Como a PREVI, a Weg é fruto de um sonho |
Assim como a PREVI, a empresa foi fundada por pessoas que acreditaram na força da união. Um dos sonhadores é Eggon João da Silva, 77 anos, que além de ter fundado e dirigido a WEG, maior fabricante de motores elétricos do País, participou da reestruturação da Perdigão. As duas empresas integram a carteira da PREVI |
Há mais em comum entre a PREVI e a WEG do que a mera participação acionária. A PREVI nasceu do sonho de um grupo de funcionários que criaram, em 1904, a Caixa Montepio dos Funccionários do Banco da República do Brazil para garantir segurança e tranqüilidade no futuro. A história da WEG começou em 1961, com capital suficiente para comprar três carros Volkswagen e a união de um homem que trabalhava desde os 13 anos de idade (primeiro num cartório, depois num banco e numa pequena metalúrgica) com um eletricista e um mecânico ferramenteiro. Em janeiro de 2007, o valor de mercado da empresa superou R$ 12 bilhões.
Os personagens que começaram essa história e que têm suas iniciais no nome da empresa, fundada em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, são Werner Ricardo Voigt, Eggon João da Silva e Geraldo Werninghaus. A idéia partiu de seu Eggon, que convenceu os outros dois profissionais a abrir a empresa; os primeiros motores foram produzidos em setembro de 1961.
Desde os primeiros produtos, levados “embaixo do braço” pelos fundadores para convencer os clientes a comprarem, o sucesso da empresa continuou até ter destaque no mercado nacional e internacional, diversificando a produção para sistemas elétricos industriais completos, geradores, transformadores, componentes e sistemas de automação industrial. |
Eggon João da Silva: “Toda pessoa tem
um limite,
tem de parar, mas não
totalmente, porque se
parar de uma
vez morre antes do tempo” |
Se os resultados na WEG não deixam dúvidas do sucesso do investimento feito pelos três sócios em 1961 na pequena fábrica de motores, já na década de 1990, seu Eggon e os sócios deixaram a direção executiva da empresa e passaram a atuar na holding do grupo e no conselho de administração, por outra característica importante. Segundo ele, sempre gostou de se antecipar aos fatos. Transferiu o comando da WEG para uma gestão profissionalizada, não por falta de condições físicas ou empresariais, mas por acreditar em planejamento de longo prazo.
Hoje, a Weg tem oito plantas industriais no Brasil e cinco na Argentina, México, Portugal e China. Os resultados econômicos também são sólidos. Pelos números preliminares divulgados, a receita em 2006 ultrapassou R$ 3,5 bilhões, crescimento de 18,5% em relação ao ano anterior, sendo que mais de R$ 1,3 bilhão veio de operações no exterior, o que reforça o caráter multinacional da empresa.
Para a PREVI, que detém pouco menos de 5% do capital da WEG, além de ter ações numa empresa sólida e que cresce a cada ano, os lucros também representam ganho. Em fevereiro deste ano, o grupo divulgou que vai pagar praticamente R$ 102 milhões em dividendos aos acionistas.
Para comprovar sua excelência, no final de 2005, a WEG foi escolhida pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) entre as 28 empresas que passaram a compor o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que é uma referência para investidores que seguem a filosofia do investimento socialmente responsável. Para 2007, estão previstos investimentos de R$ 260 milhões na ampliação do parque fabril em Jaraguá do Sul (SC), uma nova fábrica de transformadores no México e expansão na China.
Desafio na Perdigão
Quando achava que poderia trabalhar um pouco menos com a transferência da administração da WEG, em 1993, seu Eggon teve de encarar um novo desafio. Foi convidado para assumir a presidência executiva da Perdigão. Só se decidiu no trajeto entre o aeroporto e a sede da empresa, baseado no raciocínio de que era uma pessoa que viera do nada, tivera pouca escolaridade, mas ajudara a construir uma grande empresa. E não poderia deixar de assumir a responsabilidade pela Perdigão – da qual, à época, dependiam cerca de 150 mil funcionários, que estava para fechar as portas numa situação caótica, endividada, sem crédito.
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Aceitou, com o compromisso de que, com a recuperação, o controle da Perdigão fosse vendido. No primeiro momento, deparou-se com prejuízo de R$ 30 a 40 milhões anuais, numa empresa que nunca fizera planejamento estratégico e na qual os dirigentes não deixavam que a equipe de funcionários, muito boa, trabalhasse. As primeiras providências foram fazer um planejamento e motivar a equipe. Chegou a empenhar seu nome e dar aval pessoal para conseguir crédito para pagar a folha de pessoal. O resultado apareceu já no primeiro ano da nova administração: lucro de R$ 15 milhões.
Com a Perdigão no caminho da recuperação, veio a outra parte da estratégia, de transferir a |
empresa para novos donos. À época da venda da empresa, foi procurado por representantes da PREVI, da Petros e da Fapes, fundo de pensão do BNDES para ajudar na negociação, que terminou com os fundos assumindo o controle acionário. Ajudou na seleção do novo presidente e foi nomeado para a presidência do conselho de administração, cargo que ocupa e no qual pretende se aposentar ainda no primeiro semestre deste ano. |
Hoje, com a Perdigão totalmente recuperada e a WEG só dando boas notícias, o grande plano de seu Eggon é dar uma freada nas atividades. Diz que, aos 77 anos, a saúde é relativamente boa, mas, como o jogador de futebol que sabe a hora de parar, pretende já sair de campo. Não quer cair na soberba de se achar insubstituível.
Pretende continuar “olhando” a holding da WEG, dando conselhos, mantendo contato com o presidente, que, por acaso, é seu filho, Décio da Silva. Mas é a hora de aproveitar mais a vida, como já fez neste ano, tirando 20 dias de férias numa praia. “Acho que toda pessoa tem um limite, tem de parar, mas não totalmente, porque se parar de uma vez morre antes do tempo”, diz esse senhor que, mesmo aposentado pelo INSS há 33 anos, só agora pensa em trabalhar menos. |
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