|nº 148| Mar 10

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Tempo para a vida

Para marcar o Dia Internacional da Mulher, a Revista PREVI conversou com duas associadas sobre seu cotidiano

A carreira, o momento da aposentadoria, os novos objetivos e a opção de ter mais tempo para viver, cuidar de si mesma. Para marcar o Dia Internacional da Mulher, a Revista PREVI conversou com duas associadas sobre seu cotidiano. Começaram carreira no Banco em São Paulo. Uma foi para Porto Seguro (BA) e outra para Cuiabá (MT). Uma se jogou nas horas livres imediatamente após a aposentadoria.

Outra demorou alguns anos, mas também resolveu desacelerar. Em comum, a opção de ter tempo livre. As histórias de Elizabeth Matsui e Maria Inez Moraes são duas em meio a milhares que poderiam ser contadas aqui neste mês de março.

A mil até depois da aposentadoria

Maria Inez de Lima Moraes

A carreira no Banco

Entrei em dezembro de 1974. Nos primeiros nove anos fiquei como escriturária e não queria fazer carreira. Mas me casei, tive três filhas em três anos. Daí resolvi prestar concurso e saí de São José do Rio Preto para Cuiabá, em 1984. Ia ficar pouco e estou até hoje.Fui como operadora de periférico e cheguei a um cargo na administração do Cesec. Gostava muito do que fazia e me dedicava muito. Foi um aprendizado tremendo, tenho boas lembranças do crescimento pessoal, do contato com as pessoas.

A aposentadoria

A decisão foi precoce. Estava em férias quando o expresidente Fernando Henrique Cardoso assinou decreto com mudanças na Previdência. Trabalhava na Superintendência do BB, mas resolvi sair, com 27 anos de Banco e 48 de idade. No primeiro ano, fiquei fazendo mil coisas, reformei a casa, aproveitei para visitar minha mãe muitas vezes em Barretos (SP), o que foi bom, porque ela veio a falecer logo depois. Deus sabe o que faz.

Nova carreira

Quando me aposentei, apareceram muitas oportunidades. Trabalhei em diferentes lugares... Fui chamada para coordenar curso de MBA em agronegócio da FIA-USP para os funcionários do BB. Depois recebi um convite de uma rede de supermercado e outras empresas me convidaram, mas resolvi parar.

”Nova aposentadoria”

Em 2009, disse chega!!!! Queria mais tempo para mim, para ajudar a cuidar do netinho, para dançar com o marido. Resolvi parar e, agora, brinco que não tenho tempo para mais nada. Tomei a decisão também porque meu neto está grandinho e pretendia ficar mais com ele, e minha filha queria fazer faculdade.

A descoberta da Yoga

Um dia fui visitar minha cunhada em São Paulo. Fiquei impressionada quando ela, aos 65 anos, ficou de cabeça pra baixo na aula. Falei com o professor e ele me disse para eu procurar em Cuiabá. Tive de ir a São Paulo para descobrir uma escola ao lado da minha casa (risos).

O dia a dia

É muito gratificante. Acordo e vou para a yoga ou fico em casa por duas horas fazendo os exercícios. Depois faço supermercado ou vou a alguma loja, sempre com meu neto. Daí ele vai para a escola e faço outra coisa de que não abro mão, a minha sesta diária. No Banco, emendava o almoço com trabalho, hoje quero ter tempo para mim.

Dirigente da Afabb

Também sou uma das dirigentes da Afabb. No dia a dia, faço contato com as pessoas para que se associem, vou à reunião da Gepes. Gosto também porque ficamos numa sala na AABB, onde praticamente “criei” minhas três filhas.

A descoberta da vida em Porto Seguro

Elizabeth Mitsuki Matsui

O começo da carreira

Entrei no BB em 1976, comecei como escriturária, era secretária de gabinete da assessoria jurídica do Banco em São Paulo, na agência Centro. Daí saí de São Paulo e fui trabalhar em Porto Seguro, praticamente para inaugurar a agência. Minha mudança foi com carroça puxada por jegue.

Opção por Porto seguro

Quer que eu conte porque resolvi me mudar? Tenho até vergonha, porque vim aqui para Porto Seguro para me casar. Tinha 31 anos e me apaixonei. Quando cheguei, a pessoa não me queria mais. Fiquei sentada em cima da mala. As pessoas achavam que estava em lua-de-mel e, na realidade, eu ficava chorando.

Fiquei por orgulho, mas não foi só por isso. Na primeira vez que vim para Porto Seguro, fi quei encantada. Todo mundo tem de ir atrás de um lugar para ser feliz. Nas primeiras vezes que vim para cá, era ainda um povoado de pescadores. Quando tirava férias, tentava ir para outro lugar, mas voltava. Eu estava apaixonada por Porto Seguro.

O trabalho

Quando cheguei, a agência não era nem agência, mas um escritório que, quando chovia, a água ia até o joelho. Tomar choque nas máquinas e até mesmo nas paredes era a coisa mais normal do mundo. Passado um ano, se alguém perguntasse se queria voltar para São Paulo, tinha certeza de que não. E por um motivo bem simples, pode até rir, é que fui fazer check-up em São Paulo e, quando senti o cheiro da cidade, tive certeza de que não conseguiria mais morar lá.

Decisão acertada

Tenho uma qualidade de vida excelente, evoluí até materialmente, porque não tinha onde gastar, não tinha necessidade de ter mais de dois sapatos, não sei quantos tipos de roupa, carrões... Em lugar de fi car cheia de carnês para pagar, acabava economizando. Hoje tenho a vida que quero.

Aposentadoria

Resolvi me aposentar do Banco por volta de 1997, 1998, quando queriam que a gente mudasse de local de trabalho depois de quatro, cinco anos. Eu não queria mudar, não queria sair daqui. Saí do Banco, mas fiquei em Porto Seguro. Quando me aposentei, os clientes ficavam me oferecendo emprego. Sabe o que fiz? Fugi deles.

O que faz hoje

Na verdade, fico até com vergonha de falar. Não tinha e não tenho vontade de fazer nada. Quero ter todo o tempo para mim. Não tenho nenhum problema com isso, nenhuma depressão. Hoje acordo de manhã, tomo café, fico zanzando pela rua, vou ao supermercado, faço minha caminhada, minha própria comida, procuro ter vida saudável.

Todo ano, um novo verbo

Todo ano conjugo um verbo novo, traço um objetivo. Em 2009, foi parar de fumar, depois de 37 anos, em que queimei R$ 49.618. Fiz a conta pelo número de anos e maços que fumava. Transformei em dinheiro só pra me dar mais coragem de parar. E já faz sete meses que não posso nem sentir cheiro de cigarro... Para 2010, o “verbo” é ser o máximo possível ecologicamente correta. Cato saquinho de supermercado, não descarto, sempre reutilizo. Também levo minha sacola para fazer compras...

Liberdade

Graças a Deus, nunca casei e nem tive fihos. Quer liberdade e independência maior que isso? Tenho cinco cachorros, mas uma amiga me ajuda a tomar conta e posso preservar minha liberdade.