A crise que estamos vivendo ainda vai
suscitar
muitas análises e interpretações. As
mais laureadas cabeças do mundo acadêmico,
jornalistas, autoridades e homens de negócios ainda
vão se debruçar sobre o assunto buscando
explicações e sugerindo medidas para o futuro.
Isso é bom. Aliás, será muito
importante que este debate realmente ocorra, incorporando uma
visão crítica e renovadora que é
tão difícil de emplacar quando as coisas
vão de vento em popa.
No centro dessas discussões, está vindo
à tona uma visão sobre a
“regulação dos mercados” e a
“governança das empresas”. Uma boa dose
dos problemas talvez pudesse ter sido evitada se sistemas de
fiscalização e controle funcionassem melhor,
detectando os riscos que, hoje, comprovadamente, foram tomados em
nível excessivo por bancos e outros agentes.
Esses temas são velhos conhecidos
nossos. Não
queremos passar por sábios ou videntes, mas há um
bom tempo a PREVI vem levantando questões que dizem respeito
à regulação do mercado de capitais,
transparência, governança corporativa,
visão de longo prazo para os investimentos e comportamento
ético em todos os níveis.
Esse compromisso da PREVI tem ido muito além das simples
declarações de intenção.
Temos tomado atitudes concretas e nos comportado como investidores
ativos, apoiando e cobrando executivos das empresas, gestores e
autoridades.
Recentemente, fizemos mais um movimento nessa
direção, com o lançamento do Manual de
Participação em Assembléias,
incentivando as empresas a publicarem com a devida
antecedência e com o devido detalhamento as pautas de suas
assembléias. É o mínimo que se pode
esperar para garantir uma participação efetiva
dos acionistas. A iniciativa teve grande repercussão na
imprensa brasileira e, inclusive, angariou o apoio de um grande fundo
internacional, o Hermes, da Inglaterra, que emitiu nota de apoio
à medida.
Além disso, tomamos providências em
relação às empresas que fizeram
apostas arriscadas e prejudiciais em contratos de câmbio.
Nos dias 11 e 12 de novembro, também participamos da
Reunião do Conselho de Gestão do PRI
(Princípios para o Investimento Responsável),
iniciativa da ONU que congrega os grandes investidores do mundo. Um dos
assuntos em pauta, como não poderia deixar de ser, foi a
crise e a importância de criar um ambiente
favorável para o investimento de longo prazo, focado nos
ganhos sustentáveis das empresas, diminuindo o
espaço para as estratégias de lucro
rápido, modismos e riscos que não estejam
associados à criação de valor real
para economia.
Hoje estamos todos pagando um preço muito alto pela crise
originada no centro do mercado financeiro mundial. Talvez exista um
espaço maior, agora, para os valores que investidores como
os fundos de pensão precisam disseminar. Mas para isso
precisamos falar e agir. A PREVI está tentando fazer a sua
parte.
Sérgio Rosa
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