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A PREVI diante da crise
O mundo enfrenta uma nova crise econômica que tem provocado fortes turbulências nas bolsas de valores. A Diretoria Executiva fala como está a PREVI neste contexto.
Nos últimos meses a imprensa tem noticiado a crise econômica mundial, ora em tom bastante alarmista, ora de modo mais ponderado. As Bolsas de Valores em todo o planeta têm apresentado volatilidade, provocada pelas incertezas do momento.
Não é possível negar a existência da crise. Ela está aí. Mas que crise é esta? Quais as suas razões, a sua dimensão e os seus impactos? Bem, em períodos de crise, toda afirmação excessivamente categórica pode se mostrar equivocada. Afinal, na raiz de toda crise está justamente a incerteza, que, se traz ameaças, oferece também oportunidades.
Crises são cíclicas no capitalismo. E sempre se sabe muito sobre a anterior e menos sobre a que está em curso. Mas alguns pontos podem ser destacados, especialmente em relação à última crise que assustou o mundo em 2008.
E o primeiro ponto é que a atual parece ser menor do que a daquele ano, quando houve a quebra de diversas instituições financeiras tradicionais. Outro aspecto é que a crise de 2008 tinha suas origens no setor financeiro, com o crédito abundante para compra de imóveis nos EUA e os mecanismos para vender e revender dívidas. A de 2011 tem raízes em questões fiscais e no tamanho da dívida dos EUA e de alguns países europeus. Além disso, o desemprego continua elevado nos países desenvolvidos e o crescimento do PIB nos EUA está desacelerando, o que gera o temor que a economia norte-americana entre em recessão.
Há outros problemas: países como Grécia, Irlanda e Portugal estão bastante sensíveis às turbulências. Também pairam dúvidas sobre a saúde financeira de Itália e Espanha. Tudo isso causa uma redução da atividade econômica em toda a Europa. O terremoto seguido de tsunami no Japão também afetou a economia daquele país, a terceira maior do planeta, com reflexos em vários países.
No mundo contemporâneo, não existem mais ilhas isoladas economicamente. As nações estão conectadas por uma série de complexas relações. Portanto, no Brasil, também é possível ver os efeitos da crise, como oscilações abruptas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que neste ano tem rentabilidade acumulada de -15,12% (posição em 31/07/2011).
No entanto, é consenso entre economistas, empresários e investidores que o Brasil está mais bem preparado para sofrer menos com a crise. A inflação está sob controle há alguns anos, as contas públicas estão saudáveis, o país detém reservas superiores a US$ 300 bilhões e temos um mercado consumidor interno em crescimento, o que torna o Brasil menos dependente de exportações. Nos últimos anos, milhões de brasileiros melhoraram de vida e passaram a ter acesso ao mercado consumidor, impulsionando a indústria e o comércio.
E a PREVI, como está diante da crise? Para falar sobre isso, ouvimos a Diretoria Executiva: o presidente Ricardo Flores, os diretores Vitor Paulo Camargo Gonçalves (Planejamento), Paulo Assunção (Administração), Renê Sanda (Investimentos), Marco Geovanne (Participações) e José Ricardo Sasseron (Seguridade).
Presidente, como o senhor vê a situação atual na economia?
Ricardo Flores: A situação mundial requer atenção, inspira cuidados ainda maiores do que os usuais, mas não há motivo para temores exagerados. A PREVI continua bem e o Brasil está melhor. Nos últimos anos, as classes C e D passaram a consumir mais intensamente, movimentando a economia. As empresas das quais somos acionistas também estão financeiramente saudáveis e continuam levando vida normal. Ou seja, produzindo, vendendo, exportando e tendo bons resultados.
Mantemos a crença na recuperação do valor das ações das principais empresas brasileiras, até porque, como disse, elas seguem produzindo e com forte presença em seus respectivos mercados.
Pode-se dizer que a PREVI está blindada contra a crise?
