Edição 195 Outubro/2017

bem-estar

A caminho de uma terceira idade feliz

Aposentados da PREVI aproveitam a vida pós-trabalho e se preparam para serem idosos saudáveis e realizados

Viajar, caminhar, fazer um churrasco com os amigos, ir ao cinema com as amigas, escrever um blog, dar a volta ao mundo de moto, ver séries na Netflix... essas e muitas outras atividades fazem parte do dia a dia de diversos aposentados da PREVI. A caminho da terceira idade, esses jovens senhores e senhoras entre os 50 e 60 anos pararam de trabalhar há pouco tempo e aproveitam a nova fase para desfrutar da vida, sem horários e prazos.

Diferentemente do que víamos há quatro ou cinco décadas, pessoas que passaram dos 50 e estão chegando à terceira idade se mostram cada vez mais saudáveis e dispostas. O bem-estar é a prioridade, principalmente para quem tem a oportunidade de se aposentar ‘relativamente cedo’.

Aposentada do BB há quatro anos, Maria Carmen Munin se considera uma privilegiada. “Graças à minha educação financeira ao longo da vida e aos benefícios que recebo da PREVI e do INSS, consigo aproveitar a vida da melhor forma possível”, afirma.

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Dia do Idoso

Celebrado no dia 1º de outubro, o Dia do Idoso serve para ampliar a divulgação dos direitos que as pessoas dessa faixa etária possuem. E, também, para lembrar que nossa população está envelhecendo cada vez mais e melhor. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ampliação do acesso a serviços de saúde e de saneamento nos últimos anos está encaminhando o Brasil para se configurar como um país com mais idosos do que crianças nas próximas décadas. A expectativa é de que, até 2055, o número de pessoas com mais de 60 anos supere o de brasileiros com até 29 anos.

Para Renato Veras, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e especialista em gerontologia, o envelhecimento da população é inevitável, mas é preciso cuidar da saúde desde sempre. Hoje, os idosos são 13% da população brasileira e, nos próximos 40 anos, este percentual deve dobrar. “Morrer está fora de moda, e chegar aos 90 anos está cada vez mais fácil”, diz.

No entanto, não adianta prolongar a vida se ela não for saudável. Por isso, Veras argumenta que é necessário mudar o modelo de assistência médica praticado, o mesmo desde a década de 1960, pois só assim seria possível desfrutar das vantagens da longevidade. Segundo ele, a fragmentação no cuidado do indivíduo, hoje comum no atendimento médico, não traz bons resultados. “Especialistas tratam bem em suas especialidades, mas no conjunto é uma tragédia se eles não dialogam”, explica. “Por isso proponho que as pessoas mais velhas tenham um único médico que as acompanhe e que saiba das especificidades de cada um.”

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Ficar velho é lindo

Para a antropóloga, pesquisadora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeriro (UFRJ) Mirian Goldemberg, que costuma usar o termo ‘velho’ em vez de idoso para falar das pessoas que passam dos 60 anos, a velhice é um período lindo da vida, e hoje tem uma outra ‘cara’. Ela entende que a velhice é um momento de libertação, no qual as pessoas – principalmente aquelas que já estão aposentadas, com filhos crescidos e criados – decidem que está na hora de fazer aquilo que sempre desejaram. Miriam lembra que a mãe morreu aos 60 anos e ela, hoje com a mesma idade, está no auge da maturidade.

“Se pensarmos na nossa sociedade há três, quatro décadas, uma pessoa de 50 e poucos, 60 anos tinha o aspecto envelhecido, bem ‘acabado’, que levava a vida sem se preocupar muito com a aparência ou em fazer atividades que dessem prazer e trouxessem benefícios à saúde. Não que isso fosse ruim, mas hoje temos uma população com essa mesma idade totalmente ativa, com a mente jovem, que faz ginástica, mantém-se saudável e tem liberdade para fazer exatamente aquilo que sempre desejou e muitas vezes não teve tempo, disposição ou dinheiro para realizar”, afirma a antropóloga.

Miriam acrescenta que a velhice, quando acompanhada de saúde, pode ser um período muito especial, no qual se vive muito mais e melhor, sem o peso dos prazos a cumprir, das obrigações com a família e dos limites impostos pela sociedade. “Não existe uma ruptura quando nos aposentamos ou ficamos velhos; não dá para ficar falando em idade, rotulando as fases. Afinal, pessoas ativas, alegres, realizadas, interessantes, saudáveis e de bem com a vida podem existir em qualquer idade. Isso não é prerrogativa apenas dos jovens. O que existe com a velhice, hoje, é uma disposição de viver mais e melhor, colocando o seu bem-estar e as suas vontades à frente de tudo”, avalia.

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Mais saudável e feliz

A herança genética é difícil de contornar. Há doenças, que por mais que a gente previna, às vezes aparecem. No entanto, segundo Renato Veras, no caso das enfermidades crônicas como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e artrose, por exemplo, o acompanhamento regular feito por um médico permite conviver tranquilamente com elas. “É uma questão de cuidar da doença e fazer com que ela evolua o menos possível, proporcionando bem-estar e longevidade”, explica.

Miriam, por sua vez, alerta que, por darem mais atenção à saúde, as mulheres acabam por viver mais que os homens. Mas isso deve mudar, porque eles estão começando a entender a importância de se cuidar. Além disso, finanças equilibradas, a manutenção e a ampliação das amizades e afetos, aliados aos projetos de vida, são itens fundamentais que permitem aos idosos prolongarem ainda mais suas vidas, chegando facilmente aos 80, 90 e até 100 anos.

