Excelência
em gestão e sustentabilidade
Para
o diretor Fábio Moser, é necessário
ter calma para enfrentar o atual momento de volatilidade
econômica
Revista PREVI – Quais
os planos para o seu mandato? Metas? Prioridades?
Fábio de Oliveira Moser – Apesar do
curto período no cargo, 30 dias, verifiquei que temos muito
trabalho pela frente. O que podemos dizer é que a nossa
prioridade é manter e aprimorar alguns
princípios, como a excelência da gestão
de nossos ativos, investimentos socialmente responsáveis,
busca pelo cumprimento do enquadramento do Plano 1 e
implementação dos perfis de investimento no PREVI
Futuro.
Revista – Sobre o enquadramento do Plano 1, será
necessário vender ações de empresas?
Moser – A Resolução CMN
3456 regula os limites dos Fundos de Pensão por tipo de
ativo. Nos últimos anos, a grande
valorização dos ativos do Plano 1 acentuou o
desenquadramento da PREVI em relação à
legislação. Quanto ao desinvestimento, podemos
dividir a questão entre as ações de
mercado, com maior liquidez, e aquelas de
participação no controle das empresas, onde a
venda é regulada por acordo de acionistas. No primeiro caso,
a venda depende muito do mercado, tanto do preço quanto da
liquidez. No ano passado, a PREVI desinvestiu cerca de R$ 5,6
bilhões, o que pode se repetir ou não este ano,
dependendo do comportamento do mercado. Temos o dever
fiduciário de chegar ao enquadramento da melhor maneira
possível. É muito mais factível
explicar que não conseguimos chegar aos limites no prazo
estipulado devido a condições de mercado que nos
enquadrarmos a qualquer custo. No caso de ações
em participações, a venda depende de
gestões e negociações que
não envolvem apenas as condições de
mercado, exigindo a busca de melhores alternativas para a
alienação do ativo.
Revista – E a qual receita para o Plano PREVI Futuro?
Moser – Para o PREVI Futuro, que atingiu a
marca de R$ 1 bilhão e beira os 50.000 participantes, o
grande desafio é a implementação dos
perfis de investimento. Sua implementação
está prevista para 2009.
Revista – A Vale é uma das estrelas da carteira. A
PREVI vai acompanhar o lançamento de
ações para não diluir sua
participação?
Moser – A própria Vale já
anunciou que os controladores vão acompanhar o aumento de
capital. A participação da PREVI na Vale ocorre
através da Valepar (controladora). Essa
participação proporciona à PREVI
direitos especiais no controle da empresa, que serão
mantidos no aumento de capital da Vale, conforme decidido pela
Diretoria Executiva e pelo Conselho Deliberativo.
Revista – Qual o impacto de utilizar o Índice de
Sustentabilidade Empresarial da Bovespa como um dos
critérios para subsidiar decisões de investimento?
Moser – A sustentabilidade busca conciliar as
necessidades econômicas, sociais e ambientais sem comprometer
o futuro de quaisquer dessas demandas. A visão da PREVI
é que não basta garantirmos os recursos
financeiros para o futuro de nossos participantes se não
houver, lá na frente, condições
ambientais para que eles possam viver. Acreditamos, também,
que nossos investimentos podem ser um instrumento capaz de contribuir
para garantir esse futuro. Assim, passamos a incluir as
questões de sustentabilidade em nossas análises
de investimento e desinvestimento. Mas essa é apenas mais
uma das atitudes que a PREVI tem tomado nesse sentido. Desde 2006,
é signatária e representante para a
América Latina dos Princípios para o Investimento
Responsável (PRI), iniciativa da ONU para o investimento
sustentável que reúne os maiores investidores
institucionais do mundo, responsáveis pela gestão
de ativos que ultrapassam 13 trilhões de dólares.
Esses conceitos de sustentabilidade fazem também parte de
nossos compromissos com o PRI.
Revista – A carteira imobiliária tem apresentado
boa rentabilidade. Como o senhor vê esse quadro e o atual
portfólio de investimentos da PREVI?
Moser – A PREVI é hoje um dos
maiores investidores nesse segmento e tem margem para novos
investimentos, ao contrário do que ocorre em renda
variável. Vão existir muitas oportunidades tanto
na área de shoppings quanto de edifícios
comerciais. Desde que seja bem negociado, bem comprado, bem vendido,
é uma forma de diversificação da
carteira.
Revista – Quais os principais desafios para gerir um
patrimônio de quase R$ 140 bilhões?
Moser – O sucesso do trabalho que vem sendo
feito ao longo dos últimos anos não deixa
dúvidas em relação ao que deve ser
feito no futuro. Manter a seriedade da gestão, garantindo as
melhores oportunidades de investimento e desinvestimento, maximizar a
geração de rentabilidade, sempre com foco claro
em nossas obrigações atuariais e, sem
dúvida, contribuir ativamente, e cada vez mais, para o
desenvolvimento de nossas empresas e de nosso mercado de capitais.
Temos que gerir esses recursos utilizando as melhores
práticas de governança corporativa, de forma a
atender o passivo atuarial, retorno e liquidez, de forma a garantir o
pagamento dos benefícios aos participantes.
Revista – Há temor no cenário
econômico mundial: bolsas em queda e
inflação em alta. Em que medida isso afeta os
investimentos?
Moser – Neste momento, de extrema volatilidade,
é necessário ter calma e deixar a poeira baixar.
Os participantes precisam saber que essa volatilidade não
terá necessariamente impacto no patrimônio. No
caso da Renda Fixa, por exemplo, surgem boas oportunidades de
investimento em decorrência do aumento das taxas de juros,
mesmo com a tendência de queda no longo prazo. Nosso objetivo
é otimizar nosso portfólio, conjugando
rentabilidade e segurança. Para isso são muito
importantes os cenários, as perspectivas de mercado e a
experiência de quem está há muito tempo
lidando com ativos em bolsas e títulos públicos.
Revista – A compra da BRT pela Oi tem sido
presença constante na mídia. Como o senhor tem
acompanhado essa operação?
Moser – Primeiro é
necessário esclarecer que a PREVI é acionista da
Brasil Telecom e da Oi desde a privatização do
sistema Telebrás, fato permitido à
época. Em decorrência da mudança da
legislação, a PREVI está afastada da
direção da Oi desde 2001, não tendo
participado na decisão de compra da BrT. No que tange ao
aspecto regulatório, é importante observar que a
legislação foi elaborada há dez anos,
num momento em que praticamente não existia celular e era
difícil obter telefone fixo. Hoje a concorrência
se dá entre telefonia móvel e fixa, o que leva
à necessidade de atualização do marco
regulatório. A junção da BrT com a Oi
é boa para o país, à medida que cria
uma empresa nacional com capacidade de
competição. Competição e
escala permitem ganhos para os usuários com
redução de custos, ou seja, bom para o
usuário, para o governo e para os acionistas.
Revista – Alguma mensagem para os participantes?
Moser – Quero dizer aos participantes que podem
ficar tranqüilos com a certeza de que faremos o melhor para
garantir seu futuro com muito trabalho, eficiência na
gestão, prestação de contas,
eqüidade de informações,
ética, buscando as melhores práticas de
governança corporativa tanto na PREVI quanto nos
investimentos.
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