recursos do plano
2016 começa melhor
Investimentos têm resultado positivo no primeiro trimestre, mas cenário ainda é bastante desafiador
O ano de 2016 começou com um bom resultado acumulado dos investimentos no primeiro trimestre, o que fez o Plano 1 e o PREVI Futuro superarem suas metas atuariais para o período. O Plano 1 atingiu um rendimento de 5,75%, e o PREVI Futuro alcançou 7,98% de rentabilidade. A meta atuarial correspondente ao período para os dois planos foi de 4,19%.
No Plano 1, isso representou um superávit de R$ 1,59 bilhão nos três primeiros meses do ano. O principal fator de recuperação foi o ótimo desempenho dos investimentos em renda variável. As ações na carteira do Plano tiveram uma alta de 7,33%. Cabe ressaltar que esse desempenho não leva em conta a Vale, que representa 15,75% do total dos investimentos e 32,61% de toda a carteira de renda variável da Entidade. Isso acontece porque a participação da PREVI na mineradora é parte do bloco de controle da empresa e não pode ser negociada em bolsa. Desse modo, o ativo é reavaliado apenas ao final de cada ano. A Vale anunciou um lucro líquido de R$ 6,3 bilhões no primeiro trimestre, o que é um bom sinal de recuperação.
Já o PREVI Futuro encerrou o primeiro trimestre com um Ativo Líquido Total de R$ 7,42 bilhões, um acréscimo de R$ 764,41 milhões em relação a dezembro de 2015. No período, o destaque no Plano foi o desempenho do segmento de renda variável. Com uma valorização de 13,76%, os investimentos em ações contribuíram com R$ 241,79 milhões no aumento do resultado.
Inflação mais comportada
“Fomos ajudados por uma inflação mais comportada do lado do passivo, ao mesmo tempo em que a recuperação da bolsa fez crescer a rentabilidade dos ativos”, explica o presidente da PREVI, Gueitiro Matsuo Genso. “O resultado do trimestre confirma que temos uma carteira de ótima qualidade, com ativos sólidos, ancorados na economia real.” É certo que os números não revertem o resultado negativo do ano passado, mas mostram que os ativos dos planos são saudáveis.
Gueitiro observa ainda que a alta nos três primeiros meses do ano gerou um aumento de R$ 3,2 bilhões na carteira de renda variável do Plano 1. “Isso mostra que o resultado ruim de 2015 foi conjuntural”, diz.
Turbulências
O cenário levou a PREVI ao primeiro déficit acumulado desde 2002. O resultado acumulado do ano foi negativo em R$ 16,1 bilhões no Plano 1 e rentabilidade negativa de 2,84%, enquanto o PREVI Futuro teve uma rentabilidade de 3,72% e um desequilíbrio de cerca de R$ 58 milhões. Em ambos os casos, um resultado muito distante da meta atuarial de 16,84%, que foi a mais alta dos últimos anos em função da inflação.
Assim como na recuperação registrada no primeiro trimestre de 2016, a bolsa foi decisiva para o balanço negativo do ano passado, quando o Ibovespa acumulou queda de mais de 13%. Em 2015, a carteira de renda variável do Plano 1 teve queda de 17,20%, enquanto a do PREVI Futuro sofreu desvalorização de 13,53%.
Cabe destacar que apenas cinco empresas – Vale, Banco do Brasil, Petrobras, Neoenergia e Bradesco responderam por cerca de R$ 13 bilhões do resultado negativo do Plano 1 (ver reportagem “As 5 Grandes”).
Diversificação
Marcus Moreira, diretor de Investimentos, explica que a PREVI possui uma carteira de ações bastante diversificada. “Há posições que sofreram um pouco mais com o mercado, principalmente as ligadas a commodities, e outras que não sofreram tanto e têm um histórico mais longo de boa rentabilidade”, diz.
O desempenho dos investimentos de renda fixa atenuou o efeito da queda da bolsa nos dois planos em 2015. A alta dos juros favoreceu a compra de títulos públicos, especialmente os papéis indexados ao IPCA (NTN-B). A boa performance da renda fixa se manteve no primeiro trimestre de 2016: foi possível atingir um rendimento de 5,33% na carteira do Plano 1 e de 6,30% no PREVI Futuro.
Imóveis e investimentos estruturados
O ano de 2015 também foi desafiador para a carteira de imóveis. Rio de Janeiro e São Paulo, os dois principais mercados imobiliários do país, passam por momentos de baixa por razões distintas. No Rio, pela retração da demanda de locações; em São Paulo, pelo excesso de oferta de novos imóveis. São fatores distintos que forçam a queda dos aluguéis corporativos. A PREVI, com grande exposição nessas praças, agiu de forma proativa para manter taxas de ocupação em patamares acima da média do mercado.
Com um cenário que impôs cautela, a realização de investimentos em obras de melhoria foi bastante criteriosa. Na área de shopping centers, a PREVI reforçou sua participação com a alocação de recursos do PREVI Futuro em dois empreendimentos no fim de 2015: o Norte Shopping (RJ) e o Shopping Vitória (ES), ativos consolidados nos quais o Plano 1 já tinha participação.
Já no Plano 1, o destaque foi a Torre Matarazzo, em São Paulo. O empreendimento é um edifício corporativo certificado como AAA pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), pela excelência em seus sistemas de automação, de ar-condicionado, elevadores, instalações elétricas e hidráulicas, geradores de energia e conforto térmico e acústico. O contrato de locação do edifício já está formalizado e irá gerar renda a partir deste ano. No primeiro trimestre, a carteira de investimentos imobiliários do Plano 1 teve rentabilidade de 2,03%, e o PREVI Futuro, de 1,94%.
O cenário turbulento de 2015 também levou a uma análise ainda mais cuidadosa das oportunidades em investimentos estruturados, os chamados fundos de private equity. Esses fundos compõem o portfólio de ativos da PREVI e são importantes para a estratégia de diversificação, uma vez que os setores da economia nos quais investem diferem muito do conjunto de ativos negociados em Bolsa.
O Plano 1 possui 29 fundos de investimentos no segmento de investimentos estruturados, o que representava 0,6% dos recursos garantidores do Plano em dezembro de 2015. No ano, não foram realizados investimentos em novos fundos e aprimoraram-se os procedimentos de controle e acompanhamento dos fundos investidos e de suas mais de cem empresas. Já o PREVI Futuro, investe em 18 fundos diferentes, que representam cerca de 1,2% da alocação de recursos do Plano.
A rentabilidade negativa do segmento em 2015 deu sinais de reversão no primeiro trimestre do ano. O Plano 1 obteve rendimento de 0,44%, e o PREVI Futuro, de 10,90%.
Novas oscilações no 2º trimestre
O resultado favorável do primeiro trimestre não foi suficiente para reverter o déficit do ano anterior, mas evidenciou o quanto vivemos um período de instabilidade, com oscilações expressivas. Se os números do primeiro trimestre foram animadores, o mesmo não se pode dizer do 2º trimestre, quando novamente houve queda nas rentabilidades e a inflação voltou a subir de forma acentuada.
O semestre ainda não se encerrou, mas o mais provável é que o resultado seja novamente desfavorável.