Homenagens merecidas |
A PREVI, anualmente, indica associados para representar todos os participantes no Dia do Aposentado. Neste ano, Carlos Tavares, Berenice Souza e Roland Benamor foram os homenageados |
No último 24 de janeiro, Dia do Aposentado, a PREVI homenageou três associados. É um modo simbólico de mostrar o respeito aos cerca de 60 mil participantes que já se aposentaram por meio da entidade. Os colegas Carlos Tavares, Berenice Souza e Roland Bitar Benamor foram os representantes escolhidos. Com trajetórias muito distintas entre si, permanecem cheios de atividades.
Carlos, mora no Rio de Janeiro, é escritor e especialista em comércio exterior (veja perfil na pág. 24). Berenice é voluntária da Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (Apabb), cuja sede é em São Paulo. O alagoano Rolando, perseguido durante a ditadura, passou 17 anos fora do BB, mas é uma referência sindical dos bancários. Conheça um pouco mais sobre eles. |
Os homenageados com
os diretores Francisco
Alexandre, José Ricardo
Sasseron e Renato
Chaves |
Dedicação e voluntariado de Berenice
Quando procurada pela Revista PREVI, Berenice Souza lembrou-se que havia sido tema de reportagem da publicação anteriormente (edição 106, de setembro de 2005). “Que vergonha, voltar a aparecer na Revista”, reagiu. Mas quem conhece a história de trabalho e dedicação da colega sabe que há motivos para orgulho.
Berenice
Souza: “O
banco é
como se
fosse uma
família.” |
Berenice tomou posse no Banco do Brasil em 30 de março de 1971, no mesmo ano em que ingressou no curso de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP). Trabalhava em outro banco, mas optou por mudar de emprego por encontrar condições melhores. De família pobre, precisava de um trabalho de meio período que pagasse mais para se custear a faculdade. Mesmo depois de formada, permaneceu no Banco.
O setor do Fundo de Garantia, no prédio da Álvares Penteado, em São Paulo, foi o primeiro local de trabalho e escola de BB para Berenice. Depois de alguns anos, conseguiu transferência para a cidade mineira de São Lourenço (MG). Gostava do Sul de Minas Gerais e não queria a correria da cidade grande. Depois, foi para Campinas (SP), município do qual guarda boas lembranças.
Foi lá, em 1982, que uma grande mudança começaria em sua vida. O nascimento da filha Emília, portadora de paralisia cerebral, microcefalia e outras deficiências associadas, foi motivo de muita alegria, mas também representou a necessidade de atenção e cuidados especiais. A rotina passou a incluir consultas médicas e o uso de equipamentos aos quais ela só teria acesso na capital.
|
De volta a São Paulo, Berenice conseguiu um posto da Ceasp, departamento médico do Banco, localizado na Agência Centro. Era um espaço bem diferente do restante da empresa, já que era ocupado principalmente por médicos. Por ter tido formação de caixa, recebeu uma proposta de voltar à função, em meio à mobilização de uma força-tarefa na mesma agência. Além de ser um cargo comissionado, que lhe permitia remuneração melhor, proporcionava jornada diária mais curta. Do ponto de vista do trabalho, foi uma realização. “Adorava ser caixa, sempre gostei de lidar com o público, de conversar, de atender”, conta. “E era uma turma ótima, muito animada.”
O período trouxe o que seria para ela o nascimento de uma segunda filha. Participou de uma articulação entre colegas para a formação da Apabb. A entidade, que completa 20 anos em 2007, oferece apoio na convivência com deficiências, com espaço para práticas esportivas, e oferece informações aos pais e à comunidade. A “adoção” da entidade por Berenice ocorre porque ela exige, até hoje, muito mais atenção e cuidados do que Emília, atualmente com 24 anos e muito saudável.
As amizades firmadas no período do banco, especialmente na Agência Centro, permanecem até hoje. Quando vai à sede da Apabb, no 11º andar do prédio, reencontra muitos dos amigos da época. “O Banco é como se fosse uma família, não sei explicar.”
|
Trajetória interrompida
Roland Bitar Benamor era presidente do Sindicato dos Bancários de Alagoas em 1964. Sua gestão vinha se destacando por conseguir estruturar a entidade, com campanhas de sindicalização e a defesa da categoria. Os bons resultados o levaram ao comando-geral dos trabalhadores, equivalente às atuais centrais sindicais. A trajetória sindical, porém, foi interrompida em 1º de abril daquele ano, no dia em que foi desferido o Golpe Militar. Roland, funcionário do BB desde 1955 no departamento de contabilidade, foi preso, permanecendo detido até novembro.
Depois de libertado, foi à agência, a fim de retomar o posto, mas descobriu que havia sido desligado. “Recebi toda a solidariedade dos colegas do departamento que, além de uma carta atestando meu caráter como trabalhador e sindicalista, me presentearam com uma máquina de escrever, para eu poder exercer a função de contador fora do Banco”, relembra.
Por problemas de saúde do filho, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Na capital carioca, foi empregado da companhia de telefonia até 1981, quando a Lei da Anistia abriu caminho para sua reintegração ao BB. Ao voltar, 17 anos depois, permaneceu na função de caixa até se aposentar. |
Roland não
abandonou a
luta sindical.
Foi indicado
presidente da
Faaperj |
O retorno foi importante, segundo Roland, por dois motivos. Primeiro, por ter adquirido o imóvel, onde vive até hoje, junto à PREVI. Segundo, pelo complemento da aposentadoria pago pelo fundo, sem o qual avalia que poderia ter dificuldades financeiras.
Mas Roland não abandonou a luta sindical. Foi indicado pelo departamento de aposentados do Sindicato dos Bancários como presidente da Federação das Associações de Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio de Janeiro (Faaperj). “Quando entrei, na década de 50, queria fazer carreira no Banco. Meu sonho era ser chefe de contabilidade”, relembra. A vida, porém, o levou a outro meio, no qual se destacou.
Homenagem a todos os aposentados |
Na comemoração pelo Dia do Aposentado, realizada em 24/1, no Hotel Le Meridien, no Rio de Janeiro, a PREVI homenageou os associados Berenice Souza, Carlos Tavares de Oliveira e Roland Bitar Benamor. Os três representaram todos os aposentados da PREVI.
Na ocasião, o presidente do Instituto Cultural de Seguridade Social (ICSS), Wagner Pinheiro de Oliveira, ressaltou a importância dos fundos de pensão como gestores dos recursos e destacou a indiscutível importância do aposentado, ou “trabalhadores há mais tempo”, como classificou. |
|
|