|nº 132| Mai 08

Nesta Edição » Gestão - Longa vida às boas práticas

Longa vida às boas práticas

Ao ser empossado como diretor de Participações do maior fundo de pensão da América Latina, em fevereiro de 2003, sabia do imenso desafio – afinal, o volume investido em renda variável e imóveis superava a casa dos R$ 35 bilhões – mas não imaginava o quão complexo seria “viver a agenda” de mais de uma centena de empresas e empreendimentos imobiliários espalhados pelo Brasil.
Junte-se a esse universo o fato de nosso País estar vivendo uma fase extremamente positiva, com um volume crescente de investimentos tanto no mercado de capitais, quanto no segmento de imóveis/shopping centers, para potencializarmos a responsabilidade.
Mas, diz o ditado popular, não se faz omelete sem quebrar ovos. E realmente a defesa dos direitos da PREVI muitas vezes nos levou a promover algumas “batalhas”. E fico feliz ao constatar que as nossas argumentações, sempre construídas com sólido embasamento técnico, tornaram-se referência, principalmente no mercado de capitais.
Ao olharmos para trás, fica a certeza de que conceitos apresentados na forma de sugestões para as companhias, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Bovespa se transformaram em sementes que, em alguns casos, já germinaram, como a transformação do conselho fiscal em órgãos estatutários permanentes e a adoção do mecanismo de elaboração de manuais para participação dos acionistas em assembléias (conhecido como Proxy Statement).
Sementes plantadas no segmento de imóveis, onde buscamos “importar” as boas práticas de Governança Corporativa das sociedades anônimas, também começam a dar frutos, como nos casos da constituição de comitês de obras e da adaptação de convenções de condomínios.
A verdade é que pouco poderia ser feito sem uma equipe técnica com a qualidade que encontramos na PREVI. Profissionais que alinham a experiência com uma postura extremamente transparente e compromissada com a criação de valor para o conjunto de investidores, sempre sintonizados com o “discurso” apresentado no Código PREVI de Melhores Práticas de Governança Corporativa em seus quatro pilares: direitos dos acionistas, ética empresarial, tratamento equânime e transparência/divulgação/responsabilidade.
Longa vida para as boas práticas de Governança Corporativa...
Longa vida para a PREVI...

Renato Chaves

Principais atuações na diretoria

Brasil Telecom
Neste momento, após a retomada do controle da companhia, está ocorrendo a venda por conta da característica do próprio investimento, feito em um fundo com duração pré-determinada. Hoje, encontra-se numa fase de desinvestimento.
A PREVI foi firme como investidora para tentar identificar situações de conflito e trocar o gestor, com a adoção de ferramentas da governança corporativa para fundamentar essa posição. Assumiu a vanguarda do processo para recuperar a gestão desses ativos.
É importante frisar que a atuação dos investidores, de forma organizada, possibilitou a recuperação de um ativo dado como perdido. Estava claro que todos os movimentos do gestor anterior não eram no sentido de os investidores recuperarem seus investimentos. Se não fosse feito nada, os fundos seriam eternos investidores sem poder de decisão.

Arcelor
Na verdade, no primeiro momento, após ter incorporado a Arcelor, a Mittal nem sequer aceitava a tese de que deveria fazer uma oferta. A atuação da Previ foi para defender contratos, o estatuto da companhia, que caracterizava a necessidade de oferta aos acionistas mesmo na hipótese de troca de controle no exterior.
Vencida essa etapa, discutiu-se a metodologia para definição do valor, pois do ponto de vista da previ a metodologia usada não era a prevista no estatuto. Assim conseguimos sair de uma posição de aproximadamente R$ 30 por ação para R$ 53,89.
O mais importante, porém, foi deixar para trás uma situação ruim, de investidor minoritário de um grande grupo internacional, que muitas vezes prioriza outros ativos por conta de uma estratégia global, da qual a previ não participaria.

Neoenergia
Ocorreu um trabalho de recuperação, com mudança de gestão, rediscussão de acordo de acionistas, que levou empresas que estavam numa situação ruim, em relação aos resultados financeiros, a um parâmetro confortável. Hoje, ganhou fôlego para investir em novos projetos de geração de energia. Quando foi rediscutida a questão societária, abriram-se as portas para o crescimento, para efetivamente agregar valor para os sócios.

Souza Cruz
Nesse caso, há pontos que não são específicos de uma única empresa, mas bandeiras defendidas, como a transformação de conselhos fiscais em órgãos permanentes e adoção de mecanismos como os manuais para participação do acionista em assembléias. Na Souza Cruz, foi necessário recorrer ao órgão regulador, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para que pontos da legislação fossem esclarecidos, especificamente no que diz respeito à instalação e eleição nos conselhos fiscais. Foi uma discussão travada durante anos, mas ao final houve pronunciamento favorável à tese da PREVI.

Brasil Ferrovia
Existia uma situação complicada, com risco de perda da concessão, mas a reestruturação implementada pôs uma pá de cal nessa questão. Hoje a PREVI participa de uma empresa sólida com comportamento na bolsa de valores invejável. Saiu-se de uma situação crítica, com risco de perder completamente o dinheiro investido, para outra em que se investe numa empresa líder de mercado, a América Latina Logística S/A (ALL).

Imóveis
Houve tentativas, com algum sucesso, de implantar conceitos de governança corporativa na área de imóveis, como, por exemplo, a criação de comitês de assessoramento para investidores. Isso começa a trazer algumas mudanças nesse segmento, que não tem legislação tão aperfeiçoada como o mercado de capitais. Transportar essas boas práticas é uma questão da responsabilidade social, por incentivar uma maior transparência nas relações comerciais, com reflexos positivos para os investidores.

Global Compact
Esforços ocorreram para que as empresas adotassem efetivamente um conjunto de medidas de responsabilidade ambiental e social sugeridas pela ONU, inclusive para seus fornecedores.