O que der na telha

Para Maria Carmen, bem-estar é prioridade. Viajar para ela é uma atividade corriqueira, que gosta de realizar com o namorado, Ramon; com amigas e com os filhos Felipe e Tatiana. “Me aposentei extraoficialmente no dia 6 de maio de 2013. Um dia antes embarquei para um ‘mochilão’ na Europa”, conta. Ela passou por Alemanha, Inglaterra, Portugal, Grécia, Croácia e Espanha e, quatro meses depois, voltou ao Brasil para assinar oficialmente a saída do Banco.

Foi o começo de uma nova fase para Carmen. “Minha maior conquista com a aposentadoria é não ter obrigação com nada”, diz. “Faço o que quero na hora em que bem entendo. Meu bem-estar e minha realização pessoal são o que me move”. Além de viajar, ela divide seu tempo livre fazendo outras coisas que adora, como caminhar pela Urca ou Lagoa, cuidar da mãe, curtir os filhos, sair com as amigas e o namorado.

“Espero chegar à idade da minha mãe, que acabou de fazer 87 anos, com a mesma jovialidade e saúde. Assim, definitivamente, ficar velha vai ser uma grande experiência”, diz Carmen, acrescentando que se mantém jovem e atualizada também usando ativamente as redes sociais e ajudando a filha Tatiana a escrever o blog ‘Além do Postal’. “Posso dizer que sou uma aposentada, quase idosa, muito feliz”, resume a ex-gerente de contas da agência Marechal Floriano, no Rio de Janeiro.

Viagem de moto pelo mundo

Octávio Mauro Alves, 56 anos, é outro ex-funcionário do BB que se prepara para chegar à terceira idade com a mente e o corpo jovens. Morador de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, ele conta que o corpo pode até envelhecer, mas a mente não. “Sou um eterno sonhador, e acho que isso me manterá jovem para sempre.”

Aposentado há seis anos, ele dará início, em 26 de outubro do ano que vem, ao seu projeto mais ambicioso: dar a volta ao mundo de motocicleta com a esposa Denise, gerente da agência Estilo de Ribeirão Preto. “A ideia surgiu logo depois de me aposentar e passar quatro meses estudando inglês em Boston, nos EUA. Um amigo me chamou para dar uma volta até o Alasca, mas achei que o trajeto era curto e ampliei ‘um pouco’ a ideia”, conta.

A viagem deve durar 18 meses. Octávio e Denise percorrerão 110 mil km em 41 países, passando pela América, Europa, Rússia e Alasca. “É um projeto que vai virar realidade e, depois, um livro, no qual o personagem principal será a própria viagem”, afirma. Ele conta que a ideia tem a aprovação de Gabriela e Tábata, filhas de seu primeiro casamento. “Ter um complemento de aposentadoria pago pela PREVI é fundamental para dar segurança para investir na realização de projetos como esse”, afirma.

Além de viajar, Octávio também cuida da saúde, fazendo caminhadas e mantendo uma alimentação saudável. “Acredito que, entrar na terceira idade, cuidando da minha saúde e fazendo o que gosto, será tranquilo, sem traumas ou problemas”.

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Vida nova, longe do estresse

Para César do Valle, 55 anos, ex-gerente do BB em Vitória, no Espírito Santo, a aposentadoria chegou como uma recompensa depois de quase três décadas de trabalho. “Comecei a trabalhar aos 16 anos, por isso, assim que verifiquei que poderia me aposentar pela PREVI não pensei duas vezes e aderi ao PAI em 2015. Foi a melhor decisão que eu podia tomar. Ganhei qualidade de vida e passei a fazer coisas que não tinha tempo. Hoje, vivo no meu próprio ritmo”, conta.

César conta que várias coisas passaram a fazer parte do seu dia a dia de aposentado. “Me separei e, como fui morar sozinho em Vila Velha, precisei ter uma nova rotina, que inclui cuidar da casa, caminhar na praia, assistir séries da Netflix, viajar para conhecer novos lugares e visitar a namorada em Minas Gerais, fazer churrasco com os amigos da faculdade”, enumera. “Enfim, criei novos hábitos e voltei a fazer coisas que não podia por falta de tempo. Com a aposentadoria voltei, por exemplo, a ler, que é uma coisa que eu adoro, afinal agora tempo não me falta mais.”

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Ele explica que ainda faltam dois anos para se aposentar pelo INSS, mas como teve a possibilidade de antecipar esse processo pela PREVI, não teve dúvidas. “A segurança de ter um benefício complementar da PREVI foi fundamental para a decisão de me aposentar”, diz. “É muito bom saber que tantas contribuições de uma vida inteira de trabalho me ajudam hoje a levar uma vida feliz, rumo a uma terceira idade tranquila, com alguns shows de rock pelo caminho”, conclui César, grande fã de heavy metal e pai da futura jornalista Alice.

Vida longa para os associados é, sem dúvida, uma boa notícia. É importante observar que uma maior longevidade representa também um crescimento no tempo em que passaremos aposentados. Projeções atuariais apontam que o último benefício de pensão do Plano 1 poderá ser pago em 2095. O Plano 1 terá seu pico de desembolso com pagamentos na próxima década, mas ainda está muito longe do fim. E, para fazer frente ao pagamento de benefícios no longo prazo sem que faltem recursos, é necessário considerar as premissas e hipóteses adequadas, além de realizar uma gestão cuidadosa e eficiente dos investimentos.

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