|nº 137| Out/Nov 08

EDITORIAL
O que aconteceu com a economia do mundo?

A crise que estamos vivendo ainda vai suscitar muitas análises e interpretações. As mais laureadas cabeças do mundo acadêmico, jornalistas, autoridades e homens de negócios ainda vão se debruçar sobre o assunto buscando explicações e sugerindo medidas para o futuro. Isso é bom. Aliás, será muito importante que este debate realmente ocorra, incorporando uma visão crítica e renovadora que é tão difícil de emplacar quando as coisas vão de vento em popa.

No centro dessas discussões, está vindo à tona uma visão sobre a “regulação dos mercados” e a “governança das empresas”. Uma boa dose dos problemas talvez pudesse ter sido evitada se sistemas de fiscalização e controle funcionassem melhor, detectando os riscos que, hoje, comprovadamente, foram tomados em nível excessivo por bancos e outros agentes.

Esses temas são velhos conhecidos nossos. Não queremos passar por sábios ou videntes, mas há um bom tempo a PREVI vem levantando questões que dizem respeito à regulação do mercado de capitais, transparência, governança corporativa, visão de longo prazo para os investimentos e comportamento ético em todos os níveis.

Esse compromisso da PREVI tem ido muito além das simples declarações de intenção. Temos tomado atitudes concretas e nos comportado como investidores ativos, apoiando e cobrando executivos das empresas, gestores e autoridades.

Recentemente, fizemos mais um movimento nessa direção, com o lançamento do Manual de Participação em Assembléias, incentivando as empresas a publicarem com a devida antecedência e com o devido detalhamento as pautas de suas assembléias. É o mínimo que se pode esperar para garantir uma participação efetiva dos acionistas. A iniciativa teve grande repercussão na imprensa brasileira e, inclusive, angariou o apoio de um grande fundo internacional, o Hermes, da Inglaterra, que emitiu nota de apoio à medida.

Além disso, tomamos providências em relação às empresas que fizeram apostas arriscadas e prejudiciais em contratos de câmbio.

Nos dias 11 e 12 de novembro, também participamos da Reunião do Conselho de Gestão do PRI (Princípios para o Investimento Responsável), iniciativa da ONU que congrega os grandes investidores do mundo. Um dos assuntos em pauta, como não poderia deixar de ser, foi a crise e a importância de criar um ambiente favorável para o investimento de longo prazo, focado nos ganhos sustentáveis das empresas, diminuindo o espaço para as estratégias de lucro rápido, modismos e riscos que não estejam associados à criação de valor real para economia.

Hoje estamos todos pagando um preço muito alto pela crise originada no centro do mercado financeiro mundial. Talvez exista um espaço maior, agora, para os valores que investidores como os fundos de pensão precisam disseminar. Mas para isso precisamos falar e agir. A PREVI está tentando fazer a sua parte.

Sérgio Rosa