Pronta para crescer |
O grupo Neoenergia, cujo capital pertence majoritariamente à PREVI, completa o ciclo de reestruturação com acordo firmado em outubro e já mostra resultados significativos no setor elétrico
No início de outubro deste ano, foi firmado um Acordo de Acionistas que complementou a reestruturação da Neoenergia S.A., holding que controla empresas de distribuição, geração e comercialização de energia em estados do Nordeste. O capital da Neoenergia pertence à PREVI, à Iberdrola e ao Banco do Brasil (por intermédio do BB-Banco de Investimento – BB-BI – e da Brasilcap). O Acordo trata da parte societária no que concerne à transferência de ações, direito de preferência e mecanismos de resolução de conflitos, entre outros aspectos.
O resultado da reestruturação é significativo. Até setembro deste ano, o lucro líquido alcançava R$ 548,1 milhões, resultado superior ao obtido em todo o ano passado, R$ 304,8 milhões. Para ter idéia, o lucro de 2004 já era sete vezes maior do que o obtido em 2003. Já o resultado medido pelo Ebitda (lucro líquido operacional antes dos impostos, depreciação e amortização, adicionados os juros) chega a R$ 1,642 bilhão em 2005 (valores acumulados até setembro).
O Ebitda representa a geração operacional de caixa da companhia. Ou seja, dimensiona o quanto a empresa gera de recursos apenas em sua atividade, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. É um importante indicador para avaliar a qualidade operacional de uma empresa. A Neoenergia pode fechar 2005 com um Ebitda de R$ 2 bilhões. Em 2004, o Ebitda fechou em R$ 1,464 bilhão, e classificou a Neonergia como o 52º maior grupo econômico do Brasil em faturamento, segundo a Revista Valor Grandes Grupos/2005.
Os números abrangem o resultado conjunto de todas as empresas controladas pela holding . Atualmente, a Neoenergia controla distribuidoras – Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) e Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) – e as geradoras Itapebi (BA) e Termopernambuco (PE), além da comercializadora NC Energia.
A representatividade do grupo no mercado energético brasileiro pode ser avaliada pelo número de consumidores que atende. Juntas, Coelba, Celpe e Cosern possuem quase 6 milhões de consumidores. Se fossem apenas uma empresa, só ficariam atrás da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e deixariam para trás gigantes como Eletropaulo e Light. |
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Dentre os controladores da holding , a PREVI possui 49% do capital total, a Iberdrola tem 39% e o Banco do Brasil, 12%. Os três constituíram, em 1997, o Grupo Guaraniana (antiga denominação da Neoenergia), com o objetivo de participar de investimentos no segmento de energia elétrica.
Até 2000, cerca de R$ 4,1 bilhões haviam sido investidos nas aquisições das distribuidoras na Bahia, Rio Grande do Norte e Pernambuco, e a usina hidrelétrica de Itapebi já tinha começado a ser construída. No ano seguinte, teriam início as obras da usina termelétrica Termopernambuco. A partir de 2002, a holding passou a enfrentar uma série de problemas.
“Tínhamos R$ 2,4 bilhões de dívidas vencendo nos seis meses seguintes e não havia liquidez na parte financeira. Além disso, houve problemas na implantação do projeto da Termopernambuco, a relação com o órgão regulador, a Aneel, estava complicada, e uma das empresas, a Ibenbrasil, não era viável”, conta Marcelo Corrêa, diretor-presidente do Grupo Neoenergia.
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Participação da PREVI é decisiva na reestruturação
O Acordo de Acionistas da Neoenergia é a etapa mais recente de um longo processo de recuperação, iniciado em 2003, com a assinatura de um Memorando de Entendimento e a adoção de várias medidas de saneamento com o objetivo de equilibrar a situação financeira, dar rentabilidade aos ativos e preparar o Grupo para crescer.
A PREVI teve participação fundamental nesse processo, com presença direta tanto na elaboração do Memorando de Entendimento quanto no acordo de acionistas e na seleção dos executivos. Além disso, destacou uma funcionária como gerente de acompanhamento do grupo, a exemplo do que faz com outros investimentos estratégicos.
Para o diretor de Participações da PREVI e presidente do Conselho de Administração da Neoenergia, Renato Chaves, o Acordo consolida uma etapa na qual o Grupo atingiu um elevado estágio de gestão empresarial, após um período de incertezas no mercado em que atua, fruto do racionamento de energia elétrica e seus reflexos na situação financeira e no campo regulatório. “O esforço dos sócios na busca de um alinhamento de interesses em prol da sociedade resultou na definição clara de competências e responsabilidades de acionistas e Conselho de Administração, o que garante uma autonomia gerencial e adequada para o corpo diretivo”, conclui Renato Chaves.
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Os sócios resolveram fazer, em primeiro lugar, uma reestruturação operacional e de gestão. Uma empresa de consultoria foi contratada para avaliar os interesses e expectativas dos sócios e, em agosto de 2003, foi assinado o Memorando de Entendimento para ajustar o modelo de gestão e governança do Grupo. A partir de então, o foco foi direcionado para controlar cinco variáveis principais, com a criação de comissões de Mercado, de Finanças, de Serviços e Qualidade, de Perdas e de Inadimplência, para unificar os procedimentos e disseminar as melhores práticas operacionais.
Dentre as medidas tomadas para sanear a carteira, ocorreu renegociação das dívidas do Grupo, com diminuição de taxas e alongamento de prazos. As dívidas, próximas a R$ 4,5 bilhões, foram prorrogadas para 2010 em diante, com o início da amortização prevista para o final de 2007. A partir do Memorando de Entendimento, também foram criados os comitês de Auditoria, Finanças e Remuneração. A holding manteve intenso diálogo com a Aneel e conseguiu resolver todos os problemas pendentes. Um dos resultados foi o investimento em programas sociais, com cursos profissionalizantes e de inserção tecnológica. “Conseguimos maior controle da inadimplência nas três distribuidoras de energia, a eficiência no rendimento aumentou e o ingresso de caixa melhorou”, destaca o diretor-presidente da Neoenergia.
O acordo firmado em outubro abre muitas e novas perspectivas. “Ele traz grande transparência e consubstancia um modelo de governança. Temos condições de cumprir qualquer requisito para a comercialização de ações e crescer sem riscos, de modo sustentável”, resume Marcelo Corrêa. “A Neoenergia está pronta para aquilo que os acionistas decidirem fazer com ela.” |
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