Vitor Paulo Gonçalves: Seria presunçoso fazer este tipo de afirmação. Ninguém está totalmente blindado contra crises econômicas de proporções globais. Mas estamos preparados para elas. Nossa preparação é contínua. Para elaborarmos nossas Políticas de Investimentos, realizamos ininterruptamente estudos de mercado e de tendências, e projetamos diversos cenários de curto, médio e longo prazos. Alguns desses cenários são mais sombrios do que o momento de turbulência que vivenciamos hoje na economia mundial. O fato de fazermos essas projeções nos possibilita buscar, com alguma antecedência, alternativas que reduzam eventuais efeitos negativos de uma crise. Isso não nos garante imunidade, até porque não existe uma crise que seja igual à outra, mas ajuda a evitar surpresas desagradáveis.
Paulo Assunção: Essa preparação também se dá por meio da capacitação permanente dos funcionários da PREVI. Investimos em qualificação e treinamento para que tenhamos um quadro mais bem preparado de gestores e técnicos para fazer a gestão dos recursos dos participantes. É bom lembrar também que a PREVI tem por princípio uma gestão austera.
Como estão os investimentos da PREVI?
Renê Sanda: Grande parte está alocada em Renda Variável, modalidade que inclui as ações negociadas em Bolsa. Nos dois planos, a carteira de Renda Variável está acima do Ibovespa e do IBrX-50, índices que medem a rentabilidade na Bolsa de Valores.
Se olharmos a totalidade dos investimentos, e não apenas as ações, as rentabilidades acumuladas neste ano são melhores. A nossa carteira de títulos públicos está tendo boa rentabilidade e o segmento imobiliário vem se destacando na carteira do Plano 1. Daí a importância da diversificação, de termos outras modalidades de investimento que nos permitam reduzir o impacto em nossas reservas em um momento conturbado na Bolsa.
Marco Geovanne: Acho importante que os participantes saibam que alguns dos nossos principais ativos, ou seja, empresas nas quais temos maior volume de recursos alocados, são empresas que são avaliadas a valor econômico e não a valor de mercado. Elas são avaliadas anualmente e, portanto, o valor delas na carteira da PREVI é menos sensível às oscilações da Bolsa. Seus fundamentos continuam sólidos e estamos acompanhando de perto os impactos da crise nos seus negócios.
A PREVI está perdendo dinheiro com a crise?
Sanda: Nós permanecemos com as ações em nossa carteira. Se hoje elas experimentam uma desvalorização, há indícios de que elas retomarão sua trajetória de valorização. Não há perda de recursos, porque não vendemos as ações na baixa, não realizamos prejuízo, como se diz no jargão financeiro. Mantivemos nossas posições no Plano 1 e no PREVI Futuro, vimos aproveitando oportunidades e comprando ações que estão baratas e que tendem a se valorizar.
As avaliações que fazemos utilizam intervalos de tempo mais amplos. Se considerarmos a rentabilidade dos nossos ativos de 2007 a julho de 2011, veremos que o Plano 1 acumula uma rentabilidade de 78% e o PREVI Futuro, de 57%, ambos resultados bem superiores ao índice Ibovespa do mesmo período, que ficou em 32%. Isso mesmo considerando a crise de 2008.
E há risco para o pagamento de benefícios?
José Ricardo Sasseron: Não. A PREVI tem reservas consistentes e o fluxo de caixa preservado para arcar com o pagamento dos benefícios permanentes.
Um ponto que eu gostaria de destacar é em relação ao PREVI Futuro. O participante tem que pensar no longo prazo, já que ele contribui agora para receber um benefício daqui a vinte, trinta anos e boa parte do seu benefício vai ser garantido pela rentabilidade das aplicações. É conveniente diversificar as aplicações em busca do melhor retorno e do menor risco possível – neste sentido, investimentos em imóveis e ações sempre fazem parte da carteira dos fundos. No entanto, em planos como o Previ Futuro, que oferecem perfis de investimento, os participantes devem estar atentos para não fazer migrações de maneira precipitada entre perfis olhando somente o curto prazo, pois isto pode comprometer seu saldo de conta.
Flores: Quem lida com previdência e com investimentos precisa ter essa visão de longo prazo. Ou seja, temos que manter o olhar atento no presente, mas mirando sempre o futuro. Ao longo de sua história, a PREVI construiu um patrimônio sólido que nos permite enfrentar turbulências com relativa serenidade e atitudes firmes. Sem subestimar a crise mundial, seguimos adiante realizando uma gestão atenta, cautelosa, cuidando das reservas que são destinadas ao pagamento dos benefícios.