Edição 167 Outubro/2012

bem-estar

Marcenaria e o fascínio de contar e ouvir histórias

O aposentado Carlos Antônio faz brinquedos de madeira para crianças. Já Maria Eugênia se tornou contadora de histórias

 

bem estar - carlos antonio.jpgCarlos Antônio Conti, voltar aos tempos de criança é colocar as mãos na massa. Ou melhor, na madeira. Morando em Guaxupé, no interior de Minas Gerais, esse aposentado do Banco tem uma oficina em casa, onde há 15 anos monta brinquedos. “É a minha oficina do Gepeto”, brinca ele, numa referência ao pai do boneco Pinóquio, da clássica história infantil.

Tudo começou na pequena oficina caseira, onde Carlos Antônio fazia peças e máquinas de metal. Um dia, ele produziu três máquinas para trabalhos de madeira. “Nunca tinha trabalhado com esse material, mas decidi fazer alguma coisa”, conta. “Como não tinha ideia de como fazer móveis, resolvi fazer brinquedos.”

De lá para cá, Carlos Antônio já concebeu cerca de 40 criações. São patinetes, jogos educativos, carrinhos, móveis infantis, entre outros. Neste ano, ele planeja produzir 1.150 brinquedos de madeira que serão entregues a creches, instituições religiosas, orfanatos e organizações de caridade, e distribuídos para crianças carentes. Ele conta que tudo tem de estar pronto no começo de dezembro, a tempo de chegar para o Natal.

Carlos Antônio não participa da entrega dos brinquedos às crianças. “Não gosto de aparecer”, afirma. Mas se orgulha de ver meninos e meninas nas ruas da cidade se divertindo com as peças que ele mesmo fabricou. “Fazer o que a gente gosta, sem qualquer interesse, e ver as crianças sorrindo. No fundo, quem sai ganhando é a gente.”

Aos 85 anos, com sete filhos e cinco netos, Carlos Antônio diz não precisar de muita coisa. “Vivo bem com o que tenho e não tenho a pretensão de ficar rico”, afirma. E agradece à PREVI por garantir a ele uma boa condição de vida. “Sem a aposentadoria que ela me dá, não poderia fazer o que faço”, conclui.

O fascínio de contar e ouvir histórias

 

bem estar - maria eugenia.jpg

Maria Eugênia de Carvalho Arruda, por sua vez, mergulha no mundo das histórias para sair de lá renovada. Pouco antes de se aposentar, em 2005, ela ouviu falar de um curso que ensinava técnicas de contar histórias e resolveu conferir. Ficou fascinada. “Contar histórias em público é muito diferente de contar para um filho”, diz.

A estreia de Maria Eugênia em público foi durante um evento no Comitê de Solidariedade e Cidadania do Banco do Brasil no Andaraí, na Zona Norte do Rio. Desde então, a paixão pelas histórias só fez crescer, e ela acabou se unindo ao projeto Livro de Rua e, mais tarde, à Oficina Taberna dos Bardos, para ensinar a técnica a outros interessados. “Faço isso, em primeiro lugar, porque me dá prazer”, explica Maria Eugênia. “Além de tudo, contar histórias exercita a memória, me estimula a ler cada vez mais e me permite fazer novos amigos.”

“O fascínio e a importância de se contar e ouvir histórias é universal e não se limita ao público infantil”, continua a aposentada. “Toda história tem uma mensagem. Elas são inventadas por alguém que traduz o sentimento das pessoas ou de um povo e ficam guardadas na memória afetiva”, diz. “Se você não entende ou não percebe isso de imediato, aquela mensagem fica registrada em você para surgir quando estiver diante de um medo ou uma aflição.”

Maria Eugênia compara a atividade a uma terapia. “Não substitui médico, psicólogo ou remédios, mas ajuda”, afirma. “Costumo dizer que não é você quem escolhe a história, é ela que te escolhe. Quando decido contar uma história é porque ela tem alguma coisa que preciso colocar para fora. É bom para quem escuta, mas é ainda melhor para quem conta.”

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