|nº 118| Set/Out 06

Nesta Edição » Vale do Rio Doce - Segunda do mundo

Vale cada vez mais

Com a compra da empresa canadense Inco, a Vale do Rio Doce, principal ativo da PREVI, torna-se a segunda maior mineradora do mundo e pode ter resultados melhores ainda, o que beneficiará os associados
A participação da PREVI ocorre por intermédio de dois fundos de
investimentos da BB-DTVM, os quais detêm ações da Litel,
empresa que, por sua vez, é acionista da Va-lepar, holding que
controla a Companhia Vale do Rio Doce

Em 2005, acionistas comemoram a conquista da melhor classificação de risco do Brasil. Da esquerda para a direita, Demian Fiocca (BNDES), Lázaro Brandão (Bradesco), Roger Agnelli (Vale), Sérgio Rosa (PREVI), Oscar Camargo (Mitsui) e Raimundo Magliano (Bovespa)


A Vale distribuiu aos acionistas US$ 1,3 bilhão em dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JPC) em 2006, o mesmo valor pago em 2005. Para a PREVI, representou o ingresso de R$ 369 milhões no caixa neste ano contra R$ 447 mi-lhões ganhos em 2005. A razão dessa diferença é a variação cambial

A Vale do Rio Doce comprou a produtora canadense de níquel Inco. Com a aquisição, passa a ser a segunda maior mineradora do mundo. A soma dos ativos dessas duas companhias ultrapassa os US$ 73 bilhões. A Vale não pára de crescer. Nos últimos cinco anos, o valor das ações mais do que quintuplicou. A mineradora brasileira encerrou 2005 com lucro líquido de R$ 10,4 bilhões, o terceiro recorde consecutivo em seus resultados. A Vale mostra que tem uma estratégia clara de crescimento e a PREVI tem uma participação importante nessa trajetória. O presidente Sérgio Rosa é também presidente do Conselho de Administração, órgão responsável pela definição dos rumos da companhia. Dos onze integrantes do Conselho, quatro são da PREVI, que conta ainda com representantes no Conselho Fiscal e em comitês de assessoramento na mineradora. A PREVI possui uma participação de 16,23% do capital total da Vale.

A compra da Inco

Com a compra da canadense Inco Limited (Inco), a Vale entra com força no mercado de níquel e passa da quarta para a segunda posição entre os gigantes mundiais do setor de minério e metais, atrás somente da anglo-australiana BHP Billiton, que vale US$ 122 bilhões. A Inco é a segunda maior produtora de níquel no mundo. O negócio envolve o pagamento de US$ 13,2 bilhões por 75% do capital da mineradora e pode chegar a US$ 17,6 bilhões caso os demais acionistas aceitem a oferta e decidam também vender suas participações para a Vale. A Inco é uma empresa que acumula bons resultados. Entre julho e setembro deste ano, a companhia teve o maior lucro líquido registrado num trimestre: US$ 653 milhões, o que representa um crescimento de 311% em comparação ao mesmo período em 2005. A aquisição é estratégica para que a Vale diversifique a carteira de produtos – antes concentrada no minério de ferro – e possa consolidar-se como uma empresa de dimensões mundiais.

O mercado de níquel, assim como dos demais metais, está valorizado devido ao aquecimento da demanda mundial, em especial da China. Para atender exigência das autoridades canadenses, a Vale comprometeu-se a manter a sede da Inco em Toronto e a maior parte de seus executivos será canadense.



BONS RESULTADOS BENEFICIAM A PREVI

R$ 5,4 BI a mais na Vale

A Vale é o maior ativo da PREVI em termos de recursos investidos, por isso o sucesso da mineradora representa muito para os associados. Representa a garantia de sustentabilidade do investimento a longo prazo. Em setembro deste ano, a participação da PREVI na Vale foi reavaliada e chegou a R$ 17,2 bilhões, um acréscimo de R$ 5,4 bilhões em relação aos R$ 11,8 bilhões registrados anteriormente. A ação foi reavaliada por R$ 46,80, abaixo da cotação média do mercado nos últimos seis meses que chegou a R$ 50,86.

A presença da PREVI no controle da Vale ocorre por meio de participação indireta. Chama-se de indireta aquela participação que ocorre por meio de dois fundos de investimentos da BB-DTVM, os quais detêm ações da Litel, empresa que, por sua vez, é acionista da Valepar, holding que controla a Companhia Vale do Rio Doce. Como as ações da Litel não são negociadas em Bolsa, é necessário reavaliar periodicamente para que o valor contabilizado reflita da maneira mais correta possível o valor da nossa participação na mineradora.

Essa é a terceira vez que a participação acionária da PREVI na Vale é reavaliada. A primeira foi feita pela Goldman Sachs em 2002 e representou um aumento de R$ 5,2 bilhões em relação ao valor contabilizado até então. Em 2004, o Unibanco reavaliou por R$ 11,76 bilhões, um acréscimo de R$ 3,4 bilhões sobre o valor anterior. Da primeira reavaliação, feita em 2002, até a terceira, realizada em setembro deste ano, nossa participação na Vale já acumula uma valorização contábil de R$ 14 bilhões.

