|nº 127| Set/Out 07

Nesta Edição » Gestão - Responsabilidade socioambiental

Responsabilidade socioambiental

Política começa a ser construída com intercâmbio de experiências bem-sucedidas e comprometimento do corpo diretivo com a sustentabilidade

No último dia 26 de outubro, mais um passo importante foi dado na construção da Política de Responsabilidade Socioambiental (RSA) da PREVI. Reunidos no Hotel Flórida, no Rio de Janeiro, conselheiros, diretores e gerentes executivos participaram da Oficina de Sustentabilidade. O objetivo foi ampliar o comprometimento do corpo diretivo com a sustentabilidade e sua inserção nos processos de gestão.
O intercâmbio de experiências bem-suce- didas foi um dos pontos altos. Uma delas está sendo vivida pelo BB. “No início, tivemos mais dificuldade para abordar o tema, fazer com que ele começasse a permear os documentos do Banco. Foi um ponto de partida importante, porque conseguimos abrir os espaços internos, mas o processo de sensibilização é constante. As pessoas hoje já têm uma compreensão boa, porque o tema está na sociedade, mas ainda há espaço de sensibilização. A campanha publicitária que propõe a adoção diária de três atitudes simples ajuda a pensar. E vamos continuar produzindo iniciativas, para consolidar a sensibilização interna. É importante incorporá-la para que o funcionário a transmita no seu relacionamento com o cliente que, então, terá uma percepção efetiva de que o BB atua com responsabilidade socioambiental”, explica Izabela Campos, diretora de Relações com Funcionários e Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil e suplente do Conselho Deliberativo da PREVI, uma das palestrantes da Oficina de Sustentabilidade.

Sensibilizar para influenciar
Da publicação do primeiro Relatório Anual de Responsabilidade Socioambiental, há 10 anos, à participação na elaboração dos Princípios para Investimento Responsável (PRI, na sigla em inglês), em 2006, a PREVI vem desenvolvendo ações de RSA em trajetória consistente e coerente com os compromissos de longo prazo da instituição. “Acreditamos que não se pode mais produzir bens e serviços sem a consciência dos impactos ambientais e sociais que cada modelo de produção acarreta. Por isso, como investidores, somos responsáveis por assumir uma postura na hora de decidir e acompanhar nossos investimentos. Esta postura pode influenciar as empresas e os empreendedores em geral. Ao aderirmos ao PRI, nós nos comprometemos a buscar formas práticas de considerar as questões relativas à responsabilidade socioambiental nos nossos investimentos e a assumir uma postura ativa no acompanhamento das empresas”, explica o presidente Sérgio Rosa.
Nas boas práticas contemporâneas de gestão, existem conceitos relativos à responsabilidade socioambiental (tais como ética, transparência, respeito às partes envolvidas, avaliação de impactos) que se aplicam das atividades mais simples às mais complexas. Neste sentido, destaca Sérgio Rosa, “quando adotamos uma política clara de RSA, fortalecemos princípios que servem de ‘guarda-chuva’ para nossa forma de agir em quase todas as frentes de atuação. Hoje em dia, a administração enxerga as atividades de forma cada vez mais integrada e, quanto mais as pessoas tiverem consciência desta integração, melhor será. Nós não fazemos uma política de risco para ser aplicada só pela gerência de risco. Assim como não queremos fazer uma política de responsabilidade socioambiental para ser aplicada por uma gerência específica, ou para ser materializada apenas num relatório, ou em umas poucas atividades. Quando adotamos uma política, seus valores devem se incorporar a toda nossa forma de agir.”
Izabela Campos também vê a sinergia entre as diversas políticas como o melhor caminho para irrigar a gestão com as questões de sustentabilidade. Segundo ela, a experiência no BB mostra que “no início, fica mais no campo das intenções, mas, com o passar do tempo, vamos interferindo. Já temos aspectos específicos de RSA na política de crédito, na política de relacionamento com fornecedores, na política de gestão de pessoas. Essas questões estão hoje no dia-a-dia da organização e, além disso, passaram a estar cada vez mais presentes na própria estratégia corporativa.”

PREVI e BB caminham juntos
A PREVI é o maior fundo de pensão da América Latina e o BB, o maior banco do País. São duas instituições que, pela magnitude, provocam impacto no mercado quando se movem. De acordo com Aldo Luiz Mendes, presidente do Conselho Deliberativo da PREVI e vice-presidente de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores do Banco do Brasil, também presente à Oficina, “Banco e PREVI, cada um no seu segmento, têm um peso muito forte e os nossos movimentos acabam de alguma forma induzindo o movimento dos pares. A PREVI, como acionista do BB, contribui para que o próprio Banco deslanche na questão de sustentabilidade, porque, ao induzir as empresas das quais participa a adotar a prática de sustentabilidade, faz isso com o Banco também”. Sobre a Oficina de Sustentabilidade, destaca a importância de eventos como esse para homogeneizar idéias e conceitos e, dessa forma, tê-los claros no dia-a-dia. “A partir desse entendimento interno, podemos levar isso às empresas nas quais a gente participa, e ser, aí sim, efetivamente, um indutor muito forte das práticas de sustentabilidade”, afirma.
Durante a Oficina, os executivos debateram sobre como e qual deve ser a abrangência da política de sustentabilidade da PREVI. Além de Izabela Campos, foram palestrantes Ana Maria Cabral Esteves, da consultoria AMCE Negócios Sustentáveis; Clarisse Lins, diretora executiva da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, e José Luciano Penido, presidente da Votorantim Celulose e Papel (companhia da qual a PREVI é uma das principais acionistas). “Quando paramos para nos perguntar o que acontece a partir do que fazemos, quando nos preocupamos em analisar o rastro que deixamos, estamos nos transformando em uma organização mais analítica, mais perceptiva, mais capaz de buscar e processar informações. Portanto, o principal pilar para uma Política de RSA é esta tomada de consciência, é aceitar esta responsabilidade. Se isto não acontecer, teremos um monte de regras, mas não teremos uma nova postura capaz de identificar todas as oportunidades para atuar de uma forma melhor. Ao trabalhar na construção de sua política de RSA, a PREVI está, uma vez mais, exercitando sua visão de futuro. É possível conciliar as questões socioambientais com retornos consistentes no longo prazo”, destaca Sérgio Rosa, referindo-se à importância de debates como esse para ajudar a despertar a inteligência corporativa e individual.