Revista Previ

Dezembro se aproxima, e os termômetros já estão subindo. As praias e piscinas ficam lotadas, assim como parques públicos e academias de ginástica, com todos querendo entrar em forma para a estação mais animada do ano. É nessa hora que muita gente exagera e acaba pisando na bola em vez de aproveitar o verão de maneira saudável.

“O verão é uma estação como as outras, mas as pessoas, muitas vezes, querem encarnar um personagem diferente. Como quem se veste de fraque para ir a uma festa de casamento”, observa o nutrólogo Paulo Gusmão. Na prática, isso geralmente significa dietas especiais, sobrecarga de exercícios ou as duas coisas ao mesmo tempo. Sem falar nas horas ao sol para conseguir um bronzeado digno da estação, mas que podem resultar em graves problemas de pele. Por isso é bom manter a calma e deixar de lado a ansiedade pré-verão. “O importante é constituir uma identidade saudável para todas as estações, com exercícios regulares e uma dieta equilibrada para os 12 meses do ano.”

Água e comida

De fato, não adianta querer perder em semanas o peso que levou meses para acumular na cintura. Em vez de dietas mirabolantes, o ideal é aproveitar a estação para uma alimentação mais leve e refrescante. Gusmão explica que, numa época mais quente, o corpo gasta mais água para dissipar o calor, especialmente quando a temperatura externa ultrapassa 36 graus. “Normalmente, necessitamos de 30ml de água por quilo de peso ao dia, mas no verão essa demanda sobe para 50 a 60ml, dependendo do peso da pessoa”, diz.

Por isso, além de beber muita água, o ideal é manter uma dieta rica em proteínas magras – mais fáceis de digerir – e em alimentos hidratados. “Melão, melancia, pera, maçã, morango, tomate, pepino, chuchu, cenoura, folhas em geral”, enumera Gusmão. “Água de coco também é uma ótima opção, porque ajuda a repor o sódio e o potássio que perdemos com o suor.” Vale lembrar que se hidratar não é tomar cerveja ou caipirinha na praia. “O álcool desidrata”, lembra Gusmão. “Se for beber, deixe para quando for mais tarde, de preferência num ambiente mais fresco.”

Os cuidados com hidratação devem ser mais intensos com crianças e idosos, recomenda o nutrólogo. “Por distração e excesso de adrenalina nas brincadeiras, é normal as crianças simplesmente esquecerem que estão com sede, o que pode levar à hipertermia ou até convulsões em casos extremos”, alerta Gusmão. “Já nos idosos, a percepção cerebral da sede diminui. Por isso, é preciso ficar atento à hidratação, especialmente se a pessoa toma diuréticos para hipertensão.”

Gusmão lembra também que alimentos mais pesados são mais difíceis de digerir, e isso aumenta a sensação de calor. “Coma comidas mais leves e com mais frequência, em vez de fazer uma grande refeição pesada”, aconselha. “Evite o churrasco, a macarronada ou a feijoada, e prefira comidas de digestão mais fácil: saladas, frios, frutas. Troque a maionese pelo requeijão pasteurizado, que é mais leve e tem menos risco de estragar.”

Por falar em alimentos estragados, não se esqueça de regular a temperatura da geladeira para compensar o calor e conservar melhor a comida. “Muito cuidado com carnes, laticínios e maionese, e evite comprar alimentos que estejam muito perto do prazo de validade”, recomenda Gusmão. Se for à feira, vá cedo. “Evite a xepa, pois o risco de contaminação dos alimentos no calor é maior.”

A mudança na alimentação, no entanto, não precisa ser necessariamente radical. “Visite gastronomias diversas e não exclua completamente aquela pipoca no cinema ou a torta na casa da avó”, diz Gusmão. “Afinal, identidade saudável não significa vida sem prazer. Isso não é social ou mentalmente positivo.”