Edição 179 Agosto/2014

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Éramos felizes e sabíamos disso

Rosângela, que morou no Hotel Ruas com as demais colegas mineiras, lembra-se da viagem que fizeram à Bolívia num Corcel amarelo alugado

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Rosângela Paulino César, 63 anos, moradora de Sete Lagoas, foi a primeira integrante do grupo a ser encontrada por Luiz, no Facebook. “Quando ele solicitou minha amizade, em princípio não o reconheci. Depois que ele explicou quem era, claro, toda a lembrança de nossos dias em Corumbá voltaram à memória”, explica.

Quando conheceu Luiz e o resto do grupo, Rosângela tinha 25 anos. Formada em Magistério, trabalhou como professora de jardim de infância por cinco anos até entrar no BB. Foi seu irmão Álvaro quem a incentivou a estudar e se inscrever no concurso. Depois de passar por outras agências, se aposentou em Pouso Alegre em 1996, como caixa executiva, depois de 20 anos de trabalho no Banco. “Aposentei-me aos 45 anos. Quando saí de Corumbá fui para Itaúna, onde trabalhei por alguns meses, mas a intenção era ir para Sete Lagoas para cuidar dos meus pais. Eu era solteira, segunda filha mais velha de seis irmãos, e acabei conseguindo. No meu último ano de Banco consegui ser transferida para Pouso Alegre, mas só fiquei lá por um ano, até decidir me aposentar”, conta.

Ela lembra com alegria e gratidão a parceria dos amigos mineiros em Corumbá. Em sua opinião, o vínculo criado entre eles foi fundamental para mantê-los sãos, mesmo longe das famílias. Com exceção de Eduardo, que morava em uma república, os outros integrantes do grupo viveram no Hotel Ruas enquanto estiveram na cidade. Ela, Edmée, Maria Raimunda e Raquel dividiam um quarto enorme no local.

“Nós éramos bastante jovens quando tomamos posse no BB. Nunca tínhamos saído de casa, e a comunicação com a família era muito difícil, por isso, assim que foi possível, pedimos transferência para voltar para Minas. O primeiro foi o Luiz, depois a Edmée, a Raimunda e eu. Raquel e Eduardo, que se conheceram e começaram a namorar lá em Corumbá, permaneceram por um tempo maior, mas também voltaram para casa. Esse começo no Banco foi importante para o nosso amadurecimento pessoal e profissional, e nossa amizade foi fundamental para aguentarmos a saudade de casa”, explica.

Do período em Corumbá ela lembra que o grupo andava sempre junto e adorava se reunir para tocar violão e cantar, além de viajar para as cidades próximas. “Edmée, Raimunda e eu chegamos a ir a Puerto Suárez, na Bolívia, num Corcel amarelo alugado. Minhas memórias dessa época são todas maravilhosas. Éramos jovens muito tranquilos, parecíamos irmãos. Nós éramos felizes e sabíamos disso”, recorda.

Ela conta que a aposentadoria não era uma preocupação sua quando jovem, mas saber que poderia contar com a PREVI para complementar a renda depois que parasse de trabalhar foi tranquilizador. “Me aposentei aos 45 anos e sigo aproveitando a vida. Voltei a morar em Sete Lagoas, cuidei dos meus pais, mas não deixei de fazer nada. Embora não tenha casado ou tido filhos, não sou uma pessoa solitária, pelo contrário. Sou muito ativa e feliz. Adoro viajar com os amigos, faço trabalhos voluntários, voltei a estudar. Edmée e eu fazemos parte da diretoria da Apae na nossa cidade. E Raquel e eu fazemos um curso de extensão cultural duas vezes por semana”, explica.

“Embora tenhamos nos afastado por muitos anos, nossa amizade era muito forte e acabamos por resgatá-la ao longo de todos esses anos. Até porque Edmée, Raquel, Eduardo e eu moramos em Sete Lagoas. No entanto, esse reencontro de todos nós, encabeçado pelo Luiz, foi muito emocionante. Nos fez voltar no tempo. Nem parecia que já haviam se passado quase 40 anos. E com as redes sociais a gente acabou fortalecendo esse laço”, afirma.

Colegas mineiras trabalharam juntas em Corumbá (MS)

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