|nº 111| Fevereiro 06

Nesta Edição » Investimentos - Embraer - Mudança acionária
Mais forte para crescer

Operação de troca de ações dará mais liquidez a papéis, permitirá a valorização da participação da PREVI e tornará mais fácil a captação de investimentos

Em janeiro deste ano, a direção da Embraer publicou fato relevante em que expôs a intenção de sua Diretoria, aprovada depois pelo Conselho de Administração, de mudar a composição acionária da empresa, num plano que teve participação decisiva da PREVI. A idéia é trocar todas as ações por papéis com direito a voto e pulverizar seu controle. Hoje, o controle é exercido pela PREVI, pela Fundação Sistel e Cia. Bozzano, que detêm cada um 20% das ações ordinárias.

Com o formato atual, é difícil negociar esses papéis, por sua baixa liquidez, e atrair novos investidores. Isso porque as ações de controle recebem menos dividendos e só podem ser vendidas em bloco. Como existem restrições à entrada de grupos estrangeiros e a necessidade de grandes investimentos, o caminho escolhido foi o da troca dos papéis. Também porque pelo menos dois dos sócios, a PREVI e a Sistel, não poderiam fazer os novos investimentos.

A PREVI não pode ter mais de 20% do capital votante de uma empresa, e esse valor já estava superado na Embraer. Sem contar que apenas 50% de seus investimentos podem ser aplicados em renda variável, e hoje esse número está em 60%, desenquadra-mento que vem sendo corrigido.

Com a operação, que ainda tem de ser aprovada em assembléia geral de acionistas em março, os atuais controladores receberão um prêmio de 9% em cada ação que detêm. Além disso, ganham com o novo potencial de valorização que as ações passam a ter. Sem contar que as novas ações poderão ser negociadas livremente em Bolsa.

Mas um dos principais objetivos da troca é garantir novas formas de financiamento, aumento de capital e a entrada no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo. “A atual estrutura de capital é limitadora de um futuro crescimento da empresa, que atua num setor em que são necessários grandes investimentos para manter mercados e a competitividade. Com a mudança, a Embraer fica mais forte e cria condições para se desenvolver”, afirma Renato Chaves, diretor de Participações da PREVI. E as ações da empresa passam a ter maior liquidez, o que é muito bom para a PREVI.

Salvaguardas

Nas mudanças projetadas, estão sendo tomados cuidados para impedir que a empresa deixe de ser brasileira, há limitações a sócios estrangeiros e também à concentração, restringindo o voto ao equivalente a 5% das ações mesmo que a participação acionária do investidor seja maior.

O QUE MUDA

  • Todas as ações PN (preferenciais) serão transformadas em ações ON (com direito a voto).
  • O atual acordo de acionistas entre PREVI, Cia. Bozzano e Sistel será desfeito, democratizando o controle.
  • Na transição será criada nova empresa, a Nova Embraer, que ao final incorporará o nome Embraer.
  • O controle acionário será pulverizado, o direito de voto será limitado a 5%, independentemente da quantidade de ações que o investidor possuir.