Tempo para a vida
Para marcar o Dia Internacional da Mulher, a Revista PREVI conversou com duas associadas sobre seu cotidiano
A carreira, o momento da aposentadoria,
os novos objetivos e a opção de ter mais
tempo para viver, cuidar de si mesma.
Para marcar o Dia Internacional da
Mulher, a Revista PREVI conversou com
duas associadas sobre seu cotidiano. Começaram
carreira no Banco em São Paulo. Uma foi para Porto Seguro (BA) e outra para Cuiabá (MT). Uma se
jogou nas horas livres imediatamente após a aposentadoria.
Outra demorou alguns anos, mas também
resolveu desacelerar. Em comum, a opção de
ter tempo livre. As histórias de Elizabeth Matsui e
Maria Inez Moraes são duas em meio a milhares que
poderiam ser contadas aqui neste mês de março. |
A mil até depois
da aposentadoria
Maria Inez de Lima Moraes
A carreira no Banco
Entrei em dezembro de 1974. Nos primeiros nove anos
fiquei como escriturária e não queria fazer carreira. Mas
me casei, tive três filhas em três anos. Daí resolvi prestar
concurso e saí de São José do Rio Preto para Cuiabá, em
1984. Ia ficar pouco e estou até hoje.Fui como operadora
de periférico e cheguei a um cargo na administração do
Cesec. Gostava muito do que fazia e me dedicava muito.
Foi um aprendizado tremendo, tenho boas lembranças do
crescimento pessoal, do contato com as pessoas.
A aposentadoria
A decisão foi precoce. Estava em férias quando o expresidente
Fernando Henrique Cardoso assinou decreto
com mudanças na Previdência. Trabalhava na Superintendência
do BB, mas resolvi sair, com 27 anos de Banco
e 48 de idade. No primeiro ano, fiquei fazendo mil coisas,
reformei a casa, aproveitei para visitar minha mãe muitas
vezes em Barretos (SP), o que foi bom, porque ela veio a
falecer logo depois. Deus sabe o que faz.
Nova carreira
Quando me aposentei, apareceram muitas oportunidades.
Trabalhei em diferentes lugares... Fui chamada para
coordenar curso de MBA em agronegócio da FIA-USP
para os funcionários do BB. Depois recebi um convite
de uma rede de supermercado e outras empresas me
convidaram, mas resolvi parar.
”Nova aposentadoria”
Em 2009, disse chega!!!! Queria mais tempo para
mim, para ajudar a cuidar do netinho, para dançar com
o marido. Resolvi parar e, agora, brinco que não tenho
tempo para mais nada. Tomei a decisão também porque
meu neto está grandinho e pretendia ficar mais com ele,
e minha filha queria fazer faculdade.
A descoberta da Yoga
Um dia fui visitar minha cunhada em São Paulo. Fiquei
impressionada quando ela, aos 65 anos, ficou de cabeça
pra baixo na aula. Falei com o professor e ele me disse
para eu procurar em Cuiabá. Tive de ir a São Paulo para
descobrir uma escola ao lado da minha casa (risos).
O dia a dia
É muito gratificante. Acordo e vou para a yoga ou fico
em casa por duas horas fazendo os exercícios. Depois faço
supermercado ou vou a alguma loja, sempre com meu
neto. Daí ele vai para a escola e faço outra coisa de que
não abro mão, a minha sesta diária. No Banco, emendava
o almoço com trabalho, hoje quero ter tempo para mim.
Dirigente da Afabb
Também sou uma das dirigentes da Afabb. No dia a
dia, faço contato com as pessoas para que se associem,
vou à reunião da Gepes. Gosto também porque ficamos
numa sala na AABB, onde praticamente “criei” minhas
três filhas. |
A descoberta da vida em Porto Seguro
Elizabeth Mitsuki Matsui
O começo da carreira
Entrei no BB em 1976, comecei como escriturária, era
secretária de gabinete da assessoria jurídica do Banco
em São Paulo, na agência Centro. Daí saí de São Paulo
e fui trabalhar em Porto Seguro, praticamente para
inaugurar a agência. Minha mudança foi com carroça
puxada por jegue.
Opção por Porto seguro
Quer que eu conte porque resolvi me mudar? Tenho até vergonha, porque vim aqui para Porto Seguro para me
casar. Tinha 31 anos e me apaixonei. Quando cheguei, a
pessoa não me queria mais. Fiquei sentada em cima da
mala. As pessoas achavam que estava em lua-de-mel e,
na realidade, eu ficava chorando.
Fiquei por orgulho, mas não foi só por isso. Na primeira
vez que vim para Porto Seguro, fi quei encantada. Todo
mundo tem de ir atrás de um lugar para ser feliz. Nas
primeiras vezes que vim para cá, era ainda um povoado
de pescadores. Quando tirava férias, tentava ir para outro
lugar, mas voltava. Eu estava apaixonada por Porto Seguro.
O trabalho
Quando cheguei, a agência não era nem agência, mas
um escritório que, quando chovia, a água ia até o joelho.
Tomar choque nas máquinas e até mesmo nas paredes
era a coisa mais normal do mundo. Passado um ano,
se alguém perguntasse se queria voltar para São Paulo,
tinha certeza de que não. E por um motivo bem simples,
pode até rir, é que fui fazer check-up em São Paulo e,
quando senti o cheiro da cidade, tive certeza de que não
conseguiria mais morar lá.
Decisão acertada
Tenho uma qualidade de vida excelente, evoluí até materialmente,
porque não tinha onde gastar, não tinha necessidade
de ter mais de dois sapatos, não sei quantos tipos
de roupa, carrões... Em lugar de fi car cheia de carnês para
pagar, acabava economizando. Hoje tenho a vida que quero.
Aposentadoria
Resolvi me aposentar do Banco por volta de 1997, 1998,
quando queriam que a gente mudasse de local de trabalho
depois de quatro, cinco anos. Eu não queria mudar,
não queria sair daqui. Saí do Banco, mas fiquei em Porto
Seguro. Quando me aposentei, os clientes ficavam me
oferecendo emprego. Sabe o que fiz? Fugi deles.
O que faz hoje
Na verdade, fico até com vergonha de falar. Não tinha e
não tenho vontade de fazer nada. Quero ter todo o tempo
para mim. Não tenho nenhum problema com isso, nenhuma
depressão. Hoje acordo de manhã, tomo café, fico
zanzando pela rua, vou ao supermercado, faço minha caminhada,
minha própria comida, procuro ter vida saudável.
Todo ano, um novo verbo
Todo ano conjugo um verbo novo, traço um objetivo.
Em 2009, foi parar de fumar, depois de 37 anos, em que
queimei R$ 49.618. Fiz a conta pelo número de anos e
maços que fumava. Transformei em dinheiro só pra me
dar mais coragem de parar. E já faz sete meses que não
posso nem sentir cheiro de cigarro... Para 2010, o “verbo” é ser o máximo possível ecologicamente correta. Cato
saquinho de supermercado, não descarto, sempre reutilizo.
Também levo minha sacola para fazer compras...
Liberdade
Graças a Deus, nunca casei e nem tive fihos. Quer
liberdade e independência maior que isso? Tenho
cinco cachorros, mas uma amiga me ajuda a tomar
conta e posso preservar minha liberdade. |