As reavaliações econômicas desses ativos sem cotação eram feitas a cada dois anos, mas, por força de ofício encaminhado à BB-DTVM pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), passaram a ser anuais. As reavaliações são feitas por instituições financeiras reconhecidas no mercado, contratadas mediante concorrência. As reavaliações deste ano ficaram a cargo do HSBC Bank Brasil S.A, tendo sido adotado pela PREVI o menor dos valores propostos, dentro de uma faixa que vai de um preço mínimo a um preço máximo, atendendo a convenção contábil do conservadorismo. O processo de reavaliação nasce com a contratação do avaliador pela BB-DTVM conforme instrução da CVM e é acompanhado por três diferentes diretorias que validam as premissas, o critério utilizado e os valores. Tais reavaliações são verificadas pelo Conselho Fiscal, após aprovação da Diretoria.

Diferentemente do valor de mercado, que corresponde à cotação do papel em Bolsa de Valores, o valor econômico é obtido em função da perspectiva de resultados futuros a serem apresentados pela empresa. Em geral, é calculado a partir da metodologia de Fluxo de Caixa Descontado, que é largamente utilizada e referendada nas finanças, tanto na prática quanto no mundo acadêmico. Em processos de fusão e aquisição de empresas, é comum usar o valor econômico como parâmetro para se determinar o justo valor da empresa. Em linhas gerais, representa a mensuração da sua capacidade de geração de caixa e, conseqüentemente, de distribuição de dividendos.

R$ 1,5 bi nas elétricas

A participação em empresas de energia elétrica também foi reavaliada em setembro. A PREVI possui participação direta na Neoenergia (grupo que controla distribuidoras da Bahia, de Pernambuco e do Rio Grande do Norte) e também participação indireta. A indireta ocorre por intermédio da 521 Participações S.A., empresa criada para participar do leilão de privatização e que é detida integralmente via fundos de investimentos. Ou seja, a PREVI aplica em fundos de investimentos da BB-DTVM que têm as ações da 521. Como as ações da 521 e da Neoenergia não apresentam liquidez e cotação em Bolsa de Valores, é preciso reavaliar periodicamente, assim como ocorre com a participação na Vale. O valor da participação direta da PREVI na Neoenergia passou de R$ 1,43 bilhões para R$ 1,57 bilhões, já a 521 Participações valorizou de R$ 4,72 bilhões para R$ 6,06 bilhões.



Mina de Brucutu

A Mina de Brucutu

Outubro foi um mês de grandes feitos para a Vale. Além do anúncio da aquisição da Inco, a companhia inaugurou a maior mina de minério de ferro do mundo. Chama-se Brucutu. Nos anos 70, Brucutu era o protagonista de um desenho de homens da caverna. O personagem tinha porte avantajado, o que é uma forte característica da mina, localizada em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG). Só para ter uma idéia, a construção consumiu concreto que daria para erguer três estádios de futebol e estruturas metálicas suficientes para duas torres Eiffel. A capacidade de produção anual será de 30 milhões de toneladas de minério de ferro e os investimentos são de US$ 1,1 bilhão de dólares.

Brucutu é uma mina integrada: o minério é extraído e antes de ser vendido passa por um processo de industrialização para melhorar a qualidade. A produção responderá por aproximadamente 10% do total produzido pela Vale a partir de 2008. Com Brucutu, a companhia vai ampliar a oferta de minério de qualidade e criar condições de abastecimento regular no mercado siderúrgico, nacional e mundial, por muitos anos. Estima-se que a mina tenha vida útil de pelo menos 30 anos.

UM POUCO DA TRAJETÓRIA RECENTE

2001

  • descruzamento acionário entre os acionistas da Vale, com a saída da CSN do capital da empresa e divisão do controle entre Bradesco (por meio da Bradespar) e PREVI
  • compra da Ferteco (minério)

2002

  • produção recorde em Carajás
  • compra do projeto de Salobo (cobre) e de participação na Alunorte (bauxita) e na MVC (bauxita)

2003

  • compra de 50% das ações da Caemi Mineração e Metalurgia S.A. (Caemi) por US$ 426,4 milhões
  • adequação às regras de governança corporativa da Bovespa

2004

  • venda da CST (aço)
  • inauguração da mina de cobre de Sossego
  • exploração de carvão em Moçambique

2005

  • conquista da melhor classificação de risco de uma empresa brasileira, superior inclusive à nota dada ao Brasil (Investment Grade)
  • recorde na produção anual de minério de ferro

2006

  • aquisição da canadense Inco
  • inauguração da mina de Brucutu
  • aquisição da Canico, dona da mina de níquel de Onça Puma, no Pará