A PREVI e a compra da BRT pela Oi
Ainda condicionado a mudanças na
legislação, o negócio agrega valor à
participação da PREVI na Oi/Telemar
A solução do imbróglio criado pelas disputas
societárias em torno do controle da Brasil
Telecom é um dos principais efeitos da
possível operação de compra da BrT pela
Oi, que foi tema de destaque do noticiário
econômico recentemente.
A compra da BrT pela Oi depende de mudanças na
regulação específica do setor, mas, independentemente
do encaminhamento que a Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) der a esta questão, autorizando-a
ou não, os participantes estão diante dos capítulos finais
de uma batalha que, desde os seus primórdios, no ano
2000, teve a PREVI na linha de frente de muitos dos lances
históricos, inclusive o que representou a destituição do
Opportunity do controle da Brasil Telecom (veja linha do
tempo nesta matéria).
Na prática, os contratos já assinados
pelos acionistas da Brasil Telecom, e
que independem da autorização final
da operação de compra, acabam com a
cadeia societária intrincada, eliminam
de vez o risco de que o Opportunity volte ao controle da BrT e resolvem
pendências jurídicas sobre o desequilíbrio
entre a posição societária e a
participação econômica dos agentes.
Além disso, caso a operação seja concretizada,
a PREVI agrega valor à sua
participação remanescente na Oi/Telemar,
uma vez que estará no bloco de
controle (veja box na matéria) de uma
empresa maior, que ganhará escala e
que irá competir amparada por um
novo Acordo de Acionistas.
O papel da PREVI foi devidamente
cumprido. Suas ações estiveram
sempre associadas à valorização do
investimento que a Instituição detém
na Brasil Telecom. As demandas
jurídicas impetradas ao longo desses
anos tinham por objetivo garantir os interesses econômicos dos participantes,
desde a retomada do controle
do investimento até a recuperação de
sua rentabilidade.
A operação atual representa, de
fato, o coroamento da estratégia empreendida
pela PREVI, que saiu de
uma posição na qual o investimento
valia praticamente zero (não tinha
liquidez, nem a PREVI detinha poder
de decisão) para uma solução global,
que gerou valor para todos.
Valor ajustado ao mercado
O valor de compra firmado entre
as partes foi de R$ 4,98 bilhões pelas
ações da BrT Participações detidas pela
Invitel – empresa veículo que controla
indiretamente a Brasil Telecom e na
qual a PREVI tem sua participação. Outros R$ 881 milhões serão pagos por
ações de emissão da própria BrT Part
detidas por alguns dos vendedores.
Com a finalização da operação, a
PREVI receberia cerca de R$ 1,5 bilhão
no total, sendo R$ 1,1 bilhão pelas
ações de controle detidas em Invitel e
Fundo de Investidores Institucionais, mais cerca de R$ 400 milhões pelas
ações diretas detidas em Brasil Telecom
Participações, que receberam o
Tag Along de 80% previsto em lei, do
preço de venda do controle.
Tecnologia e competição
Desde a privatização do sistema
Telebrás, ocorrida em 1999, a PREVI
se constituiu num dos principais
investidores do mercado de telefonia, que se tornou palco de grandes
movimentações de grupos econômicos,
reestruturações empresariais,
incessantes debates sobre ajustes nos
marcos regulatórios e disputas societárias
que fizeram história no País.
Não é para menos. Trata-se de um
setor muito dinâmico, marcado pela
influência do veloz desenvolvimento
tecnológico dos dias atuais. Desde a
privatização, o crescimento do setor
passou da área de telefonia fixa para
as de celular e banda larga.
No Brasil, o mercado de celulares
está distribuído entre a espanhola
Telefónica (Vivo e Tim), a mexicana
Telmex (Claro/Embratel/Net) e as
nacionais Oi/Telemar e Brasil Telecom.
Apesar de grandes no cenário brasileiro,
a Oi/Telemar e a BrT se tornam
pequenas perante o grupo espanhol,
que detém 56,7% do mercado, e do
grupo mexicano, que domina outros
25%. A eventual compra da BrT pela
Oi/Telemar faz parte do desenvolvimento
de uma estrutura empresarial
competitiva, com capital nacional, e
apta a disputar em um mercado aberto,
inclusive em escala internacional.
Nasceria a quarta maior empresa brasileira
de capital aberto, menor apenas
que Petrobrás, Vale e Gerdau.
A possível compra da BrT pela Oi/Telemar também segue a tendência
de consolidação setorial observada
internacionalmente. É nesse sentido
que o mercado de telecomunicações,
em todo o mundo, evolui. Sua natureza,
extremamente competitiva
e demandante de grandes investimentos,
estimula empresas do setor ao agrupamento, buscando força e
ganhos de escala.
O mercado dos EUA é exemplo dessa
tendência. Por lá, inicialmente, houve
a criação de várias empresas de telefoonia
(chamadas baby-bells) e, hoje, após
um processo de consolidação, existem
apenas três grandes empresas, além de
outras que atuam regionalmente, e em nichos estratégicos. |
A PREVI na nova Oi
A PREVI passará a ter 12,96%
da Telemar Participações, posição
relevante ao lado dos fundos Petros
(10%), Funcef (10%), grupos La
Fonte (19,34%), do empresário Carlos
Jereissati, e Andrade Gutierrez
(19,34%), de Sérgio Andrade, além
da Fundação Atlântico (11,50%). Os
percentuais da Petros e Funcef serão
adquiridos do BNDESPar, após a
aprovação de compra da BrT.
