A PREVI vem colocando em prática uma política de contratação de pessoas com deficiência. A medida é importante para os trabalhadores, mas também para o combate ao preconceito que ainda existe na sociedade. No mercado de trabalho, ele se manifesta na hora da contratação e na triagem das oportunidades de crescimento profissional.
A legislação brasileira prevê, como medidas para a correção dessa distorção, cotas de 5% a 20% para pessoas com deficiência em concursos públicos e de 2% a 5% em empresas com mais de 100 funcionários. A PREVI não está obrigada a adotar esses critérios porque o Banco do Brasil já cumpre a cota determinada. Porém, ter vagas para pessoas com deficiência é uma questão de compromisso e coerência, uma vez que a PREVI exige políticas socialmente responsáveis das empresas em que investe. A iniciativa está trazendo mudanças na instituição, tanto físicas como de valores.
Em 2005, a PREVI iniciou contatos com representantes do Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD). A partir daí, o Instituto avaliou as condições de acesso oferecidas às pessoas com deficiência física e sugeriu adaptações no espaço interno da PREVI. A parceria com o IBDD rendeu mudanças arquitetônicas: foram feitas alterações em banheiros, instalação de rampas, além de terem sido retiradas algumas divisórias para permitir a passagem de cadeiras de rodas nos corredores.
Um dos catalisadores dessas mudanças foi Felipe Heuseler Ferreira Leite, assistente técnico da Gerência de Operações com Participantes (Gesop). Felipe trabalhava no Banco quando viu no Sisbb a notícia de que a PREVI tinha aberto processo seletivo. Candidatou-se e foi escolhido, antes mesmo da criação de vagas para pessoas com deficiência. “Foi um processo bem feito. Depois de aprovado, demorou um tempo para eu ser chamado exatamente porque estavam adaptando o espaço, o que ajudou muito”, conta.
Quebrar preconceitos
Além de adaptações arquitetônicas, outras mudanças estão ocorrendo no cotidiano, estas mais profundas.
As pessoas com deficiência mostram que é possível vencer barreiras e que é preciso avaliar se os limites que nos impomos têm real motivo. Ou seja, estão agregando valores, o que demonstra que a política de inclusão é uma forma de investir na própria Instituição.
Felipe concorda que os ganhos são para todos. “Estar aqui diariamente, trabalhando como os outros, acaba quebrando qualquer preconceito que possa existir. As pessoas que me vêem aqui, numa boa, percebem que a deficiência não é nenhum bicho-de-setecabeças.
A cadeira é um instrumento para que eu possa estar aqui, com eles.
Não serve para me afastar, mas para me integrar. Acho que muito mais do que palestra ou reportagem, essa convivência que é importante. Isso é bom para todo mundo”, resume.
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Banco do Brasil tem tradição na área
O Banco do Brasil também possui políticas voltadas para pessoas com deficiência. Segundo Francisco Herculano da Cunha, gerente da divisão de Responsabilidade Socioambiental do BB, essa atuação é voltada para três públicos distintos: clientes, comunidade e funcionários.
Para os clientes, o BB vem instalando novos terminais com nomenclatura universal e mantém centrais de atendimento em Curitiba, São Paulo e Salvador, que permitem às pessoas com deficiência auditiva realizar suas transações. Para a comunidade, o Banco patrocina eventos e faz parcerias com entidades que tenham seu foco no trabalho com pessoas com deficiência. Além disso, existe a Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (Apabb). A associação foi fundada por pais de pessoas com deficiência e presta serviços de capacitação, orientação e lazer a qualquer pessoa da comunidade.
O Banco prepara o ambiente para pessoas com deficiência. As medidas abrangem tanto os espaços físicos (compra de softwares especiais, adaptação da cadeiras, banheiros etc) quanto o relacionamento com os demais colegas. “As mudanças são feitas caso a caso, porque as pessoas têm necessidades diferentes”, sustenta Herculano. O BB tem ainda a meta de contar com pelo menos dois funcionários em cada local de trabalho capacitado na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). “Isso já ocorre em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Campo Grande, Natal, Florianópolis, Belo Horizonte, Recife e Salvador, e pretendemos avançar mais”, afirma.
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