Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, nasceu no Rio de Janeiro e tem 47 anos. Foi técnico da seleção brasileira feminina adulta de 1994 a 2000. Em 2001, assumiu um novo desafio e passou a comandar a seleção masculina. Bernardinho é um técnico vencedor e tem colocado a seleção brasileira masculina de vôlei numa posição hegemônica no cenário mundial. Venceu o Mundial da Argentina, em 2002, a Copa do Mundo em 2003, os Jogos Olímpicos de 2004 e a Liga Mundial em 2001, 2003, 2004, 2005 e 2006.

Após treinar duas equipes na Itália, Bernardinho voltou ao Brasil, em 1994, para se tornar o técnico da seleção brasileira feminina. No mesmo ano, levou o Brasil ao segundo lugar no Campeonato Mundial e ao título do Grand Prix. Em 1998, liderou o Brasil que conquistou o título sul-americano e o primeiro lugar no torneio classificatório para o Campeonato Mundial. Em 1999, Bernardinho comandou o time na conquista da medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos, em Winnipeg, no Canadá. E não parou por aí. De lá pra cá foram várias conquistas. No comando da seleção masculina, o treinador tem currículo que enche os brasileiros de orgulho e, certamente, impõe respeito aos adversários. A conquista mais recente foi a Liga Mundial, cuja fase final foi disputada em Moscou, entre os dias 23 e 27 de agosto.

Quando fizemos essa matéria, Bernardinho iniciava caminhada para mais uma disputa. Acabara de divulgar a lista dos 16 jogadores para o Mundial do Japão e se preparava para começar os treinos da equipe e tentar conquistar mais um Campeonato Mundial. Os jogos ocorrem entre os dias 17/11 e 3/12. Você arriscaria algum resultado?

Antes de mergulhar na rotina de treinamentos, Bernardinho concedeu esta entrevista à Revista PREVI. Confira os principais trechos:

Revista PREVI – Como manter a motivação de um grupo vencedor?
Bernardinho – Com uma boa dose de talento associada a muito trabalho. Com todos envolvidos pelo espírito de equipe, com o foco direcionado sempre para os próximos objetivos.

Revista PREVI – Durante sua trajetória como jogador de seleção, você foi reserva. Como se manter motivado, mesmo no banco?
Bernardinho – Entendendo a sua função e importância dentro da equipe e trabalhando para estar pronto quando as oportunidades surgirem. Procuro passar para os meus jogadores que os reservas têm uma grande importância no grupo. Afinal, eles vão ser acionados nos momentos de dificuldade, na hora de mudar uma situação adversa.

Revista PREVI – É difícil lidar com um grupo cheio de gente talentosa?
Bernardinho – Talento não é problema. Os problemas advêm de egos e vaidades fora de controle, de um modo geral causados por elogios excessivos e bajulações inoportunas. Procuro deixar claro para o grupo que sempre vai jogar quem estiver mais bem preparado e mais motivado.

Revista PREVI – Você procura dar espaço para a equipe se manifestar? Qual a importância de ouvir o grupo?
Bernardinho – A equipe tem espaço para expor suas idéias. É importante que todos se manifestem para desenvolvermos o senso de propriedade e para estabelecermos um processo constante de feedback.

Revista PREVI – Além dos jogadores, você lida com uma equipe numerosa de técnicos de diversas áreas. Como é essa relação?
Bernardinho – Para que tenhamos sucesso, é necessária a formação de uma equipe multidisciplinar, que englobe todas as áreas da nossa atividade. Cada um colabora com seu conhecimento para o sucesso do grupo.

Revista PREVI – Qual o fator mais determinante para o sucesso: o talento ou o esforço?
Bernardinho – O somatório de talento e esforço, mais o ingrediente da paixão, leva ao sucesso. Mas acredito que o esforço e a determinação sejam mais importantes do que um talento excessivo. O atleta talentoso, mas que não se empenha, acaba perdendo a vaga para o atleta aplicado.