A estrutura societária de controle
se reúne na Telemar Participações,
empresa que controlará as operações
da Oi e da Brasil Telecom e está amparada
por um acordo de acionistas
firmado entre os sócios. O documento
assegura assento a todos no Conselho
de Administração da Oi, assim
como define quóruns específicos
para que sejam aprovadas decisões
estratégicas, como a construção do
orçamento anual, para a definição de
grandes investimentos e mudanças
no controle da companhia.
A construção da estrutura societária
e do acordo de acionistas
privilegiou a equalização de poderes,
buscando a construção de
uma companhia moderna, calcada
nas boas práticas da governança
corporativa. |
A linha do tempo na disputa societária da BRT
Durante anos, a Brasil Telecom
viveu sob o fogo cruzado
de uma das maiores disputas
societárias do mercado
de capitais brasileiro. Veja
um resumo dos principais
acontecimentos de mais
de uma década:
Setembro de 1997
Fundos de pensão e Citibank investem mais de US$ 1,2
bilhão nos fundos CVC nacional e estrangeiro, geridos pelo
Opportunity.
Outubro de 2000
Cotistas do Fundo Nacional rejeitam contas apresentadas
pelo Opportunity. Inicia-se o litígio com o Opportunity.
Diversas discussões e disputas ocorreram em torno de
direitos societários e gestão das empresas.
Outubro de 2003
Opportunity é destituído da gestão do fundo CVC Nacional
e é substituído, provisoriamente, pela BB DTVM.
Abril de 2004
Angra Partners é instituída como nova gestora
do fundo nacional.
Março de 2005
Citibank destitui Opportunity do CVC Estrangeiro e
firma acordos com o fundo nacional e os fundos de
pensão PREVI, Petros e Funcef.
Abril de 2005
Justiça suspende “acordo umbrella”, que o Opportunity
havia criado quando estava na gestão dos fundos. O
acordo dava ao Opportunity poderes sobre as empresas.
Junho de 2005
Justiça acolhe denúncia da Polícia Federal contra
Daniel Dantas por formação de quadrilha, violação
de sigilo e corrupção ativa.
Agosto de 2005
Assembléia ratifica a destituição do Opportunity
e confirma Angra Partners na gestão do fundo nacional.
Setembro de 2005
Após longa seqüência de assembléias na cadeia
societária e guerra de liminares na Justiça, o Opportunity é afastado da gestão da BrT.
Outubro de 2005
Fundos de pensão e Citi nomeiam novos
administradores na BrT.
Maio de 2006
Venda da Santos Brasil, empresa investida do
Fundo Nacional, CVC e Opportunity.
Julho de 2007
Fundos de pensão fazem oferta à Telecom Itália
pela participação na BrT, operação concretizada
em dezembro/07.
Agosto de 2007
Firmados contratos de venda das empresas investidas Telemig
Celular Participações e Tele Norte Celular Participações para
a Vivo, operação concretizada em abril/08.
Dezembro de 2007
Operação de compra de ações da BrT pertencentes à
Telecom Itália é fechada.
Abril de 2008
Firmados contratos de venda do controle da Brasil Telecom
para Oi, operação condicionada à alteração do PGO – Plano
Geral de Outorgas e aprovação da Anatel. |
O que ainda está pendente
As regras da privatização dos
serviços de telefonia, criadas em
1998, impedem que duas empresas
sejam controladas pelos mesmos
sócios. Por isso, para que a operação
de compra da BrT pela Oi/Telemar seja efetivada, é preciso
que seja revisto o Plano Geral de
Outorgas (PGO). As alterações no
PGO já estão em estudo na Anatel,
a agência reguladora de telecomunicações.
Caso sejam aprovadas
no órgão regulador, passarão por
consulta pública e serão enviadas
para a análise da presidência da
República.
Na avaliação do mercado, há um
cenário favorável às aprovações
necessárias para a concretização da
operação. No entanto, os contratos
que envolvem a venda da BrT
guardam cláusulas de segurança,
condicionando sua efetivação à
mudança no Plano. |
Resultados para a PREVI
• Recuperação dos direitos societários nas empresas investidas por meio
do antigo Fundo CVC: Brasil Telecom, Telemig e Tele Amazônia Celular,
além do Metrô Rio.
• Reestruturação das empresas com melhoria de resultados e início de
processo para a venda.
• Venda da Telemig Celular e Tele Amazônia, em condições competitivas,
para a Vivo.
• Consolidação do controle da BrT por meio da compra da participação
da Itália Telecom.
• Venda contratada da BrT para a Oi, por preço vantajoso.
• Solução de todos os conflitos.
• Valorização da participação da PREVI na Oi pelo novo acordo de acionistas
e tendo em vista o potencial crescimento da empresa.
• Eliminação do conflito de interesses oriundo da participação da PREVI
em duas empresas. Solução de todos os problemas regulatórios da PREVI
junto à Anatel. |
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