Edição 191 Novembro/2016

administração

Cenário econômico

Economia tem ligeira melhora, mas o caminho da recuperação é longo

O ambiente econômico brasileiro e global foi um dos principais causadores do déficit no balanço da PREVI no ano passado. Inflação em alta, desaceleração da China, queda nas bolsas e no preço internacional das exportações brasileiras tiveram forte impacto em nossas contas. Em 2016, já se percebe uma mudança no cenário. Ainda que de maneira tímida, é possível identificar uma recuperação econômica que difere do panorama global do ano anterior.

O caminho, no entanto, é longo e sujeito a riscos. Afinal, recuperar a economia que passa por uma crise é como tentar consertar um carro em que o mecânico tem de fazer os reparos com o veículo em movimento.

O comportamento da inflação, por exemplo, será decisivo e terá grande influência para as reservas da PREVI. Quanto mais alta a inflação, mais difícil bater a meta de rentabilidade dos investimentos e mais difícil equilibrar o plano, já que o passivo aumenta. Afinal, utiliza-se um índice de inflação (o INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor) tanto para o cálculo da meta atuarial quanto para a correção dos benefícios. Uma inflação mais comportada, por outro lado, significa metas atuariais menores e menor crescimento das despesas com pagamento de benefícios.

Inflação

A boa notícia é que, em novembro, as expectativas indicavam que a inflação, no longo prazo, está em queda. O Boletim Focus, do Banco Central, que verifica as projeções do mercado para a economia, prevê uma inflação em torno de 5% ao ano em 2017, índice muito mais próximo do centro da meta e bem mais favorável para as contas da PREVI.

Ao mesmo tempo, a previsão do Focus em novembro era de que o PIB começará a reagir e poderá apresentar crescimento de 1,00% no ano que vem. Um desempenho ainda baixo, porém uma boa notícia depois de dois anos de recessão. Crescimento do PIB significa mais investimento, mais atividade econômica e mais ganhos para as empresas. Isso normalmente se reflete na bolsa de valores, onde está alocada grande parte dos investimentos da PREVI. Não podemos esquecer que a queda no mercado de ações foi responsável pelo resultado ruim de 2015.

Mas será que a recuperação da economia é sustentável? Primeiro, é preciso analisar alguns fatores importantes para essa reversão nas projeções. Um deles é o fim da crise política. O desfecho do processo de impeachment retira do caminho uma boa dose de incertezas que paralisam investimentos. Os próximos passos do governo, no entanto, serão fundamentais. Por enquanto, o mercado tem expectativas positivas.

Ajuste fiscal

É bom observar que isso não basta para uma recuperação sustentável. Para que a economia entre em um novo ciclo de crescimento duradouro será preciso realizar um ajuste rigoroso nas contas públicas. O desafio é grande. O déficit nas contas públicas é o maior desde 1989, e a agenda de reformas é impopular. A política de juros do Banco Central também será decisiva. O BC optou por manter a taxa em níveis elevados, com o objetivo de convergir rapidamente a inflação para o centro da meta (IPCA de 4,5% ao ano). Se a medida funcionar, abre-se espaço para uma queda nas taxas, o que estimularia o crescimento. No entanto, é preciso dosar bem o estímulo para não provocar mais inflação. Outro ponto relevante é que o remédio precisa fazer efeito rapidamente, pois os juros altos elevam o custo da dívida pública, dificultando o próprio ajuste fiscal.

Cenário global

Enquanto isso, no plano internacional, o mercado passa por um momento relativamente favorável ao Brasil. Os juros estão muito baixos nos países desenvolvidos e há excesso de capital disponível em busca de investimentos atraentes. Como os juros brasileiros são altos, o país se torna um destino interessante para o capital estrangeiro.

Isso estimula a entrada de dólares no país, ajudando a reduzir a cotação da moeda americana. Além disso, muitos investidores estrangeiros aproveitam boas oportunidades de compra na bolsa brasileira depois da forte queda de 2015, o que aumenta o impulso de recuperação. Até julho, o IBR-X, índice da Bolsa usado pela PREVI como referência para investimentos em renda variável, acumulava mais de 30% de alta.

A reação da economia é fundamental para a PREVI. O aquecimento dos negócios tende a gerar mais lucros, mais dividendos e, consequentemente, valorização das empresas. Com a inflação caindo de um lado e uma alta nos ativos do outro, fica mais fácil cumprir as metas e combater o déficit atuarial.

Gestão ativa

É importante destacar, no entanto, que a PREVI não está parada esperando o cenário melhorar. A gestão de investimentos é ativa e tem procurado a melhor estratégia em cada um dos planos. No PREVI Futuro, a estratégia é aproveitar as melhores oportunidades para capitalizar o Plano, seja comprando ações em baixa com potencial de valorização, seja aproveitando a alta dos juros para obter ganhos maiores na renda fixa.

Já no Plano 1, o objetivo é reduzir gradualmente a carteira de renda variável e migrar para renda fixa. O movimento busca diminuir o risco da carteira de investimentos e aumentar a liquidez para o pagamento de benefícios. Evidentemente, a venda de ações e participações do Plano 1 é feita de forma planejada para evitar perdas e obter o melhor retorno possível. Por isso, não pode ser feita apressadamente, especialmente no caso de participações em grandes empresas.

Em resumo, se o futuro do país ainda é incerto, uma coisa nós podemos garantir: a PREVI vai fazer sempre o melhor possível para garantir o patrimônio de seus associados.

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