Edição 174 Outubro/2013

vida boa

Nas águas da liberdade

Conheça a história da nadadora e aposentada do BB Maria Léa

Foto de abertura - 1...

A natação sempre fez parte da minha vida. Desde os cinco anos de idade, exercito meu corpo na água. Embora nesse meio século tenha me afastado por alguns períodos, faz 20 anos que retornei com afinco à prática da atividade, aliando o prazer das braçadas com os benefícios para a coluna e contra as alergias. Hoje, aos 55 anos, aposentada do BB desde o início de 2013, posso me dedicar exclusivamente ao esporte, que, além de me fazer bem, me ajuda a estreitar laços de amizade importantes.

Aos 35 anos, me filiei a um grupo de atletas, o de Nadadores Máster (para nadadores a partir de 25 anos), aqui em Brasília, e há mais ou menos cinco anos venho treinando e competindo pelo Brasil e pelo mundo com eles. Os resultados têm sido muito bons. No 51º Campeonato Brasileiro de Natação, realizado em abril deste ano, em Porto Alegre, me tornei campeã brasileira de 400m medley e 50m borboleta, conquistando o título de recordista do Distrito Federal. E me sagrei ainda vice-campeã brasileira nas categorias 50m, 100m e 200m costas. Isso prova que os treinamentos têm valido a pena.

Estou adorando essa vida de aposentada. É muito bom poder fazer o que me dá prazer. Durante a minha vida ativa profissional, cheguei a trabalhar além do necessário. Por isso, ter tempo é, para mim, um luxo e um prazer adquiridos desde o início do ano, quando me tornei oficialmente uma aposentada do BB.

Tenho três filhas e uma neta – que moram comigo – e um companheiro, que mora na casa dele. Além de nadar e atuar como voluntária em um centro espírita, adoro viajar. Antes da aposentadoria, não tinha muito tempo para dar atenção a todas essas atividades. Agora, com a agenda livre, posso participar de tudo.

Quando estava na ativa, treinava uma hora por dia, no período do almoço, mas era sempre muito corrido. Ia até a academia, nadava, almoçava e voltava rapidamente ao trabalho. E isso só era possível porque nadava em uma academia próxima, e Brasília ainda tem um trânsito relativamente tranquilo comparado ao de outras capitais. Hoje, minha rotina é completamente diferente. Minhas manhãs são quase que exclusivamente dedicadas às minhas atividades físicas: faço alongamento, musculação na academia e na piscina, e treino, pelo menos, uma hora e meia, de segunda a sábado. Tudo com muita tranquilidade e na companhia dos amigos. À tarde, faço todo o resto... Levo a neta ao colégio, vou ao cinema, tiro minha soneca após o almoço. Enfim, faço o que tenho vontade.

Equipe unida nas competições e no lazer

A equipe da qual faço parte tem atletas em idades variadas – em média, a partir dos 50 anos. Nos dedicamos à natação há muitos anos e, além de fazermos parte de um grupo que treina e compete junto, temos uma vida social intensa na companhia uns dos outros. Fazemos churrascos, vamos a festas, saímos para dançar. Enfim, curtimos a vida juntos.

Além disso, fazemos quatro viagens nacionais por ano para participar de campeonatos brasileiros de Natação Máster. Em setembro, participei do XX Campeonato Norte, Nordeste e Centro-Oeste Másters de Natação, em Recife. Competi em cinco categorias: 200m medley, 50m e 100m costas (individuais), revezamento medley misto e revezamento crown livre. Ganhei quatro medalhas de ouro e uma de prata (50m costas). Agora estou de malas prontas para tentar bater o recorde nos 400m medley na categoria acima de 55 anos no Campeonato Sul-Americano de Natação Master, que acontece de 27 de novembro a 1º de dezembro no Chile.

Esses treinos e competições são benéficos em diversos aspectos, mas meu objetivo é menos performance e mais saúde, vida boa, companheirismo. Viajo, conheço lugares, pessoas. Nadando e competindo, já fui com a equipe aos EUA, Chile, Colômbia, Peru, Argentina, Canadá, Inglaterra, entre outros destinos do Brasil e do mundo.

O que me motiva, mais do que medalhas e reconhecimento, é o bem-estar que a natação oferece. Mesmo assim, levo muito a sério a minha equipe e as competições das quais participo. Conseguimos bons resultados e treinamos com afinco, mesmo sem nenhum tipo de patrocínio ou ajuda, tendo que bancar todas as viagens, inscrições e estadias com verba própria – o que só é possível porque recebo o benefício da PREVI. Para nós, nadar faz bem para o corpo, para a mente e para a alma!

Vale lembrar que, embora eu esteja amando minha vida de aposentada, também gostava muito de trabalhar no BB, onde entrei com 24 anos, aqui em Brasília, e fiquei por exatos 30 anos. Atuei em vários setores e aproveitei minha formação em Comunicação com especialização em Publicidade e Relações Públicas na UnB, em 1980, para galgar cargos ligados à gestão de projetos e marketing no Banco. Quando parei, ocupava o cargo de gerente da Divisão de Pesquisa de Mercado.

Já me perguntaram se depois, quando passar essa fase inicial de descanso, pensarei em voltar a trabalhar de alguma forma. Minha resposta é categórica: não. Se fosse para trabalhar, eu continuaria no Banco, fazendo o que tanto gostava. Agora, que peguei o gostinho da aposentadoria, quero mais é me divertir: curtir filhas, neta, marido, amigos, nadar, viajar, dançar. É preciso aproveitar tudo isso enquanto tenho saúde! Eu quero mais é ser feliz! 

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