Edição 175 Dezembro/2013

gente do futuro

Superar Limites

Como Leandro Pereira Machado perdeu uma perna, deu a volta por cima e se tornou para-atleta do triátlon

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O que poderia ser o fim do mundo para a maioria das pessoas foi o início de uma nova vida com outras perspectivas e sonhos para Leandro Pereira Machado, 36 anos, escriturário na agência Setor Sul, em Goiânia. Quatro anos atrás, Leandro sofreu um acidente de moto e foi atropelado por um motorista embriagado. Machucou bastante o tornozelo esquerdo e, mesmo depois dos cuidados iniciais e de uma série de cirurgias, teve complicações que levaram os médicos a amputar seu pé e parte da perna esquerda.

“Quando os médicos me contaram que, a partir dali, seria uma pessoa amputada, chorei, gritei, fiquei bravo, mas decidi que, quando tivesse alta, toda minha tristeza e frustração ficariam naquele leito de hospital e que eu seria o melhor ser humano que pudesse ser, mesmo sem aquele pedaço do meu corpo. E, dali pra frente, tudo que recebi foi amor e carinho, o que me estimulou a correr atrás daquilo que eu ainda nem sabia que queria”, contou.

Nascido em Doverlândia, interior de Goiás, Leandro se mudou para Goiânia aos 15 anos para estudar. Chegou a morar com uma irmã e alguns primos, mas antes do acidente já morava sozinho. “Qual não foi minha surpresa ao ver minha casa com novos moradores, cheios de amor e prontos a me ajudar, depois que saí do hospital? Minha mãe, meu avô, uma irmã menor e uma tia especial passaram a viver comigo desde então e acompanham minha jornada em busca da superação. Minha família e amigos se uniram em prol da minha recuperação.”

Como sempre foi muito ativo e versátil em relação ao trabalho, decidiu, ao sair do hospital, que não podia ficar parado. Formado em Engenharia da Computação pela PUC de Goiás, Leandro trabalhava como analista em uma empresa quando aconteceu o acidente. Mas antes disso fez muita coisa: foi protético, vendedor ambulante, vendedor de tapioca, estudou teatro. “Ficar parado, para mim, nunca foi opção. E, como a adaptação à minha condição foi rápida, como parte desse tratamento de reabilitação busquei um esporte que poderia praticar com a prótese no pé e descobri a natação. Me matriculei, então, no Sesc de Goiás e passei a nadar quase que diariamente.”

Das piscinas à biblioteca

No início de 2010, Leandro decidiu que tinha que estudar para passar em algum concurso o mais rápido possível e passou a frequentar, além das piscinas, a biblioteca da cidade para estudar. “Logo em seguida abriu concurso para o Banco do Brasil, me inscrevi e, em 29 de novembro daquele ano, tomei posse na agência Setor Sul, em Goiânia, onde sou escriturário no setor de atendimento à Pessoa Jurídica”.

Enquanto isso, tomou gosto pela natação e começou a pesquisar quais eram os melhores equipamentos que poderiam lhe dar uma vida mais confortável. “Em três meses de BB eu consegui, por meio da Cassi, uma prótese de pé muito boa, que me permitia levar uma vida normal. Hoje, minha prótese é de carbono e facilita muito meu dia a dia.”

Mesmo depois de começar a trabalhar no Banco, Leandro continuou a nadar. “Depois de um tempo nadando, realmente me apaixonei pelo esporte e resolvi investir nele. Saí do Sesc e fui para a Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (Adfego), onde tive contato com diversos nadadores com limitações como as minhas, ou ainda maiores, e que são esportistas incríveis. Cheguei a pensar em desistir porque eles são muito bons, mas continuei e aprendi muito sobre como me desenvolver ainda mais, mesmo com a minha deficiência.”

Vídeos e áudios

Vídeo
A história do atleta e funcionário do BB Leandro Machado - parte 1
Vídeo
A história do atleta e funcionário do BB Leandro Machado - parte 2

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