambientais?
Gifford – As grandes corporações que lideram o mercado
estão signifi cativamente na frente dos investidores em
questões socioambientais e têm processos mais sofi sticados.
De algum modo, quanto mais próximo da operação,
mais clara torna-se a importância dessas questões.
Revista – E qual o papel dos consumidores?
Gifford – Não acredito que possamos confi ar exclusivamente
nos consumidores para pressionar por mudanças.
As organizações privadas são norteadas pelos investidores
e é a complexidade da rede de diferentes agentes que pressiona
a empresa e pode operar mudanças. Essa pressão
vem de reguladores, consumidores, ONGs, investidores,
inclusive os internos, os funcionários. Uma companhia
não é algo monolítico, a Diretoria e o Conselho de Administração
são os que exercem mais infl uência, mas não são
os únicos com poder para operar mudanças. Seus membros
têm que interagir com forças internas e externas.
Revista – Como o senhor espera ver o PRI daqui a cinco,
dez anos?
Gifford – Hoje, um percentual relativamente pequeno
do mercado adota investimento do tipo do PRI. Nesse
prazo, eu gostaria de ver um terço do mercado global
fazendo o que 5% fazem hoje. Nós realmente precisamos
ver mais ação no que diz respeito a esse assunto.
Revista – Quais os principais obstáculos para que esse
cenário se concretize?
Gifford – No curto prazo, acredito que sejam as análises
financeiras. É preciso que os analistas levem em consideração
as variáveis de meio ambiente, desenvolvimento social
e governança corporativa nas análises de investimento.
Mas isso exige mudança no status quo e leva tempo. Talvez
a mudança dependa de renovação no meio acadêmico.
Revista – E quais são os fatores positivos?
Gifford – As questões socioambientais estão se tornando
claramente importantes, é uma agenda inevitável.
Revista – Como o senhor vê as políticas governamentais
nessa área?
Gifford – Cada país tem o governo que elege. Se a sociedade
estiver preocupada com essa questão, o governo
estará. O governo é um dos atores que podem infl uenciar
a política socioambiental. Há outros com igual poder
nesse processo, como a sociedade, os investidores, as
ONGs, os empregados etc. |
PREVI realiza o primeiro workshop
latino-americano do PRI
A PREVI realizou o primeiro workshop latino-americano
com signatários dos Princípios para o Investimento
Responsável (PRI). Realizado em maio, o evento reuniu
14 fundos de pensão e seis gestores de fundos para
discutir as experiências mundiais e os desafi os para a
implementação dos Princípios.
O workshop viabilizou a avaliação e acompanhamento de
processos em andamento, divulgação de ferramentas de
integração entre os representantes e orientação para os participantes. Durante o encontro, potenciais signatários
foram convidados a conhecer a iniciativa.
Sérgio Rosa indicado para Conselho do PRI – O
presidente Sérgio Rosa foi indicado para representar a
PREVI no Conselho Gestor do PRI, que conta com 11
participantes de diferentes organizações signatárias, além
de dois representantes das Nações Unidas. Ele substitui
o ex-diretor de investimentos da PREVI, José Reinaldo
Magalhães, cujo mandato encerrou-se em